Departamento de Tecnologia Agroindustrial e Socioeconomia Rural
ID: 9484
Resumo
O Brasil se destaca mundialmente no setor sucroenergético, sendo o segundo maior produtor de etanol. Com isso, é de grande importância estudar e analisar o mercado deste combustível, bem como de outras temáticas que o cercam, e assim contribuir para o fortalecimento de políticas públicas e ações da iniciativa privada no setor. O objetivo geral deste trabalho consiste em analisar a interface do mercado automobilístico de carros movidos a etanol, gasolina ou flex-fuel e as atividades produtivas do setor sucroenergético no que se refere à produção de etanol, no período entre 2003 e 2018. Especificamente, calcular a correlação entre a venda dos carros e a produção de etanol; realizar o levantamento da frota brasileira de automóveis leves movidos a etanol e flex-fuel, e analisar a dinâmica do consumo de etanol, desde a criação da tecnologia flex-fuel. Para isso, usou-se uma análise descritiva para avaliar os dados secundários obtidos e assim calcular o Índice de Correlação de Pearson. Desta forma, observou-se um aumento exponencial na produção de automóveis com tecnologia flex-fuel no mercado automobilístico brasileiro. Além disso, notou-se que o consumo de etanol hidratado é inferior ao consumo de gasolina C. Já as correlações indicam: correlação positiva entre a produção de etanol hidratado e as vendas de automóveis leves com tecnologia flex-fuel, como também quando se trata da produção de etanol anidro; correlações negativas foram observadas entre a produção de etanol anidro e as vendas de automóveis leves movidos somente a gasolina, como também com as vendas de automóveis movido somente à etanol. Conclui-se que a tecnologia flex-fuel mudou radicalmente o cenário automobilístico brasileiro, tornando, de 2005 em diante, a frota majoritariamente composta por carros movidos por esta tecnologia, e apesar do consumo de gasolina C ainda ser superior ao consumo de etanol hidratado, este apresentou constante crescimento em seu consumo no período analisado. Por fim, ressalta-se que esses resultados tendem a indicar e reforçar a predominância da tecnologia flex-fuel levando a ser a linha condutora na tomada de decisão para os produtores de combustíveis, tanto fóssil como de etanol.
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ID: 9375
Resumo
De cultivo e consumo difundido em países de clima temperado, a couve crespa, também conhecida por Kale, é uma hortaliça com elevado valor nutricional pouco difundida no Brasil, sendo de suma importância o estudo de fertilizantes que possam melhorar a sua produtividade e qualidade nutricional. O objetivo do estudo foi avaliar a influência do uso de fertilizantes orgânicos na produtividade, teor de minerais e analise sensorial visual em couve de folha crespa híbrido Darkibor. Foram utilizados cinco tratamentos: 1 = Testemunha = sem adubação; 2 = fertilizante organomineral; 3, 4 e 5 = fertilizantes orgânicos. Após 60, 90, 120 e 150 dias após transplante (DAP) foi avaliada a produtividade, determinando-se a massa de matéria fresca por pesagem e o teor de minerais, analisados por espectrometria e para analise sensorial de diferença de cor e preferência visual (60 DAP) foi utilizado o teste de ordenação (ABNT, 1994). Os dados de produtividade e teor de minerais foram analisados estatisticamente por meio da ANOVA e os da sensorial através o teste de Friedman (p≤0,05). A maior produtividade foi observada para as couves submetidas ao tratamento com adubo na composição organomineral. Quanto aos teores de minerais nas folhas não houve diferença entre os tratamentos. As análises sensoriais cor e preferência visuais não mostraram diferença entre os tratamentos. O uso de fertilizantes orgânicos e organomineral possibilitaram produzir couve de folha crespa com adequada composição mineral e sem diferença sensorial.
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ID: 8794
Resumo
Um problema muito comum na área agronômica é a comparação das médias de tratamentos de interesse, de forma a determinar qual(is) o(s) melhor(es) tratamento(s), dentro das expectativas da pesquisa. A maneira mais comum para tratar esse problema é a análise de variância (ANOVA). O teste F global da ANOVA testa a hipótese de igualdade entre as médias dos tratamentos comparados. Caso o teste F seja significativo, então a aplicação de testes de médias é feita, com o objetivo de investigar quais médias diferem entre si. Um dos dilemas envolvidos com os testes de médias é a sua aplicação condicional a um resultado significativo do teste F na ANOVA. Nesse contexto, o objetivo da pesquisa foi verificar se é possível encontrar divergências entre o resultado do teste F e os resultados dos seguintes testes de médias: Tukey e Duncan. Para tanto, foram analisados dois conjuntos de dados de um experimento referente à caracterização morfológica e agronômica de genótipos de algodoeiro (Gossypium hirsutm L. r. latifolium Hutch.) - peso de capulho e índice de fibra. A partir das análises foi possível concluir que nem sempre há concordância entre o resultado do teste F e os resultados dos testes de médias. Enquanto para a variável índice de fibra tanto o teste F quanto os testes de médias acusaram diferenças entre as médias dos tratamentos, para a variável peso de capulho verificou-se que o teste F apresentou resultado não significativo, mas, ainda assim, o teste de Duncan acusou diferenças entre as médias comparadas.
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ID: 8843
Resumo
A grande incidência de microrganismos resistentes a antibióticos e fungicidas torna urgente a necessidade do desenvolvimento de novos agentes antimicrobianos. Os óleos essenciais têm sido largamente investigados nesta área se apresentando de forma promissora. Além de apresentarem atividade antimicrobiana, também são resíduos industriais, e são menos nocivos ao meio ambiente e à saúde humana, e, devido à sua composição diversa, apresentam uma menor chance dos microrganismos se tornarem resistentes ao óleo. O setor sucroalcooleiro apresenta notoriedade na indústria brasileira e atualmente utiliza de antibióticos e ácidos para o controle antimicrobiano. Assim como ele, a indústria de citricultura também é evidente no Brasil, principalmente na região sudeste. Assim, é interessante que a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais residuais da produção de sucos cítricos seja avaliada no controle de contaminantes da indústria sucroalcooleira. Desta forma, a pesquisa teve como objetivo avaliar o efeito antimicrobiano da tangerina (Citrus reticulata) porta enxertada em limão cravo na Saccharomyces cereviseae e nos contaminantes Dekkera bruxelensis, Lactobacillus plantarum e Lactobacillus fermentum. Para tal, o óleo foi extraído por hidrodestilação e caracterizado por GC-MS. Técnicas reconhecidas foram utilizadas para a análise antimicrobiana, como microdiluição, macrodiluição e difusão em disco. O óleo de tangerina apresentou teor significativamente superior de limoneno, sendo equivalente a 92,61% de todo o conteúdo, os outros dois componentes com maior representatividade no óleo foram linalool (2,38%) e mirceno (1,48%). A levedura de interesse no processo fermentativo S. cereviseae foi inibida de forma notória a partir de 1 mL/L em meio YPD, através do teste de difusão em disco foi observado que ela tem sua densidade microbiana decrescida em comparação com a ausência do óleo. A fim de assimilar de forma mais notória a condição no setor sucroalcooleiro, foi realizado um teste de macrodiluição com caldo de cana 4 Brix e a viabilidade da levedura foi observada. Foi possível revalidar o efeito a partir de concentrações de 2 mL/L, com queda na viabilidade celular em 10,39%. Com o passar do tempo, essa diferença de viabilidade se estabilizou, sugerindo uma situação de escape do óleo ou de resistência da levedura. A contaminante D. bruxellensis apresentou efeito similar, com inibição significativa a partir de 2 mL/L. Sua curva de crescimento indicou uma queda na concentração celular com relação ao aumento da concentração de óleo, porém, não houve influência na velocidade especifica de crescimento, tendo um aumento na fase lag. Com relação ao teste de difusão, a mesma queda de concentração celular foi observada, entretanto, assim como para S. cereviseae, o halo verdadeiro só foi observado na concentração de 1000mL/L. Com relação às Lactobacillus, nenhuma foi significativamente inibida pelo óleo. Conclui-se, portanto, que a utilização do óleo essencial de tangerina não apresentou uma inibição antimicrobiana interessante para o setor sucroalcooleiro, uma vez que inibiu ambas as leveduras, inclusive a de interesse para o setor e não teve efeito em ambas as bactérias lácticas.
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ID: 9426
Resumo
O requeijão tem sido reconhecido com um queijo típico brasileiro pelo seu consumo em âmbito nacional por toda a população, e tem crescido no mercado o investimento em produtos similares ao requeijão cremoso, mas com a utilização de amido e gordura vegetal. Neste trabalho foram escolhidas quatro marcas de requeijão cremoso, das quais duas foram do tipo tradicional e duas com amido e gordura de origem vegetal. Sendo que as características sensoriais dos produtos são fatores determinantes para a aceitação e intenção de compra do seu publico alvo, as amostras foram submetidas à análise “Check-all-that-apply” (CATA), metodologia mais recente e com alta rapidez de execução, capaz de encontrar uma descrição sensorial baseando-se na perspectiva de seus consumidores. Em seguida foi realizado o teste de aceitação com escala verbal estruturada de nove pontos. Assim, o teste de aceitação teve seus resultados analisados através da análise de variância (ANOVA), e quando exigido suas médias foram comparadas pelo teste de Tukey. Pela análise CATA pode-se verificar que os atributos: homogêneo, cremoso, fácil derretimento na boca, branco, gosto salgado e brilhoso, se destacaram na influência da aceitação global das amostras pelos consumidores. Já em relação ao teste de aceitação verificou-se que requeijões análogos com amido e gordura vegetal apresentam algum potencial, sendo aceitos aos julgadores, mesmo que requeijões tradicionais ainda atraiam a maioria dos consumidores.
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ID: 9250
Resumo
A grande versatilidade dos materiais plásticos resultou em seu amplo uso nos mais diversos segmentos inclusive no setor agrícola. Contudo, é inegável os impactos ambientais causados pelo uso e descarte destes materiais, tendo em vista que os polímeros convencionais, como o polietileno, apresentam alta estabilidade química não sendo degradados naturalmente no solo. Neste sentido, observa-se um crescente interesse pelo desenvolvimento de novas tecnologias como a de filmes biodegradáveis produzidos a partir de biopolímeros, como polissacarídeos e proteínas, que podem ser degradados por micro-organismos do solo. Dentre os biopolímeros com características interessantes para a formação de filmes, destacam-se a pectina (PEC) e a glucomanana do konjac (KGM). Estes polissacarídeos apresentam baixa barreira à umidade, porém, a reticulação com íons cálcio pode aumentar a sua estabilidade. A vinhaça, principal água residual do setor sucroalcooleiro, é amplamente aplicada na fertirrigação, prática que quando realizada indiscriminadamente pode levar a salinização do solo e contaminação de águas subterrâneas. Assim, a utilização da vinhaça como solvente na elaboração de filmes de PEC e KGM pode representar uma forma de reciclar seus nutrientes e uma alternativa para o uso deste efluente. Este trabalho propõe o desenvolvimento de uma formulação adequada para obtenção de filmes à base de pectina, glucomanana do konjac e vinhaça com propriedades visuais e táteis adequadas, visando a sua aplicação como material alternativo na agricultura. Primeiramente, os biopolímeros (1,5% m/v) em diferentes proporções de PEC:KGM (100:0, 75:25 e 50:50) foram dissolvidos em água destilada (200mL) com glicerol (0,6 g/g biopolímero) seguido da adição da vinhaça (200 mL), mantendo-se a solução sob agitação mecânica (1000 rpm) por 1 h. Alíquotas das soluções (50g) foram vertidas em placas de polipropileno (d=14cm) e secas em estufa a 40°C por 20h. Os filmes produzidos foram então reticulados por imersão em soluções etanólicas (30, 40 e 50% v/v) contendo hidróxido de cálcio (0,5% m/v) e glicerol (0 e 5% v/v), por diferentes tempos (5 e 10 minutos). Filmes sem e com reticulação foram caracterizados quanto ao aspecto visual. Quanto a adequação da formulação, a imersão por 10 minutos apresentou maior eficiência, aumentando a rigidez, mas mantendo a maleabilidade dos filmes. Já para a concentração de etanol na solução, 50% v/v apresentou melhor resultados, diminuindo a solubilização de KGM e, portanto, mantendo a espessura dos filmes reticulados mais próxima aos sem reticulação. A presença de glicerol na solução reticulante também melhorou a maleabilidade e diminuiu a fragilidade dos filmes. Em relação ao aspecto visual dos filmes obtidos, observou-se que o aumento da concentração de KGM promove aspecto mais homogêneo e melhora na manuseabilidade. Todos os filmes apresentaram coloração amarela característica da vinhaça, matriz homogênea e flexível. A reticulação com íons cálcio conferiu aspecto mais rígido aos filmes, enquanto os filmes sem reticulação apresentavam maior flexibilidade. Os filmes obtidos apresentam potencial para serem aplicados na agricultura. As próximas etapas do trabalho abrangerão a caracterização dos filmes quanto as propriedades mecânicas, de barreira a umidade e de biodegradabilidade em solo.
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ID: 8962
Resumo
A quitosana é um polímero em evidência devido ao fato de ser biodegradável e renovável, já que pode ser obtida de resíduos do processamento de camarão por métodos sustentáveis. Tem se mostrado um antimicrobiano em potencial na indústria do vinho, e poderia ser utilizada na fermentação alcoólica para produção de etanol combustível para controle das contaminações por bactérias e leveduras nativas, em substituição ao tratamento ácido e antibióticos. No entanto, não se conhece o efeito da quitosana sobre o rendimento da fermentação e sobre a levedura do processo Saccharomyces cerevisiae. Desta forma, esse trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da adição de dois tipos quitosanas, comercial e natural, no processo de fermentação etanólica nas concentrações de 100, 200 e 500 mg/L. As fermentações foram conduzidas em frascos contendo caldo de cana 16º Brix esterilizado, com 107 células/mL da levedura industrial PE-2, adicionando-se uma solução de quitosana, comercial Polymar e de quitosana natural extraída de resíduos de crustáceos, a qual é dissolvida em 2% de ácido acético para as concentrações finais acima descritas. O controle (sem quitosana) foi feito adicionando-se igual volume de solução de ácido acético 2%. Os frascos (em duplicata) foram mantidos a 30ºC em agitação a 100 rpm por 12 horas, analisando-se o número de células de leveduras, pH final, teor de açúcar redutor total e produção de etanol. Não houve efeito da quitosana sobre a viabilidade celular da levedura em nenhuma das concentrações e variedades de quitosana utilizadas. O teor alcoólico variou de 2,54 a 2,86 g/100 mL com a adição de quitosana comercial nas diferentes concentrações, enquanto alterou de 0,75 a 1,16 g/100 mL nas concentrações de quitosana natural. A fermentação sem quitosana apresentou teor alcóolico de 3,17 g/100 mL. O teor de açúcar redutor total foi 20 a 30% superior nas fermentações com quitosana, indicando que a quitosana afeta a velocidade da fermentação, que é mais lenta na presença do polímero. O pH final da fermentação foi menor na presença de quitosana natural (4,20 a 4,25) do que de quitosana comercial (4,78 a 4,95) e sem quitosana (5,06). O efeito negativo da quitosana sobre a fermentação intensificou-se com o aumento da concentração. Os resultados indicam um possível efeito da quitosana sobre o processo fermentativo, ainda que não afete a viabilidade da levedura. Estudos posteriores devem ser conduzidos para avaliar as causas desse efeito da quitosana sobre o metabolismo da levedura, além de analisar os comportamentos distintos apresentados pelas duas variedades do composto.
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ID: 9043
Resumo
As microalgas são consideradas alternativas promissoras como matéria-prima para diversos bioprodutos comerciais relacionados à nutrição humana e animal, biopigmentos, fertilizantes, antioxidantes e biocombustíveis. A partir da biomassa microalgal é possível obter óleos ricos em ácidos graxos poli-insaturados para consumo humano, sendo comumente encontrados ácido oleico (C18:1), ácido linoleico (C18:2), ácido linolênico (C18:3) e ácido palmítico (C16:0). Em se tratando de biocombustíveis, a obtenção de biodiesel por microalgas vem sendo pesquisada em grande escala nos últimos anos. Phormidium autumnale é uma cianobactéria que apresenta característica morfológica filamentosa, o que pode facilitar a separação da biomassa dos meios de cultivo após o crescimento celular (etapas de “downstream”). Neste contexto, o objetivo desta pesquisa foi estimar as propriedades de biodiesel a partir do óleo extraído da biomassa de Phormidium autumnale. A cianobactéria foi mantida em balões de 6 L contendo meio BG11, aeração constante de 1 VVM (volume de ar por volume de meio por minuto) e fotoperíodo de 12 horas (claro-escuro), com obtenção de aproximadamente 1g L-1 de biomassa final. O meio de cultivo foi centrifugado para recuperar a biomassa, a qual foi posteriormente lavada com solução tampão fosfato 0,2 M pH 6,85. O teor de lipídios na biomassa microalgal foi determinado pelo método de extração Bligh e Dyer, sendo que o material obtido foi transesterificado e o perfil de ácidos graxos determinado por cromatografia em fase gasosa. A partir da composição em termos de ácidos graxos foi utilizado um software para a estimativa das propriedades do biodiesel microalgal. A biomassa de Phormidium autumnale gerada em BG11, meio de cultivo padrão fotossintético contendo sais dissolvidos em água, apresentou um teor de lipídios totais de 16,58%. O óleo foi majoritariamente composto por ácido-linoléico (51%), ácido-palmítico (21,4%), ácido-oleico (11,1%), ácido-mistírico (8,5%) e ácido-esteárico (3,9%). Mais da metade do óleo é composto por ácidos graxos poli-insaturados (51%), seguido saturados (33,8%) e monoinsaturados (11,3%). A partir desta composição, foi possível estimar algumas propriedades do biodiesel, comparando-as com os padrões indicados em normas brasileira e internacionais. Dentre os parâmetros, destaca-se que o número de cetano (50,62), o índice de iodo (102,4 gI2 100g-1) e o ponto de entupimento de filtro a frio de 3,69°C, os quais estão de acordo com as normas da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP 45/2014) e a norma americana da “American Society for Testing and Materials” (ASTM D6751). Os resultados indicam a viabilidade de extração dos lipídios microalgais e obtenção de biodiesel com propriedades físico-químicas adequadas a partir da biomassa de Phormidium autumnale.
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ID: 9429
Resumo
A vinhaça é o subproduto mais expressivo da indústria sucroalcooleira, necessitando de disposição final ambientalmente adequada devido ao seu caráter poluente. Como ela é rica em nutrientes e matéria orgânica, a fertirrigação é o seu principal destino. Entretanto, sua aplicação em outras culturas além das de cana-de-açúcar é economicamente inviável e quando é realizada em excesso pode acarretar contaminação ambiental, assim mantendo a problemática da vinhaça. Neste contexto, considerando que a região de Araras/SP possui indústrias sucroalcooleiras instaladas, propõe-se a utilização da vinhaça como solvente na fabricação de esferas de pectina, obtendo-se assim um fertilizante rico em nutrientes e uma forma alternativa para a disposição desta água residuária. A ideia inicial da pesquisa era utilizar apenas pectina de baixo teor de metoxilação (BTM) como matriz polimérica, mas acabou sendo necessário propor misturas com alginato para que fosse possível obter soluções com viscosidade adequadas para a realização do gotejamento e obtenção das esferas fertilizantes. A vinhaça foi coletada em uma indústria sucroalcooleira da região de Araras/SP. O presente estudo teve como objetivo adequar a formulação da solução biopolimérica para obter esferas de pectina, alginato e vinhaça com aspecto visual e tamanho adequados. As esferas foram obtidas por gotejamento da solução biopolimérica com vinhaça em solução reticuladora (solução aquosa ou solução etanólica 70%v/v de cloreto de cálcio, CaCl2, 5%m/v) seguida de secagem em estufa a 40°C por 24h. Foram testadas pectinas BTM (PEC) com diferentes graus de metoxilação (GENU® LM-101, LM-102 e LM-104, CP Kelco, Brasil) e alginato de sódio (Sigma Aldrich, EUA) (ALG) em diferentes concentrações (formulação 1: PEC 1% + ALG 1%; e formulação 2: PEC 1,6% + PEC 1,6%) para produção das esferas, avaliando-se o formato, diâmetro médio através do software Image J® , tonalidade e aderência das esferas formadas. Visualmente, as partículas obtidas com a formulação 1 e PEC LM-101 foram mais esféricas, independente da reticulação aplicada. Foi observado que, de maneira geral, o diâmetro das esferas tendeu a aumentar com a diminuição do teor de metoxilação da pectina e com a reticulação em solução alcoólica de CaCl2. Para a formulação 1, os diâmetros médios foram 1,734 e 1,912 mm (LM-101), 1,692 e 1,910 mm (LM-102) e, 1,547 e 1,752 mm (LM-104), para esferas reticuladas com solução aquosa e etanólica de CaCl2, respectivamente. Já para a formulação 2, foram 1,670 e 1,711 mm (LM-101), 1,649 e 2,155 mm (LM-102) e 1,550 e 1,803 mm (LM-104), para esferas reticuladas com solução aquosa e etanólica de CaCl2, respectivamente. Em relação à tonalidade, foi observado que as esferas mais escuras foram obtidas para a formulação 1, reticuladas em solução etanólica de CaCl2. As esferas reticuladas em solução etanólica de CaCl2 também apresentaram menor aderência. É possível afirmar que as esferas desenvolvidas indicam potencial para aplicação como fertilizantes biodegradáveis. As próximas etapas da pesquisa preveem a caracterização de formulações selecionadas quanto as propriedades mecânicas e físico-químicas.
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ID: 9427
Resumo
Os materiais plásticos têm aplicações nas mais diversas áreas devido a suas propriedades versáteis, sendo que aproximadamente 3% do total produzido no mundo é destinado a aplicações na agricultura. No entanto, a crescente preocupação com a preservação ambiental impulsionou pesquisas sobre novos materiais biodegradáveis e de fontes renováveis. Os biopolímeros atendem os requisitos para formação de um material com potencial para substituir o plástico de uma forma mais sustentável. A pectina é um polissacarídeo extraído comercialmente do bagaço de frutas cítricas com boa capacidade de formação de filmes e, devido a sua natureza hidrofílica, pode auxiliar na manutenção da umidade do solo. A vinhaça é o resíduo mais expressivo do setor sucroalcooleiro, sendo seu principal destino a fertirrigação, técnica que, quando feita indiscriminadamente, pode levar a eutrofização de águas subterrâneas. Portanto, a utilização da vinhaça como solvente na fabricação de filmes representa uma alternativa para o aproveitamento deste resíduo, possibilitando a reciclagem de seus nutrientes de forma mais lenta. Estudos anteriores do grupo de pesquisa desenvolveram filmes de pectina de alto teor de metoxilação (ATM) e vinhaça, os quais apresentaram resistência mecânica adequada, porém baixa resistência à água. Desta forma, propõem-se novas estratégias de reticulação e/ou produção de blendas (filmes compostos) para reduzir a solubilidade. O presente trabalho teve como objetivo adequar a formulação e o processo de obtenção de filmes compostos de pectinas de alto teor de metoxilação (ATM) e de baixo teor de metoxilação (BTM) com vinhaça e reticulados com íons cálcio, visando sua aplicação na agricultura. Buscou-se também estabelecer a máxima quantidade de vinhaça que poderia ser adicionada aos filmes mantendo uma matriz polimérica homogênea e contínua. Os filmes foram produzidos por casting, que consiste na aplicação da solução filmogênica em um suporte seguida da evaporação do solvente. Foram produzidos filmes a partir de soluções filmogênicas (1,5% m/v) com diferentes proporções de pectina ATM:BTM (100:0, 80:20, 60:40 e 40:60) usando como solvente vinhaça e água destilada (1:1, 2:1 e 3:1). Em seguida, os filmes foram reticulados por imersão em solução etanólica (0, 50 e 70% v/v) contendo cloreto cálcio (CaCl2, 5% m/v) e glicerol (5% m/v). Por apresentarem melhores propriedades visuais e maior concentração de vinhaça, os filmes selecionados foram com proporções de pectina ATM:BTM 100:0, 80:20, 60:40 e 40:60 utilizando vinhaça e água (2:1) como solvente. A solução etanólica 70% v/v foi a mais adequada para a etapa de reticulação, pois apresentou menor solubilização dos filmes. Os filmes reticulados se mantiveram íntegros após a imersão em água destilada por 24h. Pode-se concluir que é possível obter filmes homogêneos de pectina ATM e BTM e vinhaça com baixa solubilidade em água. A próxima etapa da pesquisa prevê a caracterização das formulações selecionadas quanto as propriedades mecânicas de barreira umidade. Apesar dos resultados ainda serem preliminares, os filmes obtidos apresentam potencial para uso na agricultura.
Apresentação
ID: 9417
Resumo
A utilização de enzimas e micro-organismos imobilizados em matrizes biopoliméricas vem ganhando destaque em processos industriais para obtenção de biomassa e metabólitos, bem como para remoção de nutrientes e compostos tóxicos em efluentes. Estudos anteriores do grupo de pesquisa têm demonstrado resultados promissores para o cultivo da microalga Phormidium autumnale na água residuária do setor sucroenergético (vinhaça), com aproveitamento da biomassa para produção de biodiesel e outras biomoléculas. Diversos biopolímeros têm sido propostos para a imobilização de microalgas e, dentre estes, destaca-se a pectina, um polissacarídeo aniônico extraído de resíduos de frutas cítricas, capaz de formar géis estáveis pela reticulação com cátions divalentes. A pectina apresenta vantagens para uso como matriz de imobilização de microalgas, como atoxicidade, biodegradabilidade, alta taxa de difusão de nutrientes/produtos, transparência e baixo custo. Porém, géis de pectina podem ser quimicamente instáveis na presença de agentes quelantes, tais como fosfatos, lactatos ou citratos, e cátions monovalentes, como o sódio. Assim, é fundamental o estudo das características físicas e a estabilidade das esferas de pectina para viabilizar o seu uso na imobilização celular, sobretudo em meios com composição química complexa como a vinhaça. O objetivo deste trabalho foi produzir esferas de pectina com Phormidium autumnale e verificar a sua estabilidade, visando o cultivo em vinhaça. A pectina (7% m/v) foi dissolvida na suspensão de microalgas e as esferas foram produzidas por gelificação ionotrópica, através do gotejamento em solução reticulante de cloreto de cálcio (5% m/v). As esferas foram mantidas na solução reticulante em refrigeração por 3 h. A estabilidade química das esferas foi avaliada em água, meio de cultivo padrão (BG11) e vinhaça, a 25°C por 6 dias, através da imersão de 30 esferas em 30 mL de cada meio líquido. O diâmetro médio e a contagem das esferas foram monitorados em cada condição durante 6 dias. Os resultados indicaram que as esferas foram estáveis nos três meios líquidos avaliados, apresentando 100% de recuperação após 6 dias. A esferas de pectina com microalgas imobilizadas apresentaram discreta diminuição do diâmetro após 6 dias de imersão em vinhaça e meio BG11. A estabilidade das esferas de pectina na vinhaça pode ser atribuída a alta concentração de cálcio presente neste efluente. Os resultados indicam o potencial de uso da pectina como matriz de imobilização da Phormidium autumnale visando cultivo e remoção de nutrientes da vinhaça.
Apresentação
ID: 9243
Resumo
Os eventos extremos são caracterizados pelos valores extremos, que apresentam baixa frequência relativa. Os valores extremos (máximos ou mínimos) são geralmente associados a fenômenos raros, com resultados frequentemente catastróficos. Os fenômenos com essas características podem ser estudados atualmente utilizando-se a Teoria de Valores Extremos (TVE), um ramo ativo e importante da estatística matemática, de grande utilidade prática em diversas áreas. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivos gerais; estudar a aplicação das distribuições de probabilidade da TVE em diversas áreas que justificam o uso dessa teoria em séries econômicas. Para tal, foram utilizados os dados econômicos do CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, Departamento de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ compreendida entre o período de 1997 a 2020. Os dados foram organizados em séries de máximos mensais e, para cada série, as distribuições Gumbel e Generalizada de Valores Extremos (GVE) foram ajustadas. Os testes de Kolmogorov-Smirnov, Razão de Verossimilhanças, Critério de Informação de Akaike (AIC) e gráfico Q-Q plot foram utilizados para selecionar a melhor distribuição de probabilidade em cada mês. O teste de Mann-Kendall foi utilizado para avaliar e existência de tendência nas séries de máximos mensais. Foram calculadas probabilidades de ocorrerem preços de boi gordo (em R$) superiores a R$50, R$75, R$100, R$150, R$200 e R$250 para cada mês. O gráfico de dispersão das séries de máximos mensais e o teste de Mann-Kendall confirmam a tendência em todas as séries de máximos mensais do preço do boi gordo. Como resultados parciais, pôde-se constatar que as distribuições Gumbel e GVE se ajustaram em todos os meses e o teste de Razão de Verossimilhanças e AIC indicaram que a distribuição Gumbel é a mais adequada em todos os meses. Nos meses de abril a outubro existe uma ligeira menor probabilidade dos preços serem superados e nos meses de novembro a fevereiro são os meses com maior probabilidade de ocorrência de altos preços de boi gordo. A probabilidade do preço R$ 150,00 ser superado no mês de dezembro é de 11,45% pela distribuição Gumbel. O mesmo evento ocorre com 7,39% de probabilidade no mês de julho. Com o intuito de fornecer resultados mais precisos, a próxima etapa do trabalho incorporará a tendência na estimação de parâmetros das distribuições Gumbel e GVE, uma vez que esse fato foi constatado nas análises preliminares, bem como no cálculo de probabilidades. Serão fornecidos os preços máximos de boi gordo dado um período de retorno.
Apresentação
ID: 9045
Resumo
As microalgas são consideradas uma fonte promissora para a produção de carboidratos, sendo capazes de acumular cerca de 50% desse composto via intracelular, com facilidade de hidrólise maior do que material lignocelulósico. As cianobactérias possuem paredes celulares diferenciadas em comparação com bactérias gram-negativas, uma vez que a camada de peptidoglicano que é mais espessa e apresenta um grau maior de reticulação entre as cadeias polissacarídeas. Além disso, diversas cianobactérias caracterizam-se pela presença de camadas com exopolissacarídeos. Essa é uma característica da Phormidium autumnale, cianobactéria filamentosa que tem motivado diversos estudos devido a sua capacidade de cultivo em efluentes com aproveitamento da biomassa gerada. Devido à sua composição em termos de proteínas, lipídios e carboidratos, esta cianobactéria vem se revelando uma plataforma interessante para produção de biocombustíveis em sistemas conhecidos como biorrefinarias. A vinhaça é a principal água residuária do setor sucroenergético e de grande ocorrência no interior do estado de São Paulo. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o teor de carboidratos e perfil dos açúcares obtidos a partir da biomassa de Phormidium autumnale gerada em vinhaça de cana-de-açúcar. Os experimentos de cultivo ocorreram em biorreator de bancada heterotrófico em batelada com vinhaça tendo pH ajustado a 7,6, aeração por 1 VVM (volume de ar por volume de meio por minuto), agitação de 300 rpm e 35ºC. Ao final do cultivo, a biomassa foi separada da vinhaça por centrifugação a 2500 rpm por 10 minutos e lavada com solução tampão fosfato 0,2 M pH 6,85. As amostras foram quantificadas quanto ao teor de carboidratos totais na biomassa microalgal e o perfil de açúcares em cromatógrafo com coluna de troca iônica. Os resultados indicaram teores de carboidratos totais (em termos de açúcares redutores totais) de 970 mg L-1, valor similar ao obtido na biomassa oriunda do meio padrão BG11 (1020 mg L-1). Com relação ao perfil dos açúcares, o meio contendo vinhaça parece ter potencializado o teor de glicose, elevando-o de 69,3 mg L-1 no inóculo (meio BG11) para 79,5 mg L-1 na água residuária, provavelmente pela quantidade de matéria orgânica fornecida no cultivo heterotrófico. Este resultado é promissor visando um aproveitamento da biomassa para posteriores fermentações ou cultivos microbianos visando obtenção de bioprodutos a partir de glicose. Por outro lado, a biomassa microalga em vinhaça apresentou teores inferiores em termos de arabinose, galactose e xilose quando comparado ao cultivo similar em meio padrão fotossintetizante. Os resultados indicaram o potencial aproveitamento da biomassa e viabilidade de obtenção de carboidratos por Phormidium autumnale cultivada em vinhaça de cana-de-açúcar.
Apresentação