Departamento de Psicologia
ID: 9562
Resumo
Considerando a tentativa histórica de silenciamento da sexualidade feminina, independentemente de sua orientação sexual, pode-se afirmar que a relação afetivo-sexual entre mulheres foi ainda mais silenciada em múltiplos âmbitos, inclusive na militância. A violência em relacionamentos entre mulheres permanece ainda mais invisível. Isso decorre do entendimento social de que exclusivamente homens ocupam lugares de poder em relacionamentos e que apenas eles agridem suas parceiras. No entanto, a diferença de poder pode se instalar em outras configurações de relacionamentos, como nas homoafetivas, e resultar na reprodução de padrões violentos. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi compreender a vivência singular de mulheres que foram violentadas por suas parceiras, identificando tanto os impactos emocionais dessa vivência quanto as formas de superação utilizadas pelas mesmas. Os dados foram coletados através do método qualitativo da história de vida e analisados sob a perspectiva da análise temática de Bardin. Os resultados foram categorizados em: impactos na saúde mental e na autoimagem, perspectivas para futuros relacionamentos, violência baseada em gênero, bidirecionalidade da violência, rede de apoio sócio familiar, profissionais e abandono ou evitação de objetos e a espaços. Em vista dos resultados obtidos, é necessária a construção de políticas públicas que busquem acolher as vítimas de violência e aceitar a sexualidade dissidente da norma daquelas que são violentadas por parceiras, como também é importante a existência de espaços em que se possam discutir essas questões de maneira segura.
Apresentação
ID: 9416
Resumo
Introdução: Historicamente, a formação é um tema que ocupa a centralidade no debate entre a definição de Políticas Públicas (PP) e a estruturação dos serviços (tanto na saúde quanto na assistência social), bem como a educação permanente no processo de trabalho (Oliveira et al., 2017). Neste sentido, o presente estudo se propôs a levantar práticas profissionais de psicólogos que atuam no SUS e SUAS, no município de São Carlos-SP, a fim de compreender como as dimensões da prática e dos princípios das Políticas Públicas se articulam. Método: Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e interpretativo que utilizou como ferramenta de coleta e produção de dados, entrevistas semi-estruturadas. Foram convidados 15 profissionais, dos quais 11 aceitaram participar da pesquisa: 10 identificam-se com o gênero feminino e 1 com o gênero masculino. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas a partir da análise temática de conteúdo. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da UFSCar (CAAE 16117419.1.0000.5504) e os resultados produzidos definiram 4 categorias temáticas. Resultados: A articulação entre a formação acadêmica e a prática profissional é frágil em alguns aspectos (como abordagem insuficiente das Políticas Públicas). Ainda assim, o SUS se mantém como o tópico de discussão mais presente nos relatos do que o SUAS. A formação para a atuação que se dá durante o trabalho na PP ocorre a partir de buscas por literatura da área, na leitura das diretrizes da própria lei da política na qual o profissional atua, no diálogo com colegas e no cotidiano do trabalho. Os relatos apontam também para para o equívoco nos encaminhamentos realizados pela rede, além de um modelo de trabalho que parece ser diretamente afetado pela representação que os demais setores da rede possuem sobre a sua atuação. O que se destaca em relação aos desafios e aspectos negativos são principalmente a falta de recursos humanos e materiais, as extensas jornadas de trabalho e o fato de ter como objeto de trabalho, o sofrimento humano, em toda a sua diversidade e complexidade. Sobre os aspectos positivos e potencialidades, o que se destaca é o reconhecimento e a gratificação em relação ao campo de trabalho e também o fato dos profissionais conseguirem de alguma forma garantir o acesso dos usuários mais fragilizados a um serviço engajado e com a maior qualidade possível. Conclusão: Como conclusão, destaca-se o grau de fragilidade no qual se encontram os cursos de graduação e seus projetos pedagógicos para a formação dos profissionais psi que atuam em Políticas Públicas (em especial, para o SUAS). Entende-se que uma melhor articulação entre o trabalho dos agentes nos sistemas faz-se crucial para uma prática potente de transformação social e efetiva no cuidado em saúde e proteção psicossocial. Destaca-se uma necessidade de melhor compreensão da Integralidade em saúde por parte das equipes (não apenas profissionais psi), visto que alguns equipamentos funcionam alinhados a um modelo biomédico, ambulatorial e individualista, dificultando o cuidado Integral e Integrado.
Apresentação
ID: 9590
Resumo
Introdução
Diversos estudos da área de Psicologia do Desenvolvimento, desde os anos 1960, têm investigado a existência e o desenvolvimento de senso numérico em bebês, isto é, a capacidade de discriminar e comparar quantidades pequenas ainda nos primeiros meses de vida. Contribuindo para a sequência de pesquisas sobre senso numérico, Wynn [1] supôs não apenas que bebês conseguem discriminar quantidades, mas sabem também identificar operações simples de aritmética como soma e subtração. Com o advento da pandemia do novo coronavírus, a trajetória da presente iniciação científica teve que ser alterada, passando a dedicar-se somente à análise do controle atencional dos bebês que participaram do estudo-piloto inicial - que a princípio pretendia apenas refinar o procedimento para a coleta de dados da replicação do estudo de Wynn (1992).
Para compreender este controle atencional em bebês a partir da Análise do Comportamento, deve-se saber que a atenção está diretamente relacionada à percepção – capacidade de responder (ou não) a determinados estímulos ambientais [2] – e que atualmente há uma maior exposição de bebês a telas computadorizadas [3], variável que também precisa ser considerada, assim como os resultados obtidos em outras pesquisas que também investigavam as variáveis que controlam a atenção de bebês quando expostos a estímulos apresentados em telas digitais [4], [5].
Objetivo
Identificar e avaliar as variáveis relevantes no controle atencional de bebês pré-verbais quando expostos a estímulos visuais mostrados em uma tela de computador (laptop).
Método
Participantes: dois bebês, B1 (sexo feminino, com 7 meses) e B2 (sexo masculino, com 5 meses).
Ambiente experimental: Sala 4 do Serviço Escola do Departamento de Psicologia da UFSCar, que possui um espelho unidirecional (assim os pais poderiam ficar na sala ao lado avistando o bebê durante a sessão).
Equipamentos e materiais: Laptop, programas Powerpoint e OBS Studio, cadeirão de alimentação infantil e uma câmera filmadora com tripé.
Procedimento: O bebê era colocado no cadeirão, pela experimentadora, em frente à mesa com o notebook, na ausência dos pais, e a apresentação dos estímulos era iniciada. Os estímulos (círculos pretos para B1 e ursinhos coloridos para B2) foram apresentados em quatro condições, em ordens diferentes. A sessão de B1 teve 9min18s e a de B2 teve 9min27s.
Resultados
Tabela 1. Tempo total de duração do olhar, em segundos, para cada tela (T) das condições (C) de cada participante (B1 e B2).
Apresentação
ID: 8928
Resumo
A literatura científica tem indicado a importância da difusão de diretrizes para a produção de trabalhos acadêmicos, visando sua organização e difusão digital em ambientes virtuais acessíveis. Nessa perspectiva, o presente estudo teve como objetivos principais reunir, sistematizar e analisar TCCs de cursos de graduação na perspectiva da acessibilidade, da usabilidade e da navegabilidade. Trata-se de um recorte representado por 20% dos TCCs defendidos em um curso de graduação de uma universidade pública do estado de São Paulo, no período de 2012 a 2018, por estudantes ingressantes entre 2008 a 2014. Para a coleta dos dados, a pesquisadora desenvolveu e validou, junto a juízes, um protocolo de registro de elementos estruturais de produção acadêmica. Os resultados revelam que a ausência de parâmetros melhor definidos para o desenvolvimento dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) dos/as estudantes, subsidiam posicionamentos de preocupação, por tender a: dificultar a difusão da produção do conhecimento, particularmente na perspectiva da acessibilidade; fragilizar uma possível identidade coletiva do curso; restringir aos autores e a seus respectivos orientadores a produção científica, nem sempre consensuais em um espectro mais amplo da comunidade acadêmica. Faz-se necessário o estabelecimento consensual de parâmetros mínimos norteadores do processo de elaboração dos relatórios finais dos Trabalhos de Conclusão de Curso, na perspectiva da acessibilidade, da usabilidade e da navegabilidade, inclusive para que o processo de difusão do conhecimento seja alcançável pela sociedade, por meio de plataformas digitais.
Apresentação
ID: 9129
Resumo
O presente estudo é parte de um projeto matriz do Grupo de Pesquisa sobre Formação deRecursos Humanos em Educação Especial (GP-Foreesp) da Universidade Federal de SãoCarlos, intitulado “Avaliação Da Política de Inclusão Escolar em Contexto Municipalbaseada na Abordagem do Ciclo de Políticas” 1 , cuja meta foi a de proceder uma análise abrangente da política de Educação Especial, no contexto de um município, visando,portanto, contribuir para a investigação sobre a análise de políticas educacionais, para o avanço da política de inclusão escolar no país através do desenvolvimentos de procedimentoseconômicos e viáveis de avaliação em larga escala dessa política. Assim, além de produzir conhecimento sobre a avaliação de políticas de inclusão escolar, um dos objetivos deste projeto consiste em desenvolver instrumentos que permitem conduzir avaliaçõesmultidimensionais, econômicas e em larga escala dessa política em contextos municipais.Para isso, seis tipos de questionários com itens fechados vêm sendo produzidos e apefeiçoados com o intuito de aplicação em larga escala, e que permitam captar a percepção de diferentes atores das políticas de inclusão escolar, entre eles: professores do ensino comum eespecializado, gestores, profissionais da equipe multidisciplinar, estudantes do Público Alvo da Educação Especial (PAEE) bem como de seus familiares. O presente estudo responde ao objetivo de aperfeiçoamento dos seis questionários, partindo, portanto, dos instrumentos numa versão anterior (a terceira), e tomando como base: sugestões fornecidas pelos pesquisadores da equipe, que funcionaram como juízes; da reformulação ou eliminação de itens, elaboradas após o teste empírico dos questionários em uma amostra da população,num estudo feito em um município. A análise dos dados foi baseada na comparação entre itens dos questionários da terceira versão e as versões analisadas pelos pesquisadores juizes e sugestões dos aplicadores. Sugestões de alterações feitas pelos pesquisadores em várias reuniões da equipe foram registradas no próprio questionário com o comando de controlar alterações, a fim de registrar todas as mudanças sugeridas. Sugestões feitas por aplicadores foram registradas em protocolo em tablet feita durante entrevistas com o público alvo de cada questionário. As diferentes sugestões foram sistematizadasde modo a se produzir uma versão aperfeiçoada dos instrumentos (a quarta) para aplicação em estudos futuros. Ao final um dos questionários da pesquisa não foi modificado, pois nem a análise documental nem a aplicação com apenas quatro participantes trouxe sugestões uteis. Para os demais cinco dquestionários chegou-se à uma versão aperfeiçoada e mais econômica para aplicação.
Apresentação
ID: 9565
Resumo
Introdução: A empatia é um importante fenômeno interpessoal que permite compreender e experimentar emoções que o outro está sentindo. Demonstramos que o convívio de camundongos com o parceiro com dor neuropática, aumenta a resposta nociceptiva e os índices de ansiedade em camundongos observadores expostos ao labirinto em cruz elevado (LCE). A ocitocina aumenta comportamentos pró-sociais e diminui a ansiedade em roedores induzidos ao autismo, e promove analgesia em roedores submetidos a dor crônica. Observamos que os níveis plasmáticos de ocitocina estão aumentados no parceiro submetido ao convívio com um coespecífico submetido a nocicepção.
Objetivo: Investigar se a atosibana, antagonista de receptores de ocitocina, interfere na modulação da ansiedade induzida em camundongos pelo convívio com coespecífico submetido a dor crônica.
Metodologia: Camundongos Suíço-albinos machos com 21 dias de vida foram separados em pares (n=8-11) durante um protocolo de convivência de 28 dias (CEUA Nº 9094160919). Após os primeiros 14 dias de convívio, um dos animais da dupla foi submetido a cirurgia de constrição do nervo ciático (NC) ou sem constrição do nervo ciático (Sham). No 28° dia, o animal que conviveu com seu coespecífico NC (CNC) ou Sham (CS), recebeu injeção de salina ou atosibana [0,25, 0,5 e 1,0 mg/kg, intraperitoneal (i.p.)], e após 30 minutos, foi submetido ao teste no LCE para avaliação dos comportamentos [porcentagem de entrada (%EBA) e tempo gasto nos braços abertos (%TBA), entrada nos braços fechados (EBF), porcentagem de tempo gasto no centro do LCE (%TC), total de esticar (TSAP), porcentagem esticar protegido (%SAP), total de mergulhos (TMerg), porcentagem de mergulhos protegidos (%MergP) e total de levantar (tLev)], por cinco minutos. Para confirmar o convívio com o animal com nocicepção, no 29º dia foi realizado o teste de placa quente nos grupos (NC e Sham).
Resultados: Os animais NC apresentaram diminuição da latência de retirada da pata traseira ao estímulo térmico, comparados aos animais Sham [t(49) = 5,78, p < 0,001]. O convívio com o NC diminuiu a %EBA e %TBA, enquanto aumentou a %SAP e %MergP, sem alterar (EBF, TSAP, TMerg e TLev), nos camundongos CNC avaliados no LCE (p < 0,05, ANOVA). As três doses de atosibana diminuíram a %EBA e %TBA, e aumentaram %SAP, %MergP, sem alterar (EBF, TSAP e TMerg), nos CS, comparados a salina (p < 0,05, ANOVA). As injeções de atosibana (0,25 e 0,5 mg/Kg) não interferiram com os comportamentos avaliados no LCE, exceto 1,0 mg/Kg que diminuiu o TLev nos CNC, comparados a salina.
Conclusões: A constrição do nervo ciático produziu hipernocicepção, e o convívio com a nocicepção produziu aumento de ansiedade nos camundongos CNC submetidos ao LCE, conforme demonstramos anteriormente. O tratamento sistêmico com as três doses de atosibana, aumentou a ansiedade nos camundongos que conviveram com coespecíficos sem nocicepção (Sham), entretanto não alterou os comportamentos do tipo ansiogênicos em camundongos que conviveram com coespecíficos constritos. Este estudo contribui para demonstrar o envolvimento da neurotransmissão ocitocinérgica na modulação da resposta emocional induzida pelo convívio com o coespecífico com e sem dor neuropática em camundongos.
Apresentação
ID: 8973
Resumo
Ao encontrar desafios no currículo, na permanência e na diplomação do estudante com base em sua deficiência, é preciso estimular diálogos e a cooperação entre alunos, docentes e gestores sobre a implementação da Diferenciação e Acessibilidade Curricular (DAC). A partir do reconhecimento das competências, a DAC possibilita, por meio de decisões democráticas do curso, a realização de desdobramentos no currículo, no planejamento, no desenvolvimento e utilização de recursos, no gerenciamento e na avaliação de elementos pedagógicos, promovendo equidade e ações concretas que valorizem potencialidades e aspirações profissionais do alunato. Atividades práticas, realizadas por professores e universitários, impactam diretamente nesses processos. Nesse cenário, esse estudo teve como objetivo descrever e analisar as boas práticas docentes no processo de Diferenciação e Acessibilidade Curricular. Atendendo-se aos aspectos éticos, foi desenvolvida uma pesquisa colaborativa, de caráter exploratório, descritivo e qualitativo, em um curso de graduação de uma Instituição Pública da Educação Superior. Participaram da pesquisa 16 sujeitos: cinco professores/as; nove estudantes sem deficiências; e dois estudantes com deficiências. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas, observações em atividades teóricas e práticas do curso e suas filmagens. Os dados foram tratados e sistematizados para a realização da análise integrativa e concomitante discussão com a literatura científica. A pesquisa indica que a partir do conhecimento teórico, prático e da convivencialidade, os professores e alunos fomentaram as boas práticas de acessibilidade ao dialogarem, cooperativamente, sobre 3 eixos relacionados à formação e competências, sendo: 1) apesar de alguns discentes cederem caronas para um universitário com deficiência, a acessibilidade nos transportes precisa ser organizada para que seja da autonomia do estudante ir para seus compromissos nas Atividades Práticas Curriculares (APC); 2) acessibilidade comunicacional durante as práticas pedagógicas, com feedbacks e reforços positivos vindos dos professores para os alunos, sem tons de infantilização e com uma concepção biopsicossocial em relação a deficiência; 3) utilização e gerenciamento do espaço e do tempo que tangem a aula por parte dos docentes para os discentes, como o momento e as maneiras diversas de manusear os instrumentários necessários para a participação nas atividades práticas. O estudo apresentou a operacionalização de uma gestão democrática, articulando-se gradual ressignificação nas práticas pedagógicas de docentes, à luz do conceito da orquestração da acessibilidade, inclusive no que tange a reorganização dos elementos da matriz curricular do curso. Cumpre destacar o posicionamento de abertura dos participantes, os quais estão inseridos em um contexto no qual predominam: concepções biomédicas da deficiência; tradições metodológicas de desenvolvimento profissional; compreensões questionáveis sobre a relação entre competências e deficiência. Enquanto relevância social e científica, a pesquisa demonstra que a tradução da DAC no âmbito dos microcontextos provoca deslocamentos e desdobramentos que repercutem, direta ou indiretamente, em esferas que compõem meso e macrocontextos.
Apresentação
ID: 9500
Resumo
Introdução: O comportamento combinado de dois ou mais indivíduos está sujeito à seleção pelas consequências do ambiente, do mesmo modo que o comportamento operante individual. Estudos prévios utilizaram um procedimento de interdependência para a investigação da relação condicional resposta-reforço e dos efeitos do tipo de esquema de reforço sobre o comportamento coordenado. Um dos estudos que investigou os efeitos de manipulações paramétricas em esquemas de razão-fixa sobre o desempenho de duplas de ratos em condições com e sem requisito de respostas temporalmente coordenadas demonstrou a replicação da função entre taxa de respostas e tamanho da razão obtida com organismos individuais para o responder coordenado. Além disso, dados da proporção de respostas coordenadas replicaram a mesma função da taxa de respostas, enquanto as respostas individuais variaram de maneira assistemática.
Objetivo: O presente estudo teve por objetivo investigar o comportamento coordenado como função de parâmetros de esquemas de intervalo variável (VI), que gera padrões diferentes do esquema de FR, visando ampliar o entendimento dos processos de seleção de respostas coordenadas entre ratos.
Metodologia: Foram explorados os valores de VI 5s, 10s, 20s, 40s e 80s para uma condição sem requisito de coordenação e os valores VI 5s, 10s, 20s, 40s, 80s, 120s, 160s, 60s e 320s para uma condição com requisito de coordenação. Foram empregadas seis duplas de ratos, três para cada Condição. Durante os procedimentos experimentais, os ratos das duplas da Condição Coordenada eram colocados em duas caixas de condicionamento operante dispostas lado a lado e com uma divisória de acrílico transparente entre elas. A primeira resposta coordenada de pressão à barra (definida pelas respostas de ambos os ratos separadas por até 0,2s) após o intervalo estipulado pelo esquema produzia o acender de uma luz e a liberação de água (reforço) para ambos os ratos da dupla. Os ratos das duplas da Condição Individual eram colocados em caixas separadas e a liberação de água era acionada pela primeira resposta individual após o intervalo estipulado pelo esquema. A medida equivalente das respostas coordenadas para essas duplas era registrada, mas não era critério para liberação do reforço. As sessões foram feitas diariamente e eram encerradas após 45min ou até a liberação de 45 reforços. Cada manipulação do VI foi realizada por um mínimo de 10 sessões e até atingido o critério de estabilidade.
Resultados: Os dados obtidos mostraram um aumento das taxas de respostas em função do aumento da taxa de reforços para os ratos de ambas as Condições, seguido por um decréscimo nos valores mais altos de taxa de reforços. Os resultados indicam a replicação da função típica que relaciona taxas de respostas e reforços em esquemas de VI. Observou-se, também, uma maior proporção de respostas coordenadas das duplas da Condição de Coordenação, comparada à medida equivalente para as duplas da Condição Individual. Dados das pausas e taxas locais replicaram funções típicas de esquemas de VI e mostraram padrões diferentes àqueles observados em esquemas de FR.
Conclusões: Os dados obtidos pelo estudo contribuem e avançam no entendimento do responder coordenado em ratos.
Apresentação
ID: 8842
Resumo
Existem fortes evidências de correlações entre estresse parental e problemas comportamentais tanto em famílias de crianças com desenvolvimento típico quanto em famílias que possuem crianças com TEA. Resultados de pesquisas recentes mostraram que boas práticas parentais diminuem consideravelmente os comportamentos-problema, o que acarreta em uma diminuição do estresse parental e melhora na relação entre pais e filhos. O objetivo desse estudo foi correlacionar práticas parentais, estresse parental e problemas comportamentais apresentados por crianças autistas. Ele se trata de uma replicação de estudo estadunidense. A procura pelos participantes foi feita através do método snowball e contato com instituições que acolhem crianças com TEA a fim de levantar o maior número possível de participantes. Para levantamento de dados, foi utilizado um Questionário Sociodemográfico, o QRS-F (Questionnaire on Resources and Stress – Short Form), CARS (escala de avaliação do grau de severidade do autismo), ECBI (Escala de Problemas Comportamentais), e o Parenting Scale (escala de avaliação de técnicas parentais). A análise de dados foi feita através de correlações entre os testes aplicados. Houve um total de 15 participantes. A análise foi feita através do teste de correlação de Spearmann. Descobriu-se que pais que apresentam melhores técnicas parentais apresentam também menos sintomas de estresse e seus filhos, menos comportamentos-problema. Algumas descobertas adicionais completaram o estudo, como a alta correlação encontrada entre severidade do autismo e permissividade parental; severidade e verbosidade; permissividade e pessimismo.
Apresentação
ID: 9482
Resumo
Introdução
Existem desafios na educação brasileira em matemática, as avaliações conduzidas pelo INEP em conjunto da OCDE, por meio do PISA (Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes).
Mostram que os estudantes do Brasil têm escores significativamente mais baixos do que os países da OCDE, e é menor que alguns países da américa latina como, Peru, Colômbia e Costa Rica [1].
Essas dificuldades têm chamado atenção dos pesquisadores, para investigar em como o conhecimento matemático é adquirido e como ele se desenvolve. Quando falamos de relações funcionais aprendidas entre estímulos e respostas definidas como anteriores à apresentação de repertorio aritmético, estamos falando de comportamentos pré-aritméticos, como exemplo, ordenar, identificar numerais, contagem etc. [2], [3].
Jogos têm sido uma alternativa positiva e eficaz para o ensino de relações condicionais na matemática [4]–[6]. Jogos educativos normalmente são desenvolvidos com atividades planejadas para serem reforçadoras com que permitam também cuidadosa coleta de dados e o aumento da complexidade gradual.
O jogo Korsan [4] foi desenvolvido em tabuleiro baseado em rede de relações condicionais para auxiliar crianças na resolução de adição e subtração, também foram avaliadas versões digitais do jogo posteriormente, porém ambos estudos, não ensinaram ou avaliaram comportamentos pré aritméticos, A proposta deste trabalho foi construída a partir do desenvolvimento de uma nova versão digital do jogo com acréscimo de tarefas para avaliar esses comportamentos. Uma etapa importante no desenvolvimento de um instrumento de avaliação é a validação de seu conteúdo por juízes especialistas que ajudam a decidir quais devem ou não permanecer no instrumento.
Objetivo
Analisar o conteúdo de um jogo digital (Korsan) para avaliação de comportamentos pré-aritméticos.
Metodologia
Participaram três juízes especialistas, sendo dois doutores em psicologia e um doutor em Educação Matemática. Os dados foram coletados por meio de um formulário composto de 70 itens apresentadas em formato de capturas da tela. Para cada comportamento descrito, havia uma tarefa correspondente no jogo. Os juízes deveriam escolher entre três opções: a) A tarefa apresentada no jogo é adequada para avaliar comportamentos pré-aritméticos e corresponde à tarefa do enunciado, b) A tarefa apresentada no jogo é adequada para avaliar comportamentos pré-aritméticos e corresponde à tarefa do enunciado. Entretanto, ajustes são necessários, ou c) A tarefa apresentada no jogo não é adequada para avaliar comportamentos pré-aritméticos ou não corresponde à tarefa do enunciado. Em caso de escolha das alternativas b ou c, os juízes poderiam fazer sugestões de melhoria.
Resultados e conclusões
Os resultados permitiram identificar que os itens encontrados no jogo têm validade operacional e de constructo teórico, uma vez que a maioria das tarefas foi considerada adequada pelos especialistas. Cinquenta e nove porcento dos itens não receberam sugestões, 34% receberam apenas de um juiz e 7% de dois juízes, nenhum item foi classificado como não adequado. As sugestões dos juízes eram em sua grande maioria de dificuldades sobre os aspectos visuais (76%) e não necessariamente sobre o conteúdo de suas atividades. Os itens que receberam sugestões estão sendo revisados, para aplicação com o público-alvo, e continuidade a pesquisa.
Apresentação
ID: 9088
Resumo
Estudos vêm sendo desenvolvidos para avaliar a eficácia de diferentes procedimentos de ensino na aquisição de vocabulário em uma segunda língua em diferentes populações. Apesar da maioria dos estudos apontarem para a superioridade do ensino de tato (i.e., nomeação) em relação a outros tipos de procedimentos de ensino, pouco enfoque tem sido dado à escolha dos estímulos experimentais empregados nos estudos da área. O presente estudo teve por objetivo avaliar a eficácia do ensino de tato, em função do grau de preferência dos conjuntos de estímulos a serem empregados (Conjunto de Alta Preferência e Conjunto de Baixa Preferência), na emergência de respostas intraverbais bidirecionais (português-inglês e inglês-português) em um procedimento remoto. Participam três crianças com desenvolvimento típico, com idades entre seis e 10 anos de ambos os sexos. Inicialmente, foi utilizado um procedimento de avaliação de preferência de múltiplos estímulos sem substituição para definir os estímulos de alta e baixa preferência a serem utilizados no estudo. As condições experimentais foram: 1) Teste Pré-treino que avaliou o repertório inicial de tato e intraverbal das crianças diante dos conjuntos de estímulos; 2) Ensino de tato, em que o experimentador apresentava o estímulo visual (apresentado na tela do computador) em conjunto com uma dica ecóica (nome da figura em inglês), empregando um procedimento de retirada progressiva da dica e 3) Teste Pós-treino, que verificou os efeitos do ensino de tato na emergência de respostas intraverbais bidirecionais (inglês-português e português-inglês) e de respostas de ouvinte, em função do conjunto de estímulo (Conjunto de Alta Preferência e Conjunto de Baixa Preferência). Foi utilizado um delineamento de tratamentos alternados adaptado para comparar os efeitos do treino de tato em função do grau de preferência pelos estímulos e um delineamento de linha de base múltipla para o pré e pós-treino. No pré-teste os participantes não emitiram respostas corretas e, ao final, apresentaram 100% de acertos nos testes de intraverbal, indicando uma eficácia do ensino de tato na produção de emergência de relações intraverbais bidirecionais. Foi observado um número maior de acertos e a realização de um número menor de blocos de tentativas até critério para o conjunto de alta preferência quando comparado com o conjunto de estímulos de baixa preferência. O estudo realizado de forma remota replicou resultados encontrados em estudos realizados presencialmente e indicou o uso de estímulos de alta preferência como variável favorecedora para a aquisição de novos repertórios
Apresentação
ID: 9501
Resumo
Introdução:
De acordo com Martin e Pear (2009) as características do comportamento que podem ser mensuradas são denominadas dimensões do comportamento. Dentre elas, há a duração, frequência e intensidade do comportamento. O laboratório pode ser um facilitador de investigações sobre o comportamento por proporcionar um ambiente com condições especiais para observação e experimentação, permitindo a validação das leis que regem o comportamento e a compreensão de seus processos básicos. O uso de modelos animais contribuiu para diversas considerações a respeito do reforçamento intermitente e o tamanho da razão em esquemas de razão fixa (FR) e variável (VR) pode influenciar diretamente no responder, criando padrões de sucessivos aumentos na taxa de respostas (Mazur, 1983; Crossman et al., 1987). Dados de estudos prévios sugerem que a manipulação de esquemas de reforçamento afeta o responder, partindo da manipulação da consequência e das formas em que ela é apresentada.
Objetivo:
O presente trabalho teve por objetivo avaliar se ratos albino Wistar discriminam diferenças na relação entre o responder e a apresentação de consequências, quando expostos a um esquema múltiplo de razão fixa e razão variável e sob manipulações do tamanho da razão.
Metodologia:
O experimento foi conduzido no Laboratório de Psicologia da Aprendizagem (LPA) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Seis sujeitos foram expostos a três condições de razão fixa e variável em componentes com presença (FR) e ausência (VR) de sinalização luminosa, que se alternavam de forma aleatória em sessões diárias de até 30 min. Foram utilizadas caixas de condicionamento operante, ligadas a um microcomputador responsável pelo funcionamento dos equipamentos, liberação de água, acender da luz e o registro de dados. As condições em vigor foram: Mult FR5 VR5, FR10 VR10, e FR15 e VR15.
Resultados:
Os resultados mostraram que os animais não discriminaram entre os componentes de VR e FR, mas todos os sujeitos foram sensíveis à progressão nos valores de razão, mostrando um aumento na taxa de respostas por minuto em todas as condições.
Conclusões:
Os resultados consistem em uma replicação sistemática, ao manipular os esquemas de VR e FR na mesma sessão, pelo arranjo de esquemas múltiplo e confirmam os obtidos com outros experimentos envolvendo esquemas intermitentes de reforçamento.
Apresentação
ID: 8792
Resumo
INTRODUÇÃO
O sistema prisional brasileiro expandiu-se após 1990, e é o terceiro que mais encarcera no mundo. Nesse contexto, Foucault, Wacquant e Garland trazem reflexões, ainda atuais, sobre a prisão enquanto instrumento de poder e essencial para a manutenção do liberalismo, ao criminalizar a pobreza e produzir mão de obra mais barata. Egressos prisionais são marcados pelo estigma de egressos, afetando a identidade do Eu. Esse processo dificulta a reentrada no mercado de trabalho, algo essencial para a reinserção social desses sujeitos e constituição da subjetividade.
OBJETIVO
O objetivo principal do trabalho foi identificar como a dificuldade de reinserção no mercado de trabalho afeta a subjetividade dos egressos do sistema prisional.
METODOLOGIA
Realizamos 9 entrevistas semiestruturadas com egressos prisionais que frequentavam uma ONG de amparo a presos, egressos e familiares, e buscavam emprego ou realizavam trabalhos esporádicos, e 1 com uma das trabalhadoras e co-fundadora da ONG, além de revisão bibliográfica, revisão da legislação e observação de campo. A triangulação de informações foi feita a partir da Análise Temática de Minayo.
RESULTADOS
A revisão bibliográfica resultou em 12 artigos, publicados nos últimos 20 anos. Metade era da área da psicologia e apenas 3 estudavam a questão do trabalho. 11 reconheciam a relação entre população carcerária e economia. Todos afirmavam a falha do princípio ressocializador prisional, demonstrando que essa problemática é antiga, porém atual.
As legislações brasileira e de São Paulo apresentam algumas políticas de ressocialização do egresso e trabalho dentro da prisão, mas, como as entrevistas demonstraram, elas não atingem integralmente os sujeitos, além de terem lacunas.
A ONG tem forte ligação com a Igreja Católica, que visa auxiliar egressos e suas famílias. Ela oferece cursos para esses sujeitos em parceria com órgãos municipais, todos direcionados para trabalhos que oferecem baixa remuneração, além de serem, frequentemente, precários. Foi possível notar que ela supria algumas das deficiências da legislação, de forma assistencialista.
Dos entrevistados, 77,78% eram homens negros, todos começaram a trabalhar antes dos 18 anos, apenas um com trabalho formal, devido à necessidade de maior fonte de renda. Os motivos da prisão também envolviam questões financeiras em todos os casos justificados (44,45%). 7 sujeitos realizaram trabalhos precários dentro da prisão, pela possibilidade de distração e de alguma forma de renda, e depois da soltura nenhum deles conseguiu trabalho formal. A dificuldade para conseguir emprego aumentou após a soltura, trazendo sentimentos de inutilidade.
CONCLUSÕES
Ainda é pequena a quantidade de artigos com a temática desta pesquisa e apesar das tentativas de sanar as brechas deixadas pela legislação, a sociedade civil também reproduz precarização. É possível perceber sujeitos fragilizados familiar, econômica e emocionalmente, devido à dificuldade de reinserção no mercado de trabalho. O trabalho é visto como uma segunda chance da sociedade e um meio de evitar a reincidência, mas aparece em formas degradantes. A psicologia crítica pode contribuir com a problemática na promoção de políticas de ressocialização por meio do trabalho que tenham o sujeito como foco, e de formas de trabalho que sejam emancipadoras.
Apresentação
ID: 8813
Resumo
Apresentação
ID: 9106
Resumo
INTRODUÇÃO
Edmund Burke é considerado idealizador do conservadorismo em sua gênese (CASSIMIRO, 2017). Ele defende a monarquia e o monoteísmo cristão ocidental, bem como a antirrevolução, a superioridade da nobreza e a desigualdade social natural (BURKE, 1982). Essas concepções compõem um problema social por responsabilizarem determinados grupos pela degradação social, gerando e justificando diversas formas de perseguição (QUADROS, 2015; SOUZA, 2016). A partir da inter-relação entre psicologia social e individual demonstrada por Freud (2016a), é possível compreender fenômenos culturais por meio de conceitos que, embora desenvolvidos em âmbito individual, revelaram desde o início, um sujeito que se constitui por meio de interações sociais. Desta forma, pode-se investigar o movimento conservador a partir da perspectiva psicanalítica.
OBJETIVO
Por conta da ameaça que os ideais de Burke representam aos Direitos Humanos (ONU, 2009), faz-se relevante o estudo da cultura e da massa para a compreensão da adesão contemporânea ao conservadorismo (BAUMAN, 2017) cuja caracterização é semelhante à proposta em sua gênese, sendo esse o objetivo desta pesquisa.
MÉTODO
Revisão da literatura psicanalítica, sendo selecionados textos de Freud que trabalham os conceitos de cultura e massa. Foram também selecionados artigos e obras que exploram a gênese do conservadorismo, seu contexto histórico e sua manifestação contemporânea.
RESULTADOS
A defesa conservadora da antirrevolução se relaciona com o medo primitivo da degradação da massa. Esse medo fundamenta-se parcialmente na ligação libidinal estabelecida entre seus membros. Tal ligação ocorre porque os indivíduos precisam realizar o sacrifício de parte de suas pulsões para assegurar a sobrevivência do grupo. Há, portanto, um medo inconsciente de que, com o fim da massa, exista também o fim da renúncia pulsional, gerando um colapso social (BURKE, 1982; FREUD, 2016a).
Estabeleceu-se também a relação entre a defesa da monarquia e o ideal de eu. O ideal da massa pode substituir o ideal de eu individual. Esse processo constitui-se como um problema, uma vez que o ideal de eu da massa baseia-se na figura do pai primevo, indivíduo agressivo que age apenas visando a satisfação de seus próprios desejos. Submetido a essa substituição, o sujeito busca lideranças com tais qualidades, obtendo prazer narcísico por conta da identificação com o líder. São essas qualidades que Burke exalta no monarca (BURKE, 1982; FREUD, 2016a, 2016b).
Por fim, estipulou-se a relação entre a defesa da religião e o desamparo infantil. A base da religião é o desamparo infantil, o qual leva à busca de um cuidador sobrenatural capaz de poupar o indivíduo de diversos sofrimentos, desde que ele siga determinadas regras. A relação afetiva que a humanidade mantém com tal ideia de providência é mobilizada por Burke quando ele defende os valores cristãos (BURKE, 1982; FREUD, 2017).
CONCLUSÕES
Conclui-se que o conservadorismo concebido por Edmund Burke se sustenta por mobilizar afetos primitivos e infantis que se baseiam no medo de retorno a um estado de luta da humanidade contra si mesma e no desamparo dos cuidadores, os quais jamais poderão proteger completamente o indivíduo da realidade e mantê-lo em um estado onipotente narcísico.
Apresentação
ID: -
Resumo
A comunicação sempre foi de extrema importância desde os primórdios da humanidade, pois os indivíduos tornam-se capazes de expressarem sentimentos, opiniões e de cultivarem relações. A Comunicação Suplementar Alternativa – CSA trata-se de procedimentos técnicos e metodológicos que são destinados às pessoas com alguma doença, deficiência ou qualquer condição de impedimento de comunicação com outras pessoas por meio da fala. Pode ocorrer por várias formas: por meio de símbolos gráficos em cartões, pranchas ou computadores. Esses materiais permitem que o indivíduo se comunique por gestos, olhares, toque, entre outros. Podendo, por fim, expressar suas necessidades, sentimentos e vontades durante o dia a dia. A área da comunicação alternativa pode ser um modo de garantir diferentes formas de comunicação e melhorar a recepção, a compreensão e a expressão da linguagem de pessoas com deficiência e necessidades complexas de comunicação. O objetivo deste estudo foi de identificar as interações comunicativas entre pacientes com Paralisia Cerebral e profissionais da saúde e cuidadores e construir recurso de Comunicação alternativa e orientações para subsidiar a interlocução entre eles. Trata-se de uma pesquisa descritiva de cunho qualitativo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de São Carlos. O local de coleta de dados foi em um Hospital da Retaguarda localizado em uma cidade de grande porte do interior de São Paulo. Os participantes selecionados para a pesquisa compuseram dois grupos: o primeiro como participantes diretos foram dois profissionais da saúde e uma cuidadora. O segundo grupo foi composto por três pacientes adultos que residiam no Hospital. Estes pacientes foram considerados participantes indiretos na pesquisa. Os instrumentos de coleta de dados foram: entrevista com a educadora física, fisioterapeuta e cuidadora e o diário de campo para anotações acerca da rotina e interações entre os pacientes e os profissionais, bem como informações retiradas dos prontuários. Para análise de dados foi feita a transcrição das entrevistas, diário de campo e análise dos prontuários dos pacientes na busca de informações acerca da rotina e preferência dos mesmos. Os resultados apontaram que os profissionais do Hospital procuravam adaptar-se e buscar maneiras de se comunicarem com os pacientes durante a rotina realizada diariamente. De acordo com a educadora física, os pacientes são submetidos a estímulos sensoriais, motores e visuais através de atividades com músicas, instrumentos e comunicação. Quanto à comunicação, os três pacientes balbuciam e seguem objetos com os olhos e fazem contato físico. Em relação às intervenções, os símbolos gráficos foram selecionados, a partir da coleta de dados e foram elaborados os cartões para cada paciente que remetessem às preferências de cada um. Diante desta circunstância foi elaborado um guia de orientação com informações e instruções de uso dos cartões de Comunicação Alternativa. Infelizmente não foi possível analisar a implementação e uso dos cartões devido à pandemia atual de COVID-19. É de extrema importância elaborar sistematicamente possibilidades de introduzir a CSA com base nas necessidades dos pacientes, principalmente levando em consideração suas potencialidades e o meio no qual estão inseridos.
Apresentação
ID: 9471
Resumo
O sofrimento psíquico vivenciado por estudantes universitários brasileiros tem sido alvo de investigações e intervenções. As suas manifestações relatadas na literatura podem ser em forma de insegurança, depressão, estresse, ansiedade e distúrbios alimentares, entre outros. As causas também têm sido investigadas, como mudança de cidade e falta de compreensão psicossocial sobre o aluno, por parte da universidade. Ações de cuidado aos estudantes também são de longa data, ainda que sejam pontuais e descontinuadas. É somente com a implementação da Política Nacional de Assistência Estudantil - PNAES - que a atenção à saúde do estudante ganha o status de eixo estruturante da Assistência Estudantil e, a partir disso, passa a ser considerada fundamental para o combate à evasão escolar. O percurso realizado por alguém na busca de preservação da saúde, seja de maneira formal ou informal, é chamado de Itinerário Terapêutico - IT. Eles não são necessariamente pré-concebidos por quem os percorre e estudá-los pode auxiliar no planejamento, na organização e na gestão de serviços de saúde, tornando possível a construção de práticas e assistência integradas ao contexto em que estão inseridas. Portanto, na presente pesquisa, o objetivo foi compreender os itinerários terapêuticos de universitários em situação de sofrimento psíquico. Para isso, foi realizada uma pesquisa qualitativa de campo, com entrevistas semiestruturadas, que contou com a participação de cinco estudantes de graduação da Universidade Federal de São Carlos, campus São Carlos, vinculados há pelo menos 6 meses, que relataram sofrimento psíquico no período da graduação. A pesquisa foi aprovada pelo CEP/UFSCar sob o nº CAAE 24260719.0.0000.5504. Os itinerários percorridos pelos estudantes que participaram da pesquisa contaram com consulta médica, uso de medicações prescritas, psicoterapia, meditação, exercício físico, religião, apoio de família e amigos e hobbies. A busca pelos meios formais de cuidado foi realizada por meio de convênios de saúde, busca particular e pelo Sistema Único de Saúde - SUS. Os participantes da pesquisa afirmaram não buscar pelo Departamento de Atenção à Saúde da UFSCar - DeAs, sob motivos como “psicólogos hostis e farmacológicos”, filas de espera, ausência de ações de acolhimento, inacessibilidade do serviço e ineficácia. Houve buscas por projetos de extensão com vistas ao cuidado da saúde mental. As ações desenvolvidas relativas ao DeAs não têm se apresentado aos estudantes como ponto do itinerário terapêutico, conforme diretriz do PNAES, enquanto as ações pontuais têm sido acessadas nesse vazio assistencial. Os resultados obtidos apontam para a necessidade de uma política gerencial de saúde mental no campus. No entanto, estes resultados podem ser verificados com amostras mais amplas, em pesquisas de caráter quantitativo.
Apresentação
ID: 8817
Resumo
Sabe-se que os contextos familiares são fundamentais para o desenvolvimento e a aprendizagem do ser humano, principalmente de famílias de crianças com autismo, devido às particularidades desenvolvimentais que as mesmas possuem. Nesse sentido, os objetivos da pesquisa foram: (a) identificar e analisar os serviços de apoio, a satisfação parental e o suporte social de famílias de crianças com autismo e (b) relacionar a satisfação parental e o suporte social com os dados sociodemográficos das famílias de crianças com autismo. O delineamento da pesquisa é descritivo e correlacional. Participaram da pesquisa oito mães de crianças com autismo (a média de idade das mães foi 38,7 e dos filhos foi de 5,7 anos). Os instrumentos utilizados na pesquisa foram: Critério Brasil, Questionário de suporte social, Questionário de satisfação parental e um Roteiro de entrevista semiestruturado. A coleta ocorreu em forma de entrevista individual e nas residências das mães. Os dados coletados foram quantitativos e qualitativos. Os dados quantitativos passaram por análises de medidas central e dispersão e os dados qualitativos foram analisados por meio de elaboração de categorias. Para correlacionar os dados quantitativos foi utilizado o teste de correlação de Sperman. Como resultados, foi possível identificar que o serviço mais desejado era o psicológico, tanto para a família como para a criança, além do professor de Educação Especial para acompanhar a criança na escola comum. Além disso, foi identificado que, quanto maior o suporte social e emocional recebido pela família, maior era a sua satisfação parental e menor eram as suas necessidades. Apesar das dificuldades geradas pela deficiência, as mães se sentiam satisfeitas no papel de mães e encontraram nos próprios filhos o maior suporte emocional. Observa-se também que as mães de maior idade se sentiam mais satisfeitas, possivelmente por lidarem melhor com a situação, e quanto maior a quantidade de pessoas em sua rede de apoio, maior era a sua satisfação. Conclui-se, portanto, que a rede de apoio e o suporte social estavam diretamente relacionadas com a satisfação parental das famílias e com as suas necessidades.Destaca-se a necessidade de oferta de serviços e apoios gratuitos aos familiares de crianças com autismo, além de informações sobre a deficiência da criança e os tratamentos indicados para cada etapa de seu desenvolvimento.
Apresentação
ID: 9577
Resumo
Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos Anísio Teixeira (INEP) do Censo Escolar da Educação Básica sinalizam um aumento gradual no número de matrículas de alunos da educação especial na Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Ensino Fundamental. Neste contexto, observa-se a presença de jovens e adultos com singularidades e histórias de exclusão escolar, como é o caso das pessoas com Deficiência Intelectual (DI). Tendo em vista o processo de planejamento e desenvolvimento de práticas pedagógicas, como os professores da EJA têm atuado junto aos alunos com DI? Em que medida os professores refletem sobre o currículo escolar e organizam o processo de ensino a ser desenvolvido? A presente pesquisa teve como objetivo geral analisar a atuação docente no ensino de alunos com deficiência intelectual no contexto da EJA, nível Ensino Fundamental, tendo em vista o relato dos professores participantes. E, como objetivos específicos: (a) verificar como o professor da EJA planeja o ensino para os alunos com DI; (b) caracterizar as práticas pedagógicas dos professores da EJA junto aos alunos com DI. Foram participantes do estudo quatro professores atuantes na EJA, sendo o critério de participação estar ou já ter atuado em sala de aula com alunos com Deficiência Intelectual. Foram realizadas entrevistas individuais com os participantes, tendo como referência um roteiro semiestruturado com questões sobre caracterização da formação e experiência docente na EJA e com alunos com DI, relato do professor sobre elaboração do planejamento, organização do ensino, apoio (ou não) dos serviços da educação especial, demandas da atuação docente junto aos alunos com DI, dentre outros aspectos. Após leituras e sistematização dos dados, as respostas foram analisadas tendo como referência a análise do conteúdo por meio da categorização dos dados. Em linhas gerais os resultados evidenciaram que o planejamento e a atuação docente junto aos alunos com Deficiência Intelectual está diretamente relacionado com as condições ofertadas e perspectiva teórica da escola, parceria com professores da educação especial, envolvimento dos docentes e gestão escolar, busca de conhecimento do professor sobre a deficiência intelectual, formas de acesso ao currículo por parte do aluno, dentre outros aspectos. Verificou-se ainda a questão da especificidade da formação e da atuação, o que implica na valorização da atuação do professor de educação especial junto ao professor da EJA. Espera-se que esta pesquisa contribua para as discussões visando, dentre outros aspectos, conhecer a situação atual sobre atuação docente no ensino de jovens e adultos com deficiência intelectual no contexto da Educação de Jovens e Adultos.
Apresentação
ID: 9144
Resumo
Introdução: A violência contra a criança, um problema de saúde pública no Brasil, manifesta-se em diversos contextos, com várias consequências para as vítimas, incluindo nos relacionamentos interpessoais e na produção de sofrimento psíquico intenso. Tendo em vista que cotidianamente diversos direitos de crianças são violados no Brasil, faz-se necessário o desenvolvimento de intervenções psicoeducativas com o propósito de prevenir a violência ou encaminhar os casos em que a violação de direitos já ocorreu. Considerando a escassez de programas de intervenção dessa natureza no âmbito nacional, uma alternativa seria a adaptação de programas internacionais, reconhecidos como bem sucedidos, para a cultura e realidade das crianças brasileiras. Assim, o presente estudo englobou as primeiras etapas concernentes à adaptação transcultural de um programa internacional de prevenção e combate à violência contra crianças.
Objetivo: Adaptar para a realidade brasileira um programa internacional que visa a prevenção da violência e a promoção de resiliência junto a crianças em situação de vulnerabilidade social.
Metodologia: O programa em questão, desenvolvido pela Save The Children da Dinamarca, intitula-se “The children’s resilience programme: Psychosocial support in and out of schools”. O presente estudo teve como principais procedimentos a tradução do material da língua inglesa para a portuguesa pela pesquisadora, seguida pela equivalência experiencial ou contextual. Depois, foi realizado o processo de fidedignidade do avaliador, ou seja, uma revisão dessa primeira versão adaptada por um comitê de especialistas externos com notório saber na área em que este estudo se insere. O comitê de especialistas supracitado avaliou cada sessão do programa a partir de três dimensões: pertinências semântica, idiomática e cultural. Para tanto, foi construído um formulário para que cinco especialistas analisassem o programa levando em consideração o público a qual se destina o programa – crianças de 10 a 12 anos que residem em regiões de exclusão e vulnerabilidade social. Os dados obtidos foram analisados descritivamente por meio de softwares que possibilitam análises estatísticas.
Resultados: Os juízes identificaram o programa como passível de adaptação para o contexto nacional, mas sugeriram alterações que se referiram especialmente a: i) alterações em relação a vocábulos e expressões características do dialeto nacional; ii) acréscimo de exemplos em algumas sessões, para uma maior compreensão pelas crianças dos conteúdos tratados; iii) enfatizar, em algumas atividades, que as crianças não são culpadas por episódios de violência que eventualmente sofrem; e iv) inserção de vídeos de curta duração em algumas sessões, com o objetivo de tornar as atividades mais dinâmicas e compreensíveis.
Conclusões: A presente pesquisa trouxe contribuições importantes para a temática, já que através dela, foi possível a constituição de um material relevante para o desenvolvimento das etapas de um estudo de adaptação cultural de programas direcionados à prevenção da violência, tema ainda negligenciado nas pesquisas da área. Também pretende-se realizar, futuramente, a publicação do material, para que profissionais da área tenham acesso a um manual completo de intervenção na temática da prevenção à violência.
Apresentação
ID: 9146
Resumo
Introdução: Crianças e adolescentes com diagnóstico de câncer experienciam diversos fatores estressores, sejam esses físicos, psicológicos, sociais e/ou espirituais, os quais podem se caracterizar como fatores de risco para o desenvolvimento e para a qualidade de vida desses indivíduos. A resiliência pode ser observada em diversos pacientes com esse diagnóstico e se constitui como um importante mecanismo de enfrentamento do processo do adoecer. Os processos de resiliência podem ser facilitados pela realização de intervenções, sendo que ações desse porte podem se tornar fatores protetivos ao longo do curso da doença.
Objetivo: Diante disso, o objetivo desta investigação foi realizar uma revisão sistemática da literatura para compreender como o fenômeno da resiliência é estudado em crianças e adolescentes com diagnóstico e em tratamento do câncer.
Metodologia: Para assegurar o rigor metodológico, recorreu-se às diretrizes do protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis), o que permitiu o desenvolvimento de dois estudos. Enfatizou-se, no primeiro estudo, as estratégias metodológicas de investigação com essa população. Já o segundo estudo visou a realização da caracterização acerca das intervenções, documentadas e validadas cientificamente, que promovem resiliência no grupo supracitado. Elegeu-se as seguintes bases de dados: PUBMED, PsycINFO, SciELO, PePSIC, LILACS e IndexPsi. Não foram definidos intervalos de tempo para as buscas e as publicações selecionadas foram redigidas em português, espanhol e inglês. Após a busca, os critérios de inclusão e de exclusão foram aplicados, selecionando 31 e 6 artigos, respectivamente no Estudo 1 e Estudo 2. A análise dos artigos foi feita a partir de categorias temáticas previamente definidas.
Resultados: Metodologicamente, percebeu-se um predomínio de pesquisas quantitativas com delineamento transversal, o que pode limitar a visão acerca de um fenômeno tão complexo quanto a resiliência. Apesar disso, identificou-se uma diversidade nos instrumentos utilizados para estudá-la, de maneira a abranger variados construtos associados à resiliência e ao contexto das crianças e dos adolescentes com câncer. Foram identificadas apenas duas intervenções focadas nessa população, o que evidencia uma área ainda pouco explorada, dada a grande demanda existente desse grupo de pessoas. Mesmo em número reduzido, as intervenções estudadas se mostraram efetivas na melhora da qualidade de vida das crianças e dos adolescentes participantes das pesquisas, assim como nos indicadores de resiliência apresentados por eles. Todos os estudos analisados apresentam limitações significativas, normalmente, relacionadas com a representatividade da amostra e a generalização dos resultados.
Conclusões: O fenômeno da resiliência é complexo e multifatorial, exigindo estudos que a compreendam de forma contextual. As predominâncias observadas nas revisões geram um conhecimento restrito a uma realidade histórico-cultural específica. Portanto, são necessários estudos com amostras mais heterogêneas, em diferentes contextos. Recomenda-se, ainda, um investimento nas pesquisas longitudinais, de natureza qualitativa ou fundamentadas na abordagem do mixed-methods e que foquem também na população infantil. Dessa forma, será possível obter um conhecimento mais verossímil sobre os processos de resiliência, o que permite o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento e de intervenções promotoras de resiliência para garantir qualidade de vida e desenvolvimento saudável às crianças e aos adolescentes com câncer.
Apresentação
ID: 9566
Resumo
O presente estudo teve como objetivo avaliar as influências de intervenções psicopeducacionais na prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) em jovens pré-vestibulandas de um curso pré-vestibular sem fins lucrativos da cidade de São Carlos, São Paulo. Participaram do estudo 2 estudantes de 18 anos.
Foi utilizada metodologia qualitativa e triangulação de métodos e dados para compreensão do fenômeno estudado. No primeiro encontro da intervenção houve aplicação do SRQ-20 (Self Report Questionnaire 20 - SRQ-20) para avaliar a presença de transtornos mentais comuns, resposta ao questionário sócio demográfico de criação própria e oferta da oficina psicoeducacional elaborada pela equipe do Programa de Capacitação Discente ao Estudo (ProEstudo) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) referente a planejamento das sessões de estudo e uso de agenda. Na semana seguinte foi realizado um grupo focal sobre depressão e ansiedade e após aproximadamente 45 dias foi realizada uma entrevista clínica semiestruturada e reaplicação do SRQ-20.
As análises dos dados obtidos pelas intervenções apontam para a indissociabilidade das dimensões sociais, culturais, financeiras dentre outras às questões de sofrimento psíquico no período pré-vestibular em jovens adultos. Em suma, esse sofrimento está relacionado às expectativas sociais e pessoais próprias, déficits educacionais, desenvolvimentais e ausência de uma educação superior universal, portanto, ligado a esfera psicossocial.
De modo geral não se pode afirmar que o aumento ou diminuição dos scores do SRQ-20 das participantes sofreu influência direta da intervenção, mas ambas citaram a intervenção com um dos mecanismos promotores de ensino e saúde mental quando somado a aulas específicas do pré-vestibular, religião, psicoterapia, podcasts etc. Por isso, destaca-se a importância de ampliar o número de participantes em estudos similares e posteriores.
Apresentação
ID: 9465
Resumo
A saúde mental dos universitários vem ganhando grande atenção nas mídias e redes sociais. Algumas pesquisas demonstram maior prevalência de transtornos mentais menores entre universitários do que na população geral com mesma faixa etária, sendo vários os fatores de risco associados. Entretanto, raras são as pesquisas que estudam os determinantes educacionais da saúde mental discente. Diante disso, esta pesquisa objetivou analisar a relação entre práticas educativas dos professores do Departamento de Matemática da UFSCar – São Carlos e sofrimento psíquico dos estudantes de graduação presencial em engenharia. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas no final do primeiro semestre de 2019, com nove estudantes, um de cada uma das engenharias ofertadas no campus São Carlos e dois da Engenharia Elétrica e os resultados foram avaliados por meio da técnica de análise de conteúdo de Bardin. As análises demonstraram que os estudantes deduzem relação entre práticas educativas e sofrimento psíquico, havendo práticas mais associadas com este e com a dificuldade de aprendizagem, como: a cobrança excessiva de demonstrações matemáticas em cursos de engenharia, a utilização de apenas um método avaliativo (prova) na disciplina, a sobrecarga discente, a incoerência entre o conteúdo passado e as avaliações e a complexidade das explicações. Em contrapartida, demonstrações práticas do conteúdo e proximidade e preocupação docente foram apontadas como importantes para a aprendizagem e para a saúde mental dos estudantes. Em suma, o estudo buscou destacar os determinantes educacionais do sofrimento universitário de modo a embasar futuras intervenções locais, especialmente de prevenção. Espera-se, portanto, que a Universidade assuma sua responsabilidade social enquanto promotora de saúde e atue em continuidade de cuidado com a Rede de Atenção Psicossocial – RAPS do município de São Carlos.
Apresentação
ID: 9512
Resumo
A língua brasileira de sinais (Libras) foi reconhecida em 2002 como principal meio de comunicação e expressão da comunidade surda por meio da Lei nº 10.436/02 e foi regulamentada em 2005, pelo Decreto nº 5.262/05, que garante os principais direitos das pessoas surdas. O reconhecimento legal da língua de sinais impactou diferentes esferas sociais com grande destaque à educacional e a da saúde garantindo o acesso a serviços básicos aos surdos por meio da Libras. Porém, algumas áreas da sociedade foram afetadas tardiamente por esse reconhecimento legislativo da Libras e, entre elas, destacam-se as esferas de produções audiovisuais cinematográficas e televisivas. Em 2005, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) lançou a NBR 15.290 que dispõe sobre a acessibilidade em comunicação na televisão arbitrando, dentre outros aspectos, sobre a forma adequada de proposição e inserção da janela de Libras em obras audiovisuais. Em 2015, a aprovação do Estatuto da Pessoa com Deficiência por meio da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) N. 13.146 impulsionou a presença da língua de sinais no audiovisual, especificamente na esfera política, por determinar que propagandas político-partidárias obrigatórias e debates ao vivo ofereçam ao público surdo janelas com tradução e interpretação da Libras. Em 2018, três anos depois da publicação da LBI, o Brasil foi palco das eleições nacionais para ocupação dos cargos de deputado federal, deputado estadual ou distrital, senador, governador e presidente da república, sendo um movimento político de grande escala e mobilização e que envolve toda a nação. A comunidade surda teve grande visibilidade com a aplicação da LBI pelos partidos políticos nesse período visto que (quase) todas as propagandas contaram com a presença de tradutores e intérpretes dessa língua. Todavia, questiona-se se as janelas que foram inseridas nas propagandas político-partidárias de 2018 eram adequadas para a população surda ou se obedeceram a alguma instrução oficial como a NBR 15.290/05 da ABNT ou o Guia de Produções Audiovisuais Acessíveis do Ministério da Cultural (NAVES, et. al. 2016). Esta pesquisa, que se caracteriza por um estudo quanti-qualitativo de caráter exploratório e analítico, teve por objetivo analisar as janelas de Libras utilizadas nas propagandas políticas eleitorais obrigatórias para presidência da república no primeiro turno das eleições de 2018. O levantamento das propagandas ocorreu por gravação durante sua transmissão na tv, com o programa Apowersoft Screen Recorder, e também a plataforma YouTube. Considerando a proposta da NBR 15.290/05 da ABNT e a aplicação da película elaborada para essa pesquisa analisou-se 13 vídeo-propagandas e observou-se o não cumprimento das normativas oficiais nas campanhas eleitorais, além da disparidade das janelas inseridas em relação à proposta técnica no que diz respeito ao fundo e, principalmente, ao tamanho da janela.
Apresentação
ID: 9328
Resumo
Essa pesquisa teve como objetivo fazer um levantamento de obras audiovisuais contempladas pela Agência Nacional do Cinema (ANCINE) com recursos para inserção de recursos de acessibilidade e analisar as formas de apresentação das janelas de Libras. Desde 2014, a agência exige, por meio das Instruções Normativas Nº116/14 e Nº128/16, que as obras audiovisuais por ela financiadas apresentem obrigatoriamente recursos de acessibilidade como Legendagem Descritiva para Surdos e Ensurdecidos, Audiodescrição e Janela de Libras. Entretanto, pouco se sabe sobre as reais condições de inserção desses recursos, em especial da Janela de Libras que é um recurso visual de grande impacto que se sobrepõe à peça audiovisual. Para fazer o levantamento das obras financiadas pela ANCINE, contatou-se a Cinemateca Brasileira por meio do Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão que enviou uma listagem com 2978 projetos contemplados com os recursos públicos destinados à inserção de acessibilidade. Dessas, 558 já haviam sido finalizadas e entregues à Cinemateca sendo que 443 obras contavam com janela de Libras e 115 contavam apenas com os recursos de Legendagem Descritiva e Audiodescrição. A Cinemateca Brasileira informou, entretanto, sobre a impossibilidade de acesso aos materiais que foram entregues por meio do depósito legal, visto que do momento que são depositados nesta modalidade tornam-se propriedade da união e deixam de seguir as regras dos depósitos voluntários sendo possível o acesso apenas ao depositante mediante comprovação de excepcionalidade. Por orientação da própria Cinemateca, contatou-se, por meio de um ofício enviado por e-mail, as 213 produtoras que produziram as 443 obras que contavam com o recurso da janela de Libras. Foram recebidas 28 obras, sendo 12 produções destinadas ao cinema e 15 à exibição televisiva. Destas 28 obras, 2 continham os arquivos da produção audiovisual e da janela de Libras separados, impossibilitando a análise. Por isso, considerou-se, para análise comparativa, 26 obras. Encontrou-se inconsistências na padronização das janelas de Libras das produções audiovisuais analisadas tanto quanto a localização, fundo utilizado, recorte e edição, quanto ao cumprimento ou não das normas propostas pela NBR 15.290/05 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pelo Ministério da Cultura no Guia para produções audiovisuais acessíveis publicado em 2016. Das 26 obras analisadas, apenas 9 seguiam o tamanho padrão sugerido pela ABNT e nenhuma seguia a proposta do Ministério da Cultura. Entre as variações encontradas nas janelas de Libras estavam diversos posicionamentos na tela, diferentes recortes (janelas redondas e quadradas), edições (janelas com fade-in e fade-out e janelas fixas em tela durante todo período da obra) e diferentes fundos utilizados como o chroma-key, tanto sem edição com o fundo verde, como com a transparência aplicada, fundos brancos opacos e fundos semitransparente. Conclui-se, com isso, que as obras que recebem financiamento público da ANCINE estão inserindo janelas de Libras de forma indiscriminada e sem consulta às orientações técnicas existentes. Além disso, a dificuldade de acesso às obras acessíveis em Libras escancara a incoerência e o descompasso entre a proposição de políticas públicas de acessibilidade e o acesso do público surdo à cultura audiovisual brasileira.
Apresentação