Departamento de Hidrobiologia

APLICAÇÃO DE MÉTRICAS DE COMPLEXIDADE DA PAISAGEM PARA AVALIAÇÃO DA RESILIÊNCIA DE ÁREAS VERDES URBANAS

Autores: Gabriele Luiza Cordeiro Pereira, Cláudio Bielenki Júnior, Sérgio Henrique Vannucchi Leme de Mattos

ID: 9099

Resumo

Introdução

Um sistema caracteriza-se por ser um conjunto de elementos interconectados, que formam um todo organizado (BATISTA, 2011). Dividem-se em: simples, complicado, complexo e caótico (SNOWDEN & BOONE, 2007). Para Rand (2015), sistemas complexos são aqueles que são melhor entendidos por meio de métodos que permitem a modelagem e a análise das interações de diferentes partes do sistema. A cidade é um exemplo representativo de sistema complexo ambiental. Garantir qualidade de vida e qualidade ambiental na cidade representa um grande desafio para promover a sustentabilidade deste sistema e para o qual as áreas verdes urbanas têm papel fundamental.

 

Objetivo

O objetivo da presente pesquisa é avaliar, por meio de medidas baseadas na entropia informacional, a complexidade (no sentido de heterogeneidade espacial) e a resiliência de áreas verdes presentes nas Bacias Hidrográficas do Córrego da Água Quente e do Córrego da Água Fria (São Carlos – SP) visando contribuir para o estabelecimento de um Sistema de Espaços Livres nesta região.

 

Metodologia

Para avaliar a complexidade dos padrões dos diferentes usos e da resiliência de áreas verdes presentes nas bacias hidrográficas foram usadas métricas de paisagem baseadas na entropia informacional. Dentre as três categorias para classificar medidas de complexidade - 1ª) medidas que associam complexidade à desordem; 2ª) medidas que associam a complexidade a uma região intermediária entre ordem e desordem; e 3ª) composta por medidas que atribuem maior complexidade aos padrões ordenados (SHINER et al., 1999) - utilizamos tanto a medida de variabilidade He/Hmax (pertencente à categoria 1) como as medidas de complexidade LMC e SDL (as quais se enquadram na categoria 3.

Para o cálculo das medidas de complexidade, foram usados os scripts 'CompPlex HeROI' e 'CompPlex Janus, desenvolvidos na linguagem computacional Phyton para serem executados no Sistema de Informação Geográfica QGIS. Esses scripts foram aplicados a imagens de sensor remoto CBERS 4 das áreas estudadas, as quais foram classificadas de acordo com uso e cobertura da terra.

 

Resultados

Os resultados da aplicação do CompPlex HeROI em regiões de interesse de cinco classes utilizadas. As áreas de vegetação natural apresentaram valores mais próximos à ordem para a métrica He/Hmax. Já para as métricas LMC e SDL, tais áreas também apresentam valores altos, representando padrões de maior complexidade.

Já a análise dos mapas de complexidade gerados pelo CompPlex Janus mostrou que as áreas de vegetação natural apresentaram valores intermediários para a medida He/Hmax e valores mais elevados para as medidas SDL e LMC, representando regiões de maior complexidade.

Conclusão

Para as áreas de vegetação, os resultados obtidos para as bacias do Córrego Água Quente e Córrego Água Fria são semelhantes e mostram que se trará de áreas com padrões mais complexos do que outras áreas com outros tipos de uso e ocupação da terra. Dentre as áreas de vegetação analisadas, aquelas que apresentam padrões mais complexos e áreas maiores e/ou próximas a outras com tal característica foram elencadas como áreas prioritárias para integrar um Sistema de Espaços Livres no município de São Carlos.

Apresentação

LARVAS DE CHIRONOMIDAE (DIPTERA) COMO SUPLEMENTAÇÃO DE RAÇÃO DE PEIXES NA PISCICULTURA: ALTERNATIVA PARA O PEQUENO PRODUTOR

Autores: Alex Castro do Santos Morais, Maíra Alcântara Proença, Lívia Maria Fusari

ID: 9132

Resumo

A alimentação é um fator determinante para a qualidade e o custo da produção (Zhou et al., 2018). Na América Latina a aquicultura tem se limitado principalmente à atividade industrial em larga escala, dependendo de rações manufaturadas dispendiosas. Os altos custos dos alimentos manufaturados são considerados um fator limitante para a expansão da cultura de peixes e o acesso às populações mais pobres (Flores-Nava, 2007; Velásquez et al., 2016). Uma das pesquisas prioritárias para solucionar esses problemas na próxima década é apontada por Slater & D’Abramo (2018) como sendo a busca de ingredientes alternativos como fonte de proteína para produção de rações. A utilização de fontes de alimento de origem animal é de extrema importância para o suprimento energético e nutricional dos peixes cultivados (Tamer El Sayed Ali et al., 2016; Beyruth et al., 2004). Sendo assim, incrementar larvas de Chironomidae na ração ofertada aos peixes pode ser interessante. Como observado no trabalho de Beyruth e colaboradores (2004) os peixes apresentaram uma preferência por alimentos naturais, como macro e micro invertebrados e, em especial, pelas larvas de Chironomidae. Os Chironomidae são uma importante fonte de proteínas, pois suprem as necessidades nutricionais dos peixes.

O objetivo deste trabalho é realizar um levantamento bibliográfico dos principais artigos científicos que realizaram pesquisas na área de suplementação da alimentação de peixes, sendo com a utilização de proteína de origem animal, vegetal ou outros. A partir desse levantamento, realizar um estudo cienciométrico sobre o tema e analisar os principais pontos já estudados e os que ainda precisam ser explorados.

A metodologia escolhida para a realização do estudo cienciométrico foram indicadores bibliométricos. Uma evidência da presença e da qualidade das pesquisas científicas é dada pelo uso de indicadores bibliométricos para estudar as atividades de pesquisa de um país, pois é através da difusão de um novo conhecimento pela comunidade científica que ele adquire seu valor (Silva et al., 2001; Maricato, 2010). Para o presente estudo, foram selecionados os seguintes indicadores bibliométricos:

- Quantos trabalhos utilizando suplementação de ração para peixe houveram no Brasil?

- Quantos desses trabalhos utilizaram suplementação de origem vegetal?

- Quantos desses trabalhos utilizaram suplementação de origem animal?

- Quantos desses trabalhos utilizaram Chironomidae para a suplementação da

alimentação dos peixes?

- Quantos desses trabalhos foram aplicados à piscicultura?

- Em qual época, nas últimas décadas, houve maior interesse por essa área de

pesquisa?

Após o levantamento realizado, foram encontrados 31 principais artigos que tratam sobre algum tipo de suplementação de rações de peixe e posterior análise de sua eficiência. Todos esses trabalhos foram produzidos no Brasil, em diferentes regiões, em diferentes épocas. Foram encontrados 16 trabalhos que utilizaram suplementação de origem vegetal, 15 que utilizaram suplementação de origem animal e 1 que utilizou levedura como suplementação.

A partir dos estudos levantados sobre suplementação de rações para peixes utilizando fontes de proteína variadas, é possível concluir que a utilização de fontes proteicas naturais podem apresentar melhor desempenho no desenvolvimento dos peixes, porém, mais estudos precisam ser realizados nesta área.

Apresentação

LEVANTAMENTO E DIVERSIDADE DE CHIRONOMIDAE (DIPTERA) EM DOIS CÓRREGOS DE BAIXA ORDEM NO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, ATRAVÉS DA COLETA DE EXÚVIAS DE PUPA

Autores: Isabella Aparecida Bertini, Lívia Maria Fusari

ID: 8904

Resumo

Introdução: Diptera da família Chironomidae são importantes invertebrados da comunidade bentônica sendo capazes de colonizar diversos sistemas lênticos e lóticos sob as mais variadas condições ambientais. Os estágios de ovo, larva e pupa são restritos ao ambiente aquático, enquanto o estágio adulto é aéreo. Quando o adulto está completamente desenvolvido, realiza ecdise e emerge à superfície deixando a exúvia da pupa flutuando sob o leito da água. A coleta é adequada para uso em avaliações biológicas, pois contém muitas espécies diferentes, cada uma com suas próprias exigências ambientais. Além disso, ela é capaz de refletir todos os indivíduos imaturos que foram capazes de chegar à vida adulta com sucesso, além de também não interferir na teia alimentar local e não implicar em questões éticas, já que não há testes em animais vivos em laboratório.

Objetivo: Caracterização e comparação da diversidade e riqueza de Chironomidae (Diptera) através do exúvia de pupas, nos córregos do Fazzari e Espraiado, no campus da UFSCar em São Carlos, São Paulo.

Metodologia: As coletas foram realizadas em dois córregos localizados no campus da UFSCAR, em São Carlos – SP e fazem parte da bacia do Tietê. As coletas de exúvias foram realizadas no período de outubro/2019 a março/2020, de duas maneiras, com redes de deriva tipo Brundin e redes de mão (puçá). Os exemplares foram contabilizados de acordo com cada táxon e analisados de acordo com o índice de Shannon-Wiener (H’), equitabilidade de Pielou (J), riqueza de espécies (S), número de indivíduos (N), o coeficiente de similaridade de Jaccard (Cj) e porcentagem de similaridade (PSc).

Resultados: Foram coletadas e identificadas 436 exúvias, distribuídas em 17 táxons sendo 15 no córrego do Espraiado e 15 no córrego do Fazzari. O índice de similaridade de Jaccard aponta que os dois córregos possuem alta similaridade (Cj: 0,765). A precipitação durante o período da coleta foi um fator considerável. O que pode ser a causa da semelhança entre a participação de Chironominae e Orthocladiinae. A maior participação foi da subfamília Chironominae com 46,7% no Espraiado e 48,61% no Fazzari, embora a participação da subfamília Orthocladiinae tenha sido próxima com 45,7% e 37,12%, respectivamente. O Fazzari, rico em folhas, troncos e frutos sob a superfície da água, teve maior participação do gênero Corynoneura, que habita regiões de depósitos como essa. O gênero Tanytarsus, amplamente distribuído, teve grande participação tanto no Fazzari quanto no Espraiado. Já o gênero Lopescladius, conhecido por habitar regiões de solo arenoso e de grande regime de chuva, foi o mais encontrado no Espraiado.

Conclusões: Ambos os córregos possuem fauna e distribuição semelhantes, apresentando índices de diversidade semelhantes, possivelmente pelo fato de ambos os córregos estarem no Cerrado e pertencerem à mesma bacia hidrográfica.

Apresentação

MAQUETE DINÂMICA COMO FERRAMENTA DE ENSINO SOBRE O CICLO DA ÁGUA URBANO

Autores: Letícia Kamimura Almeida, Luana Lume Yoshida, Marcela Bianchessi Cunha-Santino

ID: 8846

Resumo

A água é indispensável para a sobrevivência de todos os organismos, sendo esse recurso impactado por diversas atividades antrópicas causadas, muitas vezes, pela falta de consciência ambiental (DE MATTOS, 2009). Nesse contexto, a Educação Ambiental busca promover a compreensão da realidade com uma visão integrada do meio (FERREIRA & AOKI, 2016), sendo um instrumento que auxilia na formação de cidadãos ambientalmente responsáveis (DE MATTOS, 2009). O estudo das águas, mais especificamente do ciclo hidrológico, permite que os alunos percebam a importância de se preservar o ambiente, o que impacta suas ações cotidianas (FERREIRA & AOKI, 2016). O presente trabalho teve como objetivo confeccionar um recurso didático com material reciclado para ser utilizado no ensino de Ciências como ferramenta didática. A elaboração desse material faz parte do projeto intitulado Água, Pesquisa e Extensão (Projeto AGUApe). O recurso escolhido foi uma maquete dinâmica, logo que ela possui como principal característica representar a realidade e possibilitar interação com o aluno (FERNANDES et al., 2018). Para realizar a confecção da maquete foram utilizados: caixa de chá; caixa de leite; caixa de sapato; caneta; cartolina; cola quente; EVA; fita adesiva; garrafa PET; palito de sorvete; papel crepom; pedras; tesoura; e terra. Foram elaborados os seguintes elementos para compor a maquete: árvores, um prédio, a estrutura que simboliza o lençol freático, a área não impermeabilizada e a área impermeabilizada. Ao utilizar a maquete, o aluno perceberá duas áreas: (i) impermeabilizada: a de asfalto e calçada e (ii) natural: a com árvores e mato; desde modo, ao adicionar água na área com plantas, esta será filtrada pelo solo, percolará pelo lençol freático e poderá se conectar a uma nascente (mostrando o caminho das águas subterrâneas) ou uma lagoa ou rio (indicando a rota das águas superficiais). Porém, o aluno será capaz de visualizar que esse processo não acontecerá nas áreas asfaltadas e calçadas. A maquete representa um recurso didático dinâmico para ilustrar a mudança do ciclo hidrológico em função da impermeabilização do solo causada pela urbanização. Assim, com a utilização da maquete nas aulas que contemplam a temática da água, os discentes serão sensibilizados com o tema água e poderá contribuir hoje e futuramente na proteção desse recurso natural indispensável à vida na Terra.

Apresentação

TOXICIDADE DO SULFATO DE COBRE E DA ACRIFLAVINA NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE ALFACE (LACTUCA SATIVA)

Autores: Luana Lume Yoshida, Marcela Bianchessi Cunha-Santino

ID: 8990

Resumo

O sulfato de cobre é um composto aplicado como algicida (EFFLER et al., 1980) e herbicida e, também, atua contra infecções bacterianas (REARDON & HARRELL, 1990) e ectoparasitas de peixes, sendo aplicado como um parasiticida (STRAUS & TUCKER, 1993). É, portanto, um tratamento comum em viveiros de aquicultura (CARBONELL & TARANOZA, 1993). Antimicrobianos e antibióticos, também, podem ser acrescentados em incubatórios, visando reduzir a transmissão de bactérias do indivíduo adulto para o ovo do peixe (DOUILLET & HOLT, 1994). Atualmente, evitando gerar resistência dos microrganismos, efetuam-se banhos nos ovos com agentes químicos (e.g. acriflavina), concentração e tempo específicos (TUCKER, 1998; IBARRA-CASTRO et al., 2012). Considerando o uso dessas substâncias, o objetivo desse estudo foi analisar a toxicidade de diferentes concentrações do sulfato de cobre e da acriflavina na germinação de sementes de alface conforme o protocolo de Liu, Zhang & Lal (2016). Analisou-se 400 sementes por meio de ensaios laboratoriais, 50 para cada tratamento, sendo 4 tratamentos para cada substância (controle: apenas água destilada e 3 concentrações): 1 mg/L, 5 mg/L, 10 mg/L de sulfato de cobre e 4,5 mg/L, 22 mg/L, 55 mg/L de acriflavina. As amostras do controle apresentaram crescimento médio de 7,08 ± 2,13 cm. As sementes submetidas ao sulfato de cobre (n = 150) apresentaram crescimento médio de 5,42 ± 2,53 cm (1 mg/L), 2,81 ± 1,87 cm (5 mg/L) e 2,97 ± 2,01 cm (10 mg/L), sendo a diferença de crescimento, respectivamente, 23,45%, 60,31%, e 58,05% em relação ao controle. Houve diferenças significativas entre o controle e as demais concentrações (p < 0,0001) e, nas concentrações de 5 e 10 mg/L, não houve diferenças significativas (p > 0,05). Em relação à acriflavina, os crescimentos médios foram: 6,25 ± 2,94 (controle), 6,37 ± 2,69 (4,5 mg/L), 6,40 ± 2,16 (22 mg/L), e 5,22 ± 3,08 (55 mg/L), sendo que não houve diferença significativa (p > 0,05), indicando que a acriflavina não apresenta interferência no crescimento de sementes de alface. Foi possível concluir, que o sulfato de cobre apresenta maior toxicidade que a acriflavina, considerando que a concentração mais baixa resultou em diferenças significativas, o que demanda mais pesquisas sobre essas concentrações e seus efeitos nos ambientes aquáticos, além, do estabelecimento de uma legislação e fiscalização do uso do sulfato de cobre.

Apresentação