Departamento de Botânica

    AVALIAÇÃO DE MUDANÇA MORFOLÓGICA EM MICROALGAS INDUZIDA POR PREDAÇÃO POR CHIRONOMUS

    Autores: Suzana Luisa Alves Fernandes, Ana Beatriz Janduzzo Amaro de Lima, Letícia Piton Tessarolli, Thaís Garcia da Silva, Lívia Maria Fusari, Inessa Lacativa Bagatini

    ID: 9220

    Resumo

    As microalgas  e cianobactérias são microrganismos fotossintetizantes que possuem diferentes morfologias e podem apresentar plasticidade fenotípica (fisiológica, bioquímica ou morfológica) sob efeito de alguns predadores (HA et al.,2004; MAYELI et al.,2004; VAN DONK et al.,2011). São produtoras primárias em ambientes aquáticos, sendo predadas por inúmeros grupos heterotróficos, incluindo invertebrados bentônicos (FROUZ et al.,2004a). Entre os importantes invertebrados bentônicos que consomem microalgas, especialmente microalgas verdes, diatomáceas e cianobactérias, podemos citar larvas do gênero de insetos Chironomus (Chironomidae, Diptera) (BERG,1995; HERREN et al.,2017). Embora a variação morfológica para evitar predação por invertebrados planctônicos seja bem documentada, pouco se sabe sobre a plasticidade fenotípica em microalgas predadas por essas larvas. Desta forma, avaliamos a plasticidade morfológica em três cepas de microalgas sob efeito de predação por larvas de Chironomus cf. xanthus. Avaliamos as alterações morfológicas em Desmodesmus spinosus, uma vez que este gênero apresenta plasticidade fenotípica sob predação de outros invertebrados (VAN DONK et al., 1999); e em duas microalgas de gêneros encontrados no bentos, habitat das larvas: Micrasterias sp. uma alga verde (desmídia) e Cyclotella sp., uma diatomácea cêntrica. D. spinosus foi avaliada diretamente sobre predação. No entanto, devido a problemas metodológicos, como interferência da areia utilizada pela larva (FROUZ et al.,2004b) e agregação das microalgas  pelo predador ao construir casulos, as outras algas foram avaliadas sob efeito do excretado da larva (efeito indireto). Neste caso, as algas foram colocadas em contato direto com a larva, após 4 dias o excretado foi retirado por filtração e colocado em cultivos das mesmas algas para avaliação das alterações morfológicas. As tréplicas experimentais foram amostradas nos dias 2 e 4 para análises morfológicas ao microscópio ótico e de crescimento por absorbância (GRIFFITHS et al., 2011) . As diferenças entre tratamento e controle foram analisadas por de Teste t de student, para dados paramétricos, e Teste U de Mann-Whitney, para dados não paramétricos, ambos  com α=0,05. D. spinosus apresentou, no segundo dia em contato direto com as larvas, redução significativa (média de 12,5%) no comprimento dos cenóbios, mas aumento significativo de 12,5% na largura máxima  em relação ao controle, devido ao aumento dos espinhos. No quarto dia, tanto largura como  comprimento máximos (ponta-a-ponta dos espinhos) foram significativamente maiores em contato com o predador, respectivamente, um aumento médio de 12,1% e 13,2%. Em Cyclotella, também houve aumento significativo no comprimento e largura máximos em contato com o excretado das larvas:  a largura aumentou 4% em média no segundo dia, e no quarto dia o aumento na largura foi de 3,4% e no comprimento de 12,2% em relação ao controle.   Micrasterias não apresentou alteração morfológica significativa, houve apenas aumento significativo no crescimento (quantificado por absorbância) no segundo dia do experimento. Este é o primeiro trabalho que demonstra plasticidade morfológica em microalgas predadas por quironomídeos. O conhecimento sobre a plasticidade morfológica das espécies de microalgas sob predação pode nos auxiliar na taxonomia desses microrganismos. Além disso, pode auxiliar em futuros estudos sobre as interações entre a larva e suas presas e seus efeitos na biota e na produtividade local.

    Apresentação