Departamento de Biologia
ID: 9013
Resumo
Microplásticos são partículas plásticas que variam de 1 µm a 5 mm em área e estão espalhados por todo o planeta. No ambiente marinho, sabe-se que a presença de microplásticos é uma grande ameaça aos ecossistemas lá presentes, mas são escassos os estudos que avaliam os impactos que esses fragmentos exercem em habitats terrestres naturais, águas continentais e regiões de agricultura intensiva. Somado ao contexto multifatorial que compõem as razões para declínio populacional das abelhas, não há na literatura pesquisas de registro, descrição ou efeitos de microplásticos nesses importantes polinizadores. Diante do exposto, o objetivo desse estudo é detectar se há microplásticos no sistema digestório de operárias campeiras de Apis mellifera africanizada e estimar o número de partículas microplásticas por intestino. Para isso, 50 abelhas devem ser coletadas para retirada de seus aparelhos digestórios para digestão da matéria orgânica, que é feita em uma solução alcalina. Em seguida, as amostras passam por centrifugação e por coloração com Vermelho do Nilo e tratamento com marcador fluorescente 4',6'-diamino-2-fenil-indol (DAPI) específico para DNA. Para cada frasco preparado no momento da digestão são utilizados 5 intestinos e, para cada um, é preparado seu respectivo frasco controle contendo somente solução de digestão. O controle é adotado para apurar a presença de contaminantes nas amostras e verificar se há ou não diferenças estatísticas entre a contagem. Após serem coradas, as amostras são dispostas em Câmaras de Neubauer e submetidas à microscopia de fluorescência, onde são observadas sob os espectros de luz azul e verde. Neste momento, as amostras são analisadas para contagem de partículas através da observação em campo claro, espectro de luz azul e verde. Realizada a contagem, faz-se o cálculo do total de partículas por intestino. Desse modo, para encontrar o valor do fator de diluição, faz-se necessário o cálculo do peso médio do volume do intestino de uma abelha. Para isso, 20 indivíduos devem ser coletados para retirada dos sistemas digestórios. Cada um deles é pesado ainda úmido e, em seguida, deixado em estufa a 60°C durante 24h para exame do peso seco. Até o momento, 25 aparelhos digestórios foram dissecados e digeridos para contagem em Câmara de Neubauer. Os resultados mostram pela primeira vez na literatura a presença de microplásticos no intestino das abelhas estudadas. Embora o estudo ainda esteja em desenvolvimento, esse resultado é preocupante, visto que as abelhas já são impactadas por uma série de toxicantes oriundos de ações antrópicas e distúrbios do ambiente natural. Além disso, os microplásticos são carreadores de agrotóxicos, metais traço e outros xenobióticos prejudiciais a elas e outros seres vivos
Apresentação
ID: 9200
Resumo
Microplásticos são subprodutos do plástico, decorrentes da degradação por processos geofísicos e geoquímicos no meio ambiente, formando partículas plásticas que abrangem entre 1 µm e 5 mm após fragmentados. Os plásticos não sofrem biodegradação e, somado ao descarte negligente, são encontrados ubiquamente no planeta, seja no ar, solo ou águas, sendo considerados como contaminantes emergentes em nossos dias. Os microplásticos contaminam o ambiente global de maneira crescente desde a década de 30, sendo descritos nos ambientes de águas oceânicas desde a década de 70. Devido ao uso recorrente e não reutilização da maior parte dos objetos plásticos nas atividades diárias, estima-se que 300 milhões de toneladas de plásticos são liberados no meio ambiente anualmente. Em vista do panorama atual, da indústria de produção e da dispersão dos plásticos, a presença destes nas águas continentais e no solo, nosso grupo de pesquisa perguntou-se se os microplásticos poderiam estar sendo ingeridos por abelhas nativas sem ferrão, ante a importância destas abelhas como agentes dos serviços de polinização e, principalmente, ante a grave ameaça de desaparecimento destas abelhas devido a intoxicação por xenobióticos e degradação de seus habitats naturais. Portanto, decorrente da falta de estudos sobre o assunto na literatura atual, desenvolveu-se o projeto para analisar e detectar a presença de possíveis partículas microplásticas no sistema digestório de operárias campeiras de Scaptotrigona postica. As abelhas coletadas na Universidade Federal de São Carlos – Campus de Sorocaba foram dissecadas para retirada dos intestinos e subsequente armazenamento em frascos de vidro 10 mL, em grupos de 5 intestinos por frasco. Foi feita a imersão dos intestinos, ainda nos frascos, em uma solução de digestão composta por uma solução KOH 20% e H2O2 35%, na proporção 7:3, por 72h em banho-maria a 60 º C, a fim de digerir o conteúdo orgânico. As digestões são feitas em pares, sendo um frasco de amostra biológica e outro, o controle, com apenas solução de digestão. Após a digestão da matéria orgânica, as soluções foram transferidas para microtubos e levadas a centrifugação por 1h a 1000G. Após, as amostras biológicas e controles são coradas com corante Vermelho do Nilo e corante específico para DNA, dihidrocloreto 4’,6’-diamidino-2-fenilindol (DAPI) e, então, realizada a contagem de partículas em Câmara de Neubauer com auxílio de um microscópio de fluorescência em campo claro e sob os espectros de luz verde e azul. Os resultados possibilitarão avaliar se as partículas microplásticas estão presentes nos intestinos de abelhas e estimar a quantidade de partículas microplásticas por intestino. Estes resultados fornecerão um melhor panorama da presença do poluente em questão em abelhas, levando a respostas inéditas na ciência e novas perguntas e estudos para melhor compreensão dos efeitos da presença dos microplásticos não somente em indivíduos da espécie S. postica, mas, também, em outros insetos.
Apresentação
ID: 9010
Resumo
O cádmio (Cd) é um metal traço com elevado potencial genotóxico presente em praticamente todos os habitats onde o homem atua. Capaz de contaminar o solo, está presente em diversos produtos industrializados e agrotóxicos, potencializando os efeitos deletérios à entomofauna não alvo; especialmente às abelhas. Diante disso, o intuito deste trabalho foi verificar através eletroforese de microgel (ensaio cometa) se há alterações genotóxicas causadas pelo Cd nos núcleos das células do corpo gorduroso e células pericárdicas associadas ao vaso dorsal de abelhas neotropicais da espécie Bombus atratus. A concentração utilizada é considerada segura pelo CONAMA para todos os corpos d´água (1ppb). As abelhas foram coletadas na municipalidade de Sorocaba e mantidas em incubadora (24 N, 26 ºC, 70% umidade) por 48 horas, individualizadas em caixas para ensaios ecotoxicológicos e alimentadas com solução de sacarose 70%. Ao grupo controle foi ofertada água filtrada, e ao grupo exposto, solução de 1ppb de Cd. Após as 48 horas, o material foi dissecado e submetido às preparações para o ensaio cometa. As lâminas com gel de eletroforese contendo o material analisado permaneceram 20 min em solução de eletroforese a 36 volts (1V/cm), 300 mA. Após, foram coradas com solução de prata e analisadas através de fotomicroscópio. Foram encontrados todos os níveis de cometa nos quatro tipos celulares estudados (hemócitos, células pericárdicas, enócitos e trofócitos). No grupo controle houve a predominância de nucleóides e baixo número de cometas de quaisquer níveis, enquanto no grupo exposto, cometas de nível 3 e 4 foram os mais presentes, ou seja, a maioria dos núcleos apresentou um dano de 40% a 95% a sua cromatina. Comparando o Índice de Dano do grupo controle (904) e do grupo exposto (8599), os resultados mostraram que nas abelhas expostas o Cd provocou danos significativos na cromatina do núcleo das células estudadas; apresentando cerca de 10 vezes mais núcleos com cromatina danificada em comparação ao grupo controle. Os tecidos e células estudados estão intimamente relacionados ao metabolismo intermediário, à filtração, à desintoxicação e à resposta imunitária das abelhas. Conclui-se, portanto, que mesmo à concentração traço de 1ppb o Cd foi deletério aos tecidos e células das abelhas estudadas, provavelmente afetando todas as funções acima citadas.
Apresentação
ID: 9137
Resumo
Abelhas são importantes para a polinização de plantas silvestres e culturas agrícolas, manutenção de ecossistemas e economia mundial. A criação in vitro desses insetos é utilizada para avaliação dos efeitos dos agrotóxicos, testes patológicos de colônias e para o conhecimento de sua biologia do desenvolvimento. Contudo, a criação in vitro das larvas de abelhas pode apresentar desafios devido a produção de abelhas com castas intermediárias entre operárias e rainhas, as quais são inexistentes na natureza. A diferenciação de castas é determinada principalmente por fatores nutricionais, ou seja, pela composição e pelo volume de alimento fornecido às larvas durante a fase de alimentação. O objetivo do estudo foi compreender como a composição de uma dieta artificial larval influencia o desenvolvimento do ovário e a formação de intercastas em Apis mellifera africanizada, bem como avaliar qual dieta poderia produzir castas específicas. Foram testadas sete dietas artificiais que variaram na porcentagem dos quatro componentes (glucose, frutose, extrato de levedura e geleia real) usados no protocolo padrão da OECD Nº 237. Larvas de primeiro instar de três colônias saudáveis de A. mellifera foram transferidas para cúpulas contendo dieta artificial, conforme cada grupo experimental e mantidas em estufa B.O.D à 34ºC. A progressão dos estágios de desenvolvimento foi acompanhada até a emergência de adultos. Características morfológicas da anatomia externa das abelhas, indicativas de casta (distância entre olhos compostos, distância entre ocelos e aparelho bucal, distância entre asas e comprimentos da mandíbula e da probóscide), foram mensuradas e os ovários foram observados e categorizados em primitivo ou em desenvolvimento. As análises estatísticas foram baseadas em mortalidade larval, taxas de pupação e emergência, tempo de metamorfose, morfologia e grau de desenvolvimento dos ovários. A dieta padrão OECD manteve-se como a mais adequada para o desenvolvimento de abelhas operárias, assim como para A. mellifera europeia. Concluiu-se que o desenvolvimento do ovário é influenciado primariamente pela maior concentração de açúcares, enquanto as taxas de sobrevivência e metamorfose pelo volume de dieta. As dietas artificiais modificadas mantiveram as características externas dos indivíduos com ovários em desenvolvimento semelhantes a casta de operárias e criaram apenas operárias como uma casta específica, sendo necessário o desenvolvimento de estudos futuros para adaptações metodológicas para criação de rainhas. O estudo pode ser considerado como uma etapa precursora para construção de protocolos de alimentação que originem abelhas rainhas, cuja metodologia ainda não é completamente estabelecida.
Apresentação
ID: 8809
Resumo
A Cromatografia Circular de Pfeiffer (CCP) é um indicador qualitativo do solo, de baixo custo, acessível e tem mostrado grande potencial nos estudos em Agroecologia. Dentre os diversos tipos de manejos agroecológicos existem os Sistemas Agroflorestais (SAF), que são um conjunto de práticas agrícolas que reproduz os processos ecológicos da floresta unido a produção de alimentos ao mesmo tempo que restaura a qualidade do solo e serviços ecossistêmicos. Para monitorar as mudanças provocadas pelo manejo agroflorestal no solo são utilizados indicadores da qualidade do solo, com destaque para os bioindicadores, principalmente os microrganismos, que respondem rapidamente às mudanças ambientais. Á vista disto, o objetivo deste trabalho foi analisar a qualidade do solo de um Sistema Agroflorestal com diferentes formas de manejo, durante o período de 12 meses, utilizando indicadores microbiológicos e parâmetros químicos do solo, correlacionados com a CCP. A área de estudo localiza-se no campus da UFSCar Sorocaba-SP dividida nas seguintes parcelas: SAF controle, SAF manejado, Área de Pousio e Fragmento de Mata Atlântica. No SAF manejado foi aplicado manejo agroflorestal uma vez por mês, durante 12 meses, enquanto o SAF controle permaneceu sem nenhuma intervenção de manejo durante todo o período do experimento. As amostras de solo foram coletadas nas profundidades de 0-10 cm e 10-20 cm, nas estações seca e chuvosa. Analisou-se as amostras de solo utilizando a CCP e os seguintes indicadores: bactérias heterotróficas mesófilas totais, fungos totais, pH, umidade e matéria orgânica. Para a CCP, utilizou-se papel de filtro Whatman Nº 4, hidróxido de sódio a 1%, nitrato de prata a 0,5% e 10 dias de revelação indireta com a luz solar. Tanto para bactérias quanto para os fungos foi realizada contagem das Unidades Formadoras de Colônia (UFC/g de solo), sendo os meios de cultura Plate Count Ágar e Sabouraud, respectivamente. Não foram encontradas diferenças significativas entre as profundidades de amostragem 0-10 cm e 10-20 cm para todos os indicadores em todas as parcelas amostradas. Constatou-se que não houve diferença significativa entre o SAF controle e o SAF manejado, no período estudado, para todos os indicadores analisados. A CCP, as bactérias heterotróficas mesófilas totais e os fungos totais mostraram-se sensíveis a sazonalidades entre as estações seca e chuvosa. Houve correlação positiva demonstrado pela zona central (zona de aeração) da CCP, com matéria orgânica (r=0,93) e umidade do solo (r=0,95). Dessa forma, a intensidade do manejo aplicado no SAF Experimental não foi suficiente para causar mudanças significativas na qualidade do solo, durante o período avaliado.
Apresentação
ID: 8884
Resumo
Introdução
Muitos dos efluentes urbanos brasileiros chegam em seus corpos hídricos, principais reservatórios de água potável, sem tratamento. A contaminação ambiental, por diferentes tipos de substâncias químicas, e, suas respectivas combinações, é um dos principais problemas a ser enfrentado e que traz consequências aos organismos que ali vivem. Diversos contaminantes podem afetar o ecossistema aquático, dentre os quais podem-se citar os agroquímicos, estrogênios e os metais, logo, a realização de ações de monitoramento acaba tornando-se necessária para possibilitar o manejo correto dessas áreas.
Nessa perspectiva, os efeitos de substâncias tóxicas sobre estes organismos podem ser avaliados e monitorados utilizando os biomarcadores (ou endpoints), alterações biológicas que expressam a exposição e/ou o efeito tóxico de contaminantes no ambiente refletindo na resposta do organismo que pode ser comportamental, fisiológica, celular, bioquímica ou molecula. Os biomarcadores, portanto, podem auxiliar na descrição e compreensão dos mecanismos de adaptabilidade frente aos estressores ambientais.
Objetivo
Avaliar o potencial do uso dos biomarcadores como: níveis de LPO (lipoperoxidação), PCO (proteínas carbonilas) e da MT (metalotioneína) no fígado; atividade da NOS (óxido nítrico sintase) e da AChE (acetilcolinesterase) no cérebro de Danio rerio no monitoramento da qualidade da água do rio Sorocaba.
Metodologia
O modelo experimental seguiu quatro etapas metodológicas, sendo elas:
- Coleta das amostras de água do rio Sorocaba em dois pontos geográficos diferentes, mas hidrograficamente relacionados, o primeiro (P1) próximo à cidade de Ibiúna e o segundo na barragem do Reservatório de Itupararanga (P2).
- Exposição dos organismos modelos (D. rerio) a essas amostras de águas, juntamente com o controle, durante um período de 96h.
- Anestesiamento e retirada dos órgãos, fígado e cérebro, dos animais.
- Análises laboratoriais personalizadas para cada biomarcador estudado.
Tal metodologia foi seguida em dois momentos diferentes, Agosto (período seco) e Março (período chuvoso).
Resultados
Para o período chuvoso, os resultados laboratoriais registraram quedas significativas, em relação ao grupo controle, nos níveis da Metalotioneína (MT) e da óxido nítrico sintase (NOS) para P1.
No período seco, os biomarcadores da acetilcolinesterase (AChE) e da NOS tiveram suas atividades reduzidas em P2, pari passu, houve um aumento siginificativo dos níveis das proteínas carbonilas (PCO), em P1, e da MT, em P1 e P2.
Por fim, não houve alterações siginificativas registradas para o biomarcador da lipoperoxidação (LPO) em ambos os períodos.
Conclusões
Os resultados experimentais, bem como suas análises, mostraram haver possíveis agentes e compostos que podem provocar efeitos e reações tóxicas para o ecossistema formado pelas águas do rio Sorocaba, tendo seus efeitos potencializados durante os períodos de tempos secos se comparados aos períodos de tempos chuvosos.
As metodologias empregadas para AChE, PCO, MT e NOS mostraram-se potencialmentes eficientes no uso como biomarcadores para a avaliação de estresse oxidativo e fisiológico para a espécie modelo (D. rerio).
A resposta do biomarcador LPO, ao decorrer das análises laboratoriais, levantou a necessidade de mais investigações metodológicas para uma melhor elucidação dos resultados obtidos.
Apresentação
ID: 9202
Resumo
O declínio de populações de Apis mellifera é um problema global relatado ao longo dos anos. As causas são atribuídas a diversos fatores, tendo como exemplo o uso indiscriminado de agrotóxicos neonicotinóides e doenças, como a causada pelo endoparasita intestinal Nosema ceranae. Devido à diminuição citada, estudos com abelhas sem ferrão vêm ganhando destaque, como trabalhos com Tetragonisca angustula, popularmente conhecida como jataí, a qual compartilha recursos florais com A. mellifera e pode ser infectada pelos mesmos parasitas que afetam a espécie exótica, além de também estarem expostas aos efeitos dos agrotóxicos. Dessa forma, esse estudo visa buscar maior entendimento dos efeitos do neonicotinóide imidacloprido, na histologia do cérebro, intestino e túbulos de Malpighi de A. mellifera, além da infecção por N. ceranae isolada e em conjunto com o inseticida, considerando os mesmos órgãos. Adicionalmente, este estudo se aprofundou sobre a possibilidade de transmissão vertical de N. ceranae por esporos provenientes de A. mellifera africanizada para a espécie nativa T. angustula. Para a análise dos órgãos de A. mellifera, lâminas foram montadas com cortes histológicos de 6 grupos experimentais, e coradas por Xilidine Ponceau e Sudan Black. Era esperado que não houvesse marcação por Sudan Black no cérebro, no entanto, o grupo N+CL50/1000 apresentou uma marcação mais intensa positiva aos lipídios nos corpos pedunculados. Para total compreensão dos efeitos da contaminação por imidacloprido e da infecção por N. ceranae, é necessário que o restante das lâminas seja analisado. Para a avaliação da transmissão vertical de N. ceranae, 34 indivíduos de jataí de três colônias diferentes não-irmãs foram alimentados com extrato de esporos frescos provenientes de A. mellifera por 24h ad libitum e, após 12 dias, tiveram seus abdomens macerados para formação de extrato de esporos submetido a contagem em câmara de Neubauer. Cinco campos foram utilizados na contagem para estimativa da concentração de esporos por abelha de cada colônia. A média, considerando as três colônias, foi de 325.000 ± 94.372,93 esporos/abelha. Apesar da presença de N. ceranae, é necessária análise histológica para confirmação da infecção no epitélio intestinal, a ser realizada na próxima etapa do projeto. Ressalta-se que, mesmo se a infecção não for positiva, T. angustula pode tornar-se vetor da nosemose.
Apresentação
ID: 9537
Resumo
Presente em seis continentes, a Ordem Unionoida é a de maior irradiação entre os bivalves de água doce - dentro dela está a família Mycetopodidae, que possui distribuição abundante pela América do Sul e Central. Nessa família está Anodontites trapesialis, que possui manto fundido, conchas grandes e trapezoidais, perióstraco liso e é exclusivo de água doce. Considerando sua relevância, as dificuldades envolvidas na identificação da espécie e a ampla distribuição desta (que está presente em 59,6% das bacias sul-americanas e em todas as bacias brasileiras), a presente Iniciação Científica analisou e comparou morfometricamente indivíduos de A. trapesialis advindos de diferentes bacias, buscando selecionar características conquiliológicas que auxiliassem na identificação da espécie, além de informações morfológicas e biogeográficas relevantes. As coleções utilizadas foram: MZUSP, UFMT, Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica e CIB (UFSCar). Dos indivíduos utilizados, 35 pertenciam à Bacia do Paraguai, 32 à do Paraná, 18 à do Uruguai, 18 à do Atlântico Sul e 15 à Amazônica. Foram feitos registros fotográficos da face interna esquerda de cada um dos espécimes, onde se encontravam os landmarks (10 ao total). Com o software TPSDIG, os landmarks foram digitalizados e as coordenadas x e y de cada landmark foram obtidas. Já com o software MorphoJ, esses pontos foram sobrepostos através da GPA (Análise Geral de Procrustes), separando as componentes de tamanho e forma, e foi gerada uma matrix das coordenadas de Procustes, utilizada, posteriormente nas análises estatísticas. As análises estatísticas realizadas foram: Procrustes Anova, Análise dos Componentes Principais (PCA), Análise de Variáveis Canônicas (CVA, diferenciação máxima da forma da concha), Análise de Discriminante com validação cruzada e Distância de Mahalanobis. A Procrustes Anova indicou diferenças significativas entre as populações de acordo com a latitude (F=4,87 p<0,0001), já a PCA apontou que os eixos que mais explicam a diferença de formato das conchas são o 1 (40,918% de variação) e 2 (16,588%). A CVA resultou em 2 eixos principais, e o eixo 1 (forma) explicou 51,356% da variação - a análise mostrou grande diferença entre os grupos das Bacias do Uruguai e Paraguai e sobreposição de outros. A Análise de Discriminante apresentou altas porcentagens de identificação, confirmando a CVA (porcentagens maiores representam os grupos com maior distanciamento, resultando em 100% quando comparados Uruguai e Paraguai), e mostrou que as conchas das Bacias do Paraguai e Amazônica são mais altas. Para a Mahalanobis, a maior diferença se encontra entre as populações da Bacia Amazônica e do Atlântico Sul, condizendo com a maior distância geográfica. A análise de regressão entre o tamanho do centróide e o primeiro eixo da CV1 não evidenciou diferenças na forma influenciadas pelo tamanho. Por fim, o presente estudo levou à conclusão de que existem diferenças entre populações das diferentes bacias, como alturas maiores (Paraguai) ou menores (Paraná), com formatos mais próximos entre si (Atlântico Sul/Uruguai) ou distantes (Uruguai/Paraguai), mas não há uma correlação significativa entre variações de formato e tamanho.
Apresentação
ID: 9223
Resumo
Os marsupiais são importantes componentes da fauna brasileira, estando presentes em todos os biomas do país, todavia informações sobre a distribuição geográfica do grupo ainda são escassas, principalmente devido ao fato desse conhecimento se encontrar disperso em inúmeras publicações. Sendo assim, o presente estudo pretendeu atualizar a distribuição de todas as espécies de marsupiais que possuem ocorrência no Brasil. Foi feita uma extensa revisão bibliográfica utilizando artigos científicos, livros e checklists publicados a partir de 2012. Para dados anteriores, foram consideradas as informações presentes no livro “Marsupiais do Brasil: biologia, ecologia e conservação”. Foram também levantados dados de espécimes depositados nos acervos científicos do Laboratório de Diversidade Animal da Universidade Federal de São Carlos – campus Sorocaba (LDA) e da Coleção de Mamíferos do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP). As coordenadas geográficas dos registros foram adquiridas a partir dos artigos utilizados, dos dados disponíveis nas coleções visitadas, ou pesquisadas em plataformas digitais. As coordenadas foram utilizadas para confecção de 33 mapas de distribuição para os 15 gêneros de marsupiais presentes no Brasil. Foram consideradas um total de 71 espécies de marsupiais com ocorrência no Brasil, 15 espécies a mais desde 2012. Esse aumento do número de espécies se deu devido ao estudo sistemático de vários gêneros, que passaram por revisões taxonômicas, ou que tiveram algumas de suas populações melhor estudadas nos últimos anos, são eles: Cryptonanus, Gracilinanus, Marmosa, Marmosops, Metachirus, Monodelphis e Philander. Das 71 espécies, 40 apresentaram um aumento em sua área de distribuição, 22 apresentaram uma distribuição completamente nova, duas tiveram a distribuição reduzida, e sete não apresentaram mudanças na área de distribuição. Ainda, foi registrado que 12 espécies apresentaram ocorrências em novos biomas. Em suma, o presente estudo atualizou a distribuição geográfica das espécies de marsupiais com ocorrência no Brasil, fornecendo informações básicas sobre a riqueza e diversidade do grupo, e servindo de base para estudos biogeográficos, filogenéticos e de reconstrução da distribuição e da história evolutiva das espécies de marsupiais na América do Sul.
Apresentação
ID: 9534
Resumo
Este projeto teve como intuito identificar a presença de xenobióticos e como eles afetam o fígado de girinos de rãs-touro por meio de biomarcadores moleculares que participam do controle do estresse oxidativo, sendo realizado o diagnóstico da toxicidade apresentada por amostras de água do Rio Sorocaba. Os biomarcadores monitorados foram as enzimas GPx (glutationa peroxidase) e GST (glutationa S-transferase), além de um tripepítideo GSH (glutationa reduzida). A metodologia empregada consistiu na coleta de água do Rio Sorocaba em dois pontos P1 e P2 (Ibiúna e represa de Itupararanga, respectivamente) e em dois períodos (Março – verão e Setembro - inverno), posteriormente levadas ao laboratório para a exposição dos girinos durante 96h e dividida em pequenas amostras para a análise de metais em uma empresa privada. Após a exposição dos animais (96h) houve a coleta dos órgãos que foram preparados para as análises bioquímicas das atividades das enzimas e do tripepítideo. Para as análises bioquímicas das amostras de fígado foi utilizado o método de espectrofotometria, medindo a absorbância das amostras e as utilizando em análises estatísticas em softwares (Excel e R). Os resultados obtidos foram os seguintes: a análise das amostras de água enviadas para empresa privada registrou os metais Alumínio (Al), Cobre (Cu), Manganês (Mn) e Zinco (Zn) nos dois pontos e períodos. Foram realizados gráficos para uma melhor visualização e comparação. A concentração e as atividades das moléculas apresentaram resultados interessantes, a GSH aumentou significativamente no grupo do P2 no período chuvoso em comparação com o controle, a GPx sofreu uma alteração sazonal aumentando sua atividade no período seco e em relação ao seu controle. Por fim, a atividade de GST no período chuvoso no P1 foi estável e no P2 uma queda em relação ao grupo controle e no período seco houve um aumento na atividade dos dois pontos em relação ao grupo controle. Este estudo demonstrou que os girinos foram sensíveis a água do rio Sorocaba mesmo em uma exposição aguda (96h) e com os metais em concentrações consideradas seguras pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA 357/2005).
Apresentação
ID: 9042
Resumo
A educação ambiental é um componente transversal que deve ser trabalhado em todos os níveis de ensino de forma a tornar possível a compreensão do ambiente natural, social e político, conscientizando as populações para a importância da preservação do meio ambiente e a luta por uma sociedade mais sustentável e justa. A abordagem das questões ambientais locais e as discussões entre os sujeitos da educação buscando a superação das realidades socioambientais são essenciais para a construção de conhecimento crítico, libertador e transformador. Assim, este trabalho busca analisar as condições socioambientais do bairro do Éden, em Sorocaba-SP, levantando a questão da poluição hídrica em um córrego afluente do Rio Pirajibu-Mirim, onde durante o período de seis meses foram coletadas amostras de água bimestralmente para realização de ensaios físico-químicos como condutividade, demanda química de oxigênio (DQO), metais totais, pH, turbidez e avaliações de microfauna presente utilizando microscópio óptico, sendo verificado que o lançamento de efluentes e resíduos alterava os parâmetros físico-químicos e ecológicos desse ambiente. As informações coletadas foram utilizadas no desenvolvimento de um reator em dimensão de bancada para tratamento biológico de efluentes por lodos ativados através de aeração mecânica por microbolhas, sendo avaliado o potencial de tratamento das águas deste córrego no sistema por meio de valores de eficiência na redução de DQO e turbidez, onde foi encontrado baixa eficiência (28%) na redução de DQO e boa eficiência (73%) na redução de turbidez nas amostras obtidas. A estação de tratamento de esgoto de bancada é proposta a ser utilizada no ambiente escolar no ensino de ciências e biologia em metodologias pedagógicas progressistas, demonstrando grande potencial educativo pois teve boa eficiência na redução da turbidez, um parâmetro cujo a redução pode ser vista facilmente. Devido ao fechamento das escolas durante a pandemia, o potencial uso da estação de tratamento de esgotos à nível de bancada não foi testado. Com base na metodologia de temas geradores, estações de bancada utilizando a metodologia escolhida com capacidade de diminuição da turbidez da água podem servir como ferramentas para discussões e processos de construção de descoberta, educação ambiental e visão sócio-política do ambiente urbano-natural e o papel do homem nele.
Apresentação
ID: 9535
Resumo
O molusco bivalve Anodontites trapesialis (Lamarck, 1819) é um excelente filtrador e, portanto, ótimo bioindicador da qualidade ambiental, o que torna o entendimento de suas estruturas da cavidade do manto essencial. O objetivo desse trabalho foi estudar a anatomia funcional dessa espécie, visando ampliar a utilização do bivalve em estudos de conservação aquática, bem como auxiliar em sua conservação. Essa espécie tem sido extensivamente estudada, porém análises preliminares realizadas pelo grupo de estudo em macroinvertebrados bentônicos da UFSCar, campus Sorocaba demonstraram que algumas particularidades da cavidade palial ainda não haviam sido descritas. Para o estudo da morfologia e anatomia funcional de A. trapesialis foram dissecados 7 exemplares e partículas de Carborundum foram inseridas na cavidade do manto. As correntes ciliares observadas nos ctenídios e nos palpos labiais foram comparadas a descrição realizada por Hebling (1976). A anatomia desses animais foi comparada com exemplares preservados em álcool e depositados no MZUSP. Os ctenídios são eulamelibrânquios com pregas largas e filamentos iguais. As correntes ciliares variaram de acordo com a região do ctenídio e algumas diferenças entre o que está descrito na literatura pode ser observado. Na lamela ascendente da demibrânquia interna foi observada que as partículas podem seguir dois caminhos: podem ser encaminhadas para a corrente oral no sulco marginal da demibrânquia interna, desde que as partículas sejam capturadas na região mediana na lamela; ou as partículas que caem na região mediana dorsal são levadas para a região dorsal do ctenídio e para a corrente de rejeição do manto. Um sulco na margem ventral da demibrânquia externa, nunca descrito na literatura para a espécie, também foi observado. Esse sulco é raso, comparado com o sulco oral da demibrânquia interna, conta com pouca profundidade e não possui corrente, mas auxilia na captura de partículas que escapam do sulco oral da demibrânquia interna, devido ao excesso de partículas e da força da corrente de água. Uma membrana alimentar entre as demibrânquias estava presente todos os animais dissecados. Essa membrana auxilia na formação de um canal alimentar, recobrindo-o e protegendo as partículas armazenadas que serão direcionadas para os palpos labiais. As correntes já descritas por Hebling (1976) para os palpos labiais também foram observadas no presente trabalho. Os espécimes preservados em álcool apresentaram grande divergência em tamanho, cor e formato da concha, mas com morfologia semelhante, incluindo a presença da membrana alimentar ainda não descrita. As conchas desses animais variam muito de acordo com o local em que elas se encontram. É necessário maior levantamento de dados tanto na natureza quanto em museus.
Apresentação
ID: 9166
Resumo
Pomacea figulina (Spix in Wagner, 1827) é uma espécie de gastrópode de água doce capaz de reproduzir-se o ano todo em laboratório. A ovoposição ocorre acima do nível de água, e a eclosão ocorre após cerca de 15 dias. Alimentam-se de vegetação aquática, mas são considerados como generalistas. Possuem curto ciclo de vida e rápido crescimento, apresentando grande potencial para atuar como indicador em bioensaios ecotoxicológicos. Os bioensaios devem ser padronizados para garantir sua reprodutibilidade, e Organizações como a International Organization for Standardization encarregam-se de desenvolver protocolos de testes de toxicidade utilizando organismos modelos. O objetivo desse projeto foi obter uma dieta que permita maior crescimento e sobrevivência a P. figulina, auxiliando na formação de um protocolo para criação da espécie, para utilizá-la como organismo bioindicador. As desovas de P. figulina, coletadas na Represa de Itupararanga, foram inseridas em bandejas com água e isopor, reservadas em uma incubadora BOD a 24ºC. Após a eclosão, os animais foram mantidos no local por mais sete dias, e então foram transferidos a aquários tipo beteiras para aclimatação. As beteiras foram inseridas em caixas organizadoras contendo um termostato a 24ºC. Cada beteira foi preenchida com 1 litro de água tratada, e esta era trocada três vezes por semana, sendo uma troca parcial. Para aumentar a dureza da água, aplicou-se 340 mg de CaSO4 172,17g/mol. A alimentação individual era de 0,07g, com oferta constante. A dieta 1 consistia de couve orgânica picada; dieta 2, ração para peixes, e dieta 3, uma mistura de 75% ração e 25% couve. O comprimento dos animais foi medido semanalmente, do ápice da concha até sua extremidade oposta mais distante, utilizando uma câmera associada a um estereomicroscópio. Mediu-se a amônia e dureza da água com testes para aquário, e pH, com um pHmetro semanalmente. Além disso, duas beteiras foram selecionadas aleatoriamente para medidas diárias de amônia. Para obter as taxas de crescimento utilizou-se a fórmula: G = (Wt – Wi ) / t; G = taxa de crescimento; Wt = tamanho no período de amostragem; Wi = tamanho inicial; t = tempo (semanas). As taxas de crescimento foram inseridas no software Past, onde realizou-se análises tipo One-way ANOVA, Tukey e Shapiro-Wilk. A taxa de sobrevivência de cada tratamento foi calculada através do percentual de animais vivos ao final do experimento. O teste Anova também foi aplicado a esse dado. Somente o tratamento 1 não apresentou uma distribuição normal. Os tratamentos 2 e 3 apresentaram maior crescimento. Houve variabilidade de médias entre os tratamentos de acordo com o teste ANOVA. O teste Tukey detectou diferenciação somente no tratamento 1. O tratamento 1 apresentou menor mortalidade. O Teste Tukey detectou uma diferenciaça na sobrevivência no tratamento 3. Tratando-se da amônia, no tratamento 1 a média obtida foi de 0,057 ppm, enquanto para o tratamento 2 foi de 0,780, e para o tratamento 3 obteve-se a média de 0,407. Portanto, as dietas 2 e 3, por possuírem maior quantidade de proteínas, apresentaram melhor taxa de crescimento para P. figulina.
Apresentação
ID: 9242
Resumo
A síndrome conhecida como CCD (Colony Collapse Disorder) é uma das causas multifatoriais que vem trazendo um declínio populacional nas abelhas Apis mellifera, sendo um dos possíveis agentes causadores o patógeno Nosema ceranae. Experimentos envolvendo esse endoparasita geralmente são realizados em abelhas adultas, apesar de estudos recentes mostrarem que também é possível larvas serem infectadas. Ainda não houve avaliações sobre o intestino dessas abelhas adultas emergentes após infecção das larvas inoculadas com esporos. Também é válido ressaltar que todas investigações acerca da N. ceranae em larvas foram efetuadas em Apis mellifera europeia, sendo que ainda não se sabe se essa infecção pode ocorrer no poli híbrido A. mellifera africanizada. Portanto, os objetivos do presente estudo foram: avaliar se a alimentação larval com esporos de Nosema ceranae infecta A. mellifera africanizada; identificar a influência da exposição via oral de acordo com as diferenças etárias no período larval e o modo/tempo de exposição; analisar o desenvolvimento larval até a emergência dos adultos. Com essa finalidade, larvas de primeiro instar foram transferidas para condições in vitro e receberam esporos de N. ceranae na dieta artificial, a partir do 3º instar larval. Posteriormente, a taxa de infecção foi medida a partir da maceração dos indivíduos e contagem dos esporos na câmara de Neubauer. Os dados quantitativos foram submetidos ao software R resultando nos gráficos com as taxas de mortalidade e de emergência. Algumas amostras de intestino médio também foram coletadas de abelhas recém-emergidas, fixadas e processadas para análise histológica do órgão e visualização dos esporos por imunofluorescência. Os resultados demonstraram que a exposição larval via oral não infectou a Apis mellifera africanizada, uma vez que não foram encontrados indicativos da presença de esporos nas condições experimentais adotadas. Assim, mais estudos são necessários para auxiliar o delineamento da rota natural de infecção por Nosema em Apis mellifera africanizada, uma vez que, a partir da compreensão das interações entre patógeno e hospedeiro, é possível realizar o desenvolvimento de estratégias para combater essa doença.
Apresentação
ID: 8849
Resumo
As indústrias cervejeiras geram resíduos orgânicos, como o bagaço de malte, que é umabiomassa lignocelulósica, que pode ser utilizada como substrato na obtenção de produtos deinteresse comercial. Sua estrutura é complexa e composta por fibras de celulose, hemicelulosee lignina. Por conta disso, é necessária a aplicação de pré-tratamentos para a liberação dehexoses e pentoses, que podem ser utilizadas como fonte de carbono em processosbiotecnológicos. Dentre os produtos de interesse comercial destaca-se os biossurfactantes, quesão compostos versáteis produzidos pelos microrganismos, capazes de reduzir a tensãosuperficial e interfacial, além de formarem emulsões estáveis. No entanto, substratosalternativos vêm sendo estudados para reduzir os custos da produção dentre esses substratos obagaço de malte não foi estudado. O objetivo deste trabalho foi realizar a caracterizaçãofísico-quimica da biomassa, aplicar diferentes pré-tratamentos para a liberação de açúcaresfermentescíveis e avaliar a produção de biossurfactante pela levedura Rhodotorulamucilaginosa a partir do hidrolisado do bagaço de malte. A caracterização do bagaço de maltein natura foi feita quanto ao teor de umidade antes e pós-secagem (80 e 4,1%), teor de lignina(29,25%), conteúdo proteico (6,43%), teor de cinzas (4,22%), pH (6,06), teor de celulose(holocelulose – 47,37% – hemicelulose – 23,08% – e alfa-celulose – 24,29%) e determinaçãode açúcares totais solúveis e redutores (1,065 e 0,98%). Após os diferentes pré-tratamentos osaçúcares redutores (celobiose, glicose, xilose e arabinose) foram quantificados porcromatografia líquida de alta performance, obtendo-se maiores valores no pré-tratamentoalcalino em micro-ondas seguida de hidrólise enzimática (181 mg de açúcar/ g de bagaço demalte). As frações sólidas do bagaço foram analisadas em microscopia eletrônica de varredura(MEV), e observou-se modificações na superfície em resposta aos pré-tratamentos. Aespectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) foi realizada emamostras líquidas e sólidas, para à análise de grupos funcionais presentes, que comprovaram adegradação da lignina e a quebra da celulose. Realizou-se um planejamento experimental emdiferentes condições de temperatura (20, 25 e 30ºC), pH (4, 5 e 6), concentração de açúcares(1, 2,5 e 4%) e rotação (120, 160 e 200 rpm), estes foram incubados em agitador orbital por72 horas. O hidrolisado obtido foi utilizado para produção de biossurfactante, nas condiçõesotimizadas (30ºC, 120 rpm, 2,5% de açúcar e pH 4) avaliando o índice de emulsão. Ocrescimento da levedura foi avaliado durante a fermentação, os resultados mostraram que alevedura cresceu mais no meio com hidrolisado do bagaço de malte do que em meio comglicose industrial. O sobrenadante obtido foi capaz de emulsificar o óleo de soja (64,4%), óleode motor (62,2%), querosene (67,4%) e óleo diesel (56,81%), permaneceu estável de 20 a100ºC, pH de 4 a 12 e salinidade de 5 a 100 g/L, em proporção 1:2 (salina:sobrenadante). Obiossurfactante extraído apresentou caráter aniônico e foi eficiente no espalhamento de óleo ecolapso de gota. Isso comprovou a presença de moléculas com propriedades emulsificantes,mostrando que o bagaço de malte pode ser utilizado como fonte de carbono para produção debiossurfactante pela R. mucilaginosa.
Apresentação
ID: 9276
Resumo
Espécies de Pinus são plantadas no Brasil tanto para produção de madeira como de resina. Esta é utilizada nas indústrias química e farmacêutica, porém, são raros os estudos que compararam as espécies quanto à qualidade da resina, principalmente sobre proporção dos seus componentes básicos, que são o breu e a terebintina. Esse estudo teve o intuito de quantificar os componentes da resina em dez espécies de Pinus, para em seguida propor a hibridação entre espécies visando alcançar resina com maior proporção de terebintina. Analisou-se 89 amostras de resina de dez espécies de Pinus. As amostras foram coletadas no período entre a primavera e o outono (início de setembro até o final de maio). As espécies foram P. elliottii, P. caribaea var. hondurensis, P. caribaea var. bahamensis, P. caribaea var. caribaea, e o híbrido P. elliotti x P. caribaea var. hondurensis, P. echinata, P. oocarpa, P. merkussi, P. massoniana e P. patula. Dessas, P. elliotti, P. caribaea var. hondurensis e o híbrido dessas duas espécies são plantadas comercialmente no Brasil, e P. massoniana na China. O processo de análise das resinas consistiu em comparar o peso de uma amostra de resina antes e depois de um período de cerca de 6h em estufa com temperatura entre 170°C e 200°C. Sendo este um processo fechado, no qual não há entrada de água na resina, a diferença de peso corresponde à terebintina, que é a parte volátil. Além das proporções de breu e terebintina, comparou-se as espécies quanto à produção total de resina e de terebintina, avaliando também as variações de DAP. A espécie P. merkusii destacou-se pela maior proporção média de terebintina (44,6%). Pinus oocarpa (38,8%) e P. massoniana (37,1%) também apresentam uma média de produção maior que as demais espécies, cuja produção de terebintina variou entre 16% e 25%. Os resultados indicaram que não parece haver associação entre proporção de terebintina e quantidade de resina produzida. As espécies comerciais P. caribaea var. caribaea, P. elliottii e P. elliotti x P. caribaea var. hondurensis foram as que produziram maior quantidade de resina, mas com menor proporção de terebintina. E os valores de DAP variaram entre 17,7 cm e 38,8 cm, decorrente das variações de idade dos indivíduos devidas a diferenças entre os plantios. A partir desses resultados, recomendamos a hibridação entre as espécies mais produtivas de resina e as espécies que se destacaram para a produção de terebintina. Essa estratégia possivelmente auxiliará no desenvolvimento de híbridos mais atrativos para o mercado.
Apresentação
ID: 8939
Resumo
A industrialização e urbanização extensivas têm aumentado a concentração de contaminantes no ambiente aquático e estudos relatam efeitos adversos nos organismos aquáticos expostos a águas contaminadas. Esse trabalho investigou no fígado, rim e músculo de girinos de rãs-touro, Lithobates catesbeianus se a exposição a água do rio Sorocaba altera a atividade das enzimas catalase (CAT),
superóxido dismutase (SOD) e causa estresse oxidativo por alteração nos níveis de peroxidação lipídica (LPO) prejudicando assim, a manutenção de suas necessidades básicas como crescimento e reprodução. Para tanto, grupos de animais foram expostos durante 96 h a água do rio Sorocaba em dois períodos
inverno (agosto) e verão (março) e em dois locais do rio, Ibiúna (P1) e represa de Itupararanga (P2). Os resultados da análise da água registraram a presença de alumínio (Al), Cobre (Cu), Manganês (Mn) e zinco (Zn) nos dois pontos do rio Sorocaba e nos dois períodos de exposição, no verão, inicialmente, todos os
parâmetros analisados estavam dentro dos limites estabelecidos pela resolução brasileira, CONAMA 357/05, já no inverno, inicialmente todos os valores estavam de acordo com a legislação, com exceção dos níveis de alumínio no ponto 1. Houve diferença significativa nos parâmetros bioquímicos do fígado, rim e músculo nos girinos entre os dois pontos (P1 e P2) e períodos comparados com o controle. No fígado, os maiores efeitos foram observados em animais expostos à água do P2. No P2, durante o inverno, houve diminuição da CAT e SOD, enquanto que no verão a CAT aumentou e a SOD diminuiu em ambos os pontos, LPO não variou entre os tratamentos, somente entre os períodos. No rim, a atividade da CAT aumentou e os níveis de LPO diminuíram em ambos os pontos
no inverno e no verão, CAT e SOD diminuíram em P1 e P2 e LPO somente em P2. No músculo houve aumento da CAT, SOD e LPO em ambos os pontos no verão e, no inverno SOD e LPO diminuíram em P1 e P2 e a CAT diminuiu somente em P2. Os biomarcadores selecionados mostraram um quadro de estresse oxidativo e esses resultados destacam a importância de se investigar vários tecidos devido a função e sensibilidade de cada órgãos e, especialmente
nos casos de contaminação por metais, e evidência que mesmo rios que estão dentro das normas estabelecidas pelo CONAMA, podem apresentar riscos aos animais ali presentes.
Agência de financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CNPq).
Apresentação
ID: 9022
Resumo
O gênero Marmosops apresenta uma dicotomia basal, cujo subgênero Marmosops divergiu de Sciophanes há cerca de 9 Ma. Estas linhagens possuem uma longa história evolutiva culminando num padrão amplo de distribuição geográfica e elevada divergência genética. O subgênero Marmosops compreende uma grande diversidade de espécies, atualmente subestimada, dado o reconhecimento de complexos de espécies. Estudos moleculares recentes mostram a necessidade de melhor estabelecer os limites de espécies nestes complexos e suas relações de parentesco. Foram estudados dois complexos de espécies: M. ocellatus (Tate, 1931) e M. noctivagus (Tschudi, 1845), a fim de acessar a variabilidade genética, investigar o número de linhagens, e delimitar a distribuição geográfica. O táxon nominal M. impavidus (Tschudi, 1845) é considerado um nomen dubium, e os exemplares anteriormente tratados como M. impavidus foram recuperados como parte do complexo M. ocellatus, por isso foram tratados como tal. Análises comparativas de Inferência Bayesiana e Máxima Verossimilhança foram realizadas com o marcador mitocondrial CYTB para 30 sequências inéditas e 94 sequências disponíveis no GenBank. Através das análises foi recuperada a monofilia do gênero Marmosops, a dicotomia basal dos subgêneros, três grandes clados (A, B e C) dentro do subgênero Marmosops, cinco clados internos para M. ocellatus (A, B, C, D e E) e quatro clados internos para M. noctivagus (A, B, C e D). Para M. ocellatus foi observada uma divergência genética de até 12,39% (K2P) entre as linhagens, cujas relações não foram bem estabelecidas devido ao baixo suporte estatístico. Os limites da distribuição geográfica foram ampliados para o leste em M. ocellatus A e M. ocellatus B, e uma nova linhagem foi recuperada (M. ocellatus D) ao norte do Rio Amazonas. Para M. noctivagus, as relações entre as linhagens apresentaram alto suporte e a divergência genética entre elas foi de até 8,32% (K2P). Uma grande lacuna amostral no interior da região amazônica foi preenchida para M. noctivagus C e os limites de sua distribuição geográfica foram ampliados para norte e sul, apresentando o único registro desta linhagem ao norte do Rio Amazonas – evidenciando que este rio não atuou como barreira ao fluxo gênico nestas populações – e os primeiros registros em biomas além da Amazônia (Cerrado e transição entre Cerrado e Floresta Seca). A vegetação parece ser um fator limitante para M. ocellatus dado que seus limites de distribuição se dão em áreas de transição de Cerrado e Amazônia e alguns rios parecem ter atuado como barreiras geográficas para a diferenciação das linhagens. Já M. noctivagus ocorre em diferentes tipos de vegetação, então outros fatores devem ter atuado na diferenciação destas linhagens, as quais apresentam um padrão no sentido leste para oeste de diferenciação, com alguns rios atuando como barreira geográfica. Portanto, a adição de dados inéditos contribuiu para corroborar hipóteses de estudos anteriores, aumentar o conjunto amostral reforçando a existência destes dois complexos de espécies, preencher lacunas amostrais, ampliar os limites e detectar padrões de distribuição geográfica de suas linhagens, fortalecendo a relação entre a ampla distribuição geográfica e dados elevados de divergência genética.
Apresentação