Departamento de Medicina

A MEDIDA DA SAÚDE COLETIVA COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO: CONSTRUINDO UM OBSERVATÓRIO DO CUIDADO EM SAÚDE

Autores: Danilo Nogueira Evangelista, Geovani Gurgel Aciole

ID: 8767

Resumo

Introdução:

A elaboração de um perfil do estado sanitário, que leve a uma avalição de saúde, tem como função o apoio na análise e ação prática da gestão em saúde (ROUQUAYROL; FILHO, 2003). Por meio dessa ferramenta pode-se basear políticas públicas de intervenção, aprimorar ações instaladas, e contribuir teoricamente com a formação do conhecimento (CONTRANDRIOPOULOS et al., 1997).

Objetivo:

O objetivo é a construção de um observatório do cuidado em saúde, para auxiliar na estratégia de análise, servindo de apoio à gestão de saúde.

Metodologia:

Estudo ecológico descritivo com dados secundários, referente ao DRS III (2009-2019). Os indicadores escolhidos foram: mortalidade; casos de HIV, sífilis congênita, Tuberculose pulmonar bacilífera, Hanseníase; proporção de leitos SUS/1.000 hab. e cobertura da Estratégia de Saúde da família - ESF (extraídos da página: http:// datasus.saude.gov.br). Os valores referentes a população e taxa natalidade, foram retirados da Fundação SEADE (https://www.seade.gov.br/).

Resultados:

Observa-se uma mudança significativa da idade média da população do DRS III quando observado a pirâmide etária no período considerado; de 25 a 29 anos em 2011 (N=927.198) para 30 a 34 anos em 2019 (N=984.884). A projeção para o ano de 2050 indica uma prevalência da faixa dos 75 anos. Nesse período, há um aumento da proporção de idosos de ~21,9%.

As causas de óbitos mais comuns são: doenças do aparelho circulatório, neoplasias e doenças do aparelho respiratório (N=74.899). Dentre as causas externas, acidentes de trânsito, homicídios e suicídios são as mais presentes (N=5.810). Considerando as faixas etárias da mortalidade infantil (TMI) há uma prevalência da neonatal precoce (0-6 dias); e a TMI geral apresenta um decréscimo de variação percentual (22,6%).

Os casos de tuberculose pulmonar bacilífera -TB (N=1.041), em de 2009-2018 obteve uma variação percentual positiva de 39,6%. É apresentado um decréscimo dos casos de hanseníase e óbitos por HIV (N=371, N=181 e variação negativa de ~73% e ~43%, respectivamente, ambos valores). Em relação a sífilis congênita (< de 1 ano, N=473), o período obteve variação percentual positiva (32,4%).

A cobertura da ESF apresentou variação percentual positiva (2009 e 2019), aumento de ~64,8%; de 25,63% para 42,08%, respectivamente. A proporção de leitos SUS/1.000 hab. apresentou variação percentual negativa (1,37 em 2009, para 1,05 em 2019).

Conclusões:

Conclui-se que há uma alteração do perfil demográfico do DRS III que acompanha a transição brasileira (envelhecimento) (MARLI, 2019) sugerindo uma relação com a presença das consideradas DCNT (doenças crônicas não transmissíveis) como causa de óbitos (MALTA et al., 2019). Há também o destaque para a mortalidade infantil na faixa neonatal precoce, o que sugere uma proximidade com causas consideradas evitáveis (VICTORA et al., 2020). Dentre as doenças transmissíveis há uma maior presença da TB e da sífilis congênita. Em relação a cobertura da ESF, seu acréscimo demonstrado é fundamental para o avanço da atenção primária. A proporção de leitos SUS apresentou uma redução, o que pode ser relacionada a vários motivos, tal como, uma maior migração da rede suplementar (AMIB, 2020).

Apresentação

ACOMETIMENTO DERMATOLÓGICO EM PACIENTES COM INFECÇÃO POR HIV/AIDS NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS

Autores: Gabriela Rios Catelani, Maria Paula Barbieri D'Elia, Sigrid De Sousa Santos

ID: 9037

Resumo

Introdução

A infecção por HIV é uma doença potencialmente grave de notificação compulsória que afeta 0,4% da população brasileira. Durante o curso da infecção, desde a fase aguda até a fase aids, as manifestações dermatológicas são comuns: dermatoses eritemato-descamativas, erupções pruriginosas, também infecções virais, fúngicas e bacterianas, farmacodermias e neoplasias.

Objetivo

O presente estudo tem por objetivo avaliar a frequência e a distribuição de manifestações dermatológicas em pacientes infectados por HIV no município de São Carlos.

Metodologia

Estudo descritivo transversal com análise dos prontuários de pacientes com diagnóstico de infecção por HIV, do Centro de Atendimento a Infecções Crônicas de São Carlos (CAIC), entre Janeiro de 2014 e 28 de Fevereiro de 2019. As informações foram coletadas de forma estruturada, utilizando formulário padronizado no programa Epi Info. Foram coletados dados epidemiológicos, clínicos e laboratoriais dos prontuários, além da presença ou ausência de manifestações dermatológicas discriminadas por síndromes e etiologias. Cada variável foi avaliada quanto a seu padrão de distribuição. Foram também avaliadas as variáveis associadas à ocorrência de manifestações dermatológicas.

Resultados

Foram 124 prontuários avaliados, predominando pacientes do sexo masculino (79,0%) com idade média de 35 anos. O maior fator de risco de transmissão de HIV foi a via sexual, identificada em 81,5% da amostra. O diagnóstico precoce ocorreu na maioria dos pacientes (66,9%) e a mediana da contagem de linfócitos T CD4 mais baixa foi de 437 cels/mm³, com intervalo interquartil 25-75% de 241 a 617 cels/mm3. Em relação às manifestações dermatológicas, 53 pacientes (42,7%) possuíam algum tipo de manifestação, distribuídas de forma geral entre manifestações virais, bacterianas, micobacterianas, fúngicas e não-infecciosas. Em 20,2% das descrições, as infecções virais estiveram presentes. Dessas, as mais frequentes etiologias foram herpes-zóster e infecção por HPV, contribuindo com 22,6% das manifestações dermatológicas descritas cada uma. As dermatoses não infecciosas e as infecções bacterianas seguiram-se, perfazendo 12,1% e 9,7% das descrições, respectivamente.

Conclusões

Estima-se que, durante a evolução da infecção por HIV, entre 40% a 95% dos pacientes desenvolva manifestações dermatológicas (NAVARRETE-DECHENT, 2015). No presente estudo, a menor frequência de manifestações (42,7%) deve se relacionar a um diagnostico cada vez mais precoce da infecção por HIV em nosso meio e à disponibilidade de tratamento antirretroviral potente. Outro dado relevante é que, em 14 prontuários, não foi possível adquirir informações sobre manifestações dermatológicas, podendo estas serem assintomáticas ou não avaliadas, demonstrando pouca qualidade no registro.

As características associadas ao desenvolvimento de dermatoses foram ter antecedente de IST (p=0,027), de dislipidemia (p=0,005), e doença mais avançada, com diagnostico tardio (0,033). Houve tendência de haver menor nadir de contagem de linfócitos T CD4, mas sem associação significativa (p=0,054).

Assim, espera-se que, com disponibilidade de melhor controle da doença, início precoce do tratamento, amplo rastreio de ISTs e controle da dislipidemia, haja diminuição da morbidade dos pacientes com HIV/aids e doenças dermatológicas.

Apresentação

ASPECTOS ERGONÔMICOS EM UMA COOPERATIVA DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM SÃO CARLOS-SP

Autores: Muller Rodrigues Parra, Rosalina Ogido, Luiz Antonio Tonin

ID: 8882

Resumo

Introdução: Este estudo buscou avaliar as condições de trabalho e desvios do que seria o padrão recomendado e, também, identificar riscos à saúde do trabalhador. Métodos: O estudo foi realizado em uma cooperativa de catadores de resíduos sólidos da cidade de São Carlos-SP. Para a pesquisa, utilizou-se o Ergonomic Workplace Analysis (EWA), desenvolvido para realizar uma avaliação criteriosa do posto de trabalho, levando em conta fatores como saúde e segurança, identificando possíveis desvios e atribuindo-lhes valores. Utilizou-se como recorte de estudo as atividades realizadas nas mesas de triagem. Resultados: Aos itens (1) restrições no trabalho, (2) tomada de decisão, e (3) iluminação, foram atribuídos o valor 1; aos itens (4) atividade física geral, (5) levantamento de cargas, (6) postura de trabalho e movimentos, (7) comunicação entre trabalhadores e contatos pessoais e (8) atenção, foram atribuídos o valor 2; ao item (9) ambiente térmico, foi atribuído o valor 3; aos itens (10) espaço de trabalho e (11) ruído, foram atribuídos o valor 4; aos itens (12) risco de acidente, (13) conteúdo de trabalho e (14) repetitividade do trabalho, foram atribuídos o valor 5. Discussão e Considerações finais: Foi identificada a presença de desvios em relação ao padrão recomendado na maioria dos itens. Devido às questões relacionadas à organização do espaço de trabalho, as posturas de trabalhos são irregulares e inconstantes; o posto de trabalho não conta com banco alto ou apoio lombar, tem reduzido espaço para movimentação do trabalhador e não possui ferramentas que auxiliem na execução da atividade. A atividade é executada em pé, por aproximadamente 8 horas por dia, caracteristicamente repetitiva, com média demanda de atenção, elevado risco de acidentes e sem regular ou frequente uso de EPI’s. Evidencia-se, deste modo, a necessidade de intervenções que eliminem ou que ao menos amenizem as irregularidades identificadas. Seria, ainda, necessário a validação dos valores atribuídos a cada item por parte dos trabalhadores. Entretanto, em função da pandemia pelo Sars-CoV-2, não foi possível realizar essa etapa do EWA.

Apresentação

ASPECTOS PEDIÁTRICOS REFERENTES A ESCOLARES MATRICULADOS NA PRIMEIRA SÉRIE DO ENSINO BÁSICO PÚBLICO: CONSTIPAÇÃO INTESTINAL, ASSOCIADA AO SOBREPESO/OBESIDADE E AO ACESSO À DIETA PARA ESCOLARES COM NECESSIDADES ESPECIAIS.

Autores: Ieda Regina Lopes Del Ciampo, Julia Carolina Madeira Boffa, Regina Sawamura, Giovanna Bussi, Luiz Antonio Del Ciampo

ID: 9224

Resumo

Introdução: No período de transição da criança para a escola fundamental, é importante observar as necessidades de cuidados extensivos ao período escolar, como dieta específica e orientação nutricional, que poderia ser propiciada pelo programa de Educação Alimentar e Nutricional (EAN), um eixo prioritário do Programa de Nutrição e Alimentação do Escolar (PNAE) com a promulgação da Lei nº 11.947 de 16 de junho de 2009. A constipação intestinal funcional, relacionada ao consumo de alimentos não saudáveis, pouca ingesta de fibras e água, dentre outros, estaria entre essas necessidades, o que justifica este estudo. No Brasil, a constipação intestinal (CI) na faixa etária escolar varia entre 28,8% a 35,3%. Objetivos: Calcular a frequência de CI crônica em escolares da primeira série do ensino fundamental de escolas municipais. Casuística e métodos: Estudo transversal, incluiu 286 dos 854 escolares matriculados em sete das oito Escolas Municipais de Ensino Básico (E.M.E.B.) do município de São Carlos-SP. Tamanho amostral calculado foi 249, considerando-se 35,3 % a frequência de CI, nível de confiança 95% e margem de erro 5%. Foi sorteado triplo do tamanho amostral para a coleta dos dados. Houve 337 consentimentos, entretanto 3 crianças não assentiram, 2 foram excluídas devido alterações físicas ou cognitivas que comprometeriam as entrevistas e 46 faltaram. As entrevistas foram realizadas nas escolas, por pesquisadores previamente treinados. As variáveis foram idade (meses), sexo (M; F) e sinais e sintomas clínicos categorizados nos critérios abaixo. CI crônica foi considerada pela presença, durante 2 semanas ou mais, de ao menos 2 dos 6 critérios adotados pelos pesquisadores, baseados nos critérios de Roma VI e outros estudos brasileiros. Critérios: I. duas evacuações semanais ou menos no vaso sanitário; II. Escape fecal; III. retenção fecal; IV. Esforço à evacuação (escala de Bristol 1 a 3) ou dor à eliminação das fezes (sempre) ou eliminação de fezes endurecidas (sempre); V. sensação frequente de permanência retal de alguma quantidade de fezes que deveria ter sido eliminada; VI. fezes grosso calibre e/ou que entopem o vaso sanitário, fezes com aparência de banana grande ou coquinho (azeitona) à maioria das evacuações e fezes que entopem o vaso sanitário frequente ou na última semana após uma evacuação. À análise exploratória dos dados, para as variáveis quantitativas discretas e qualitativas, foram calculadas as frequências absolutas e relativas e para as quantitativas contínuas, as medianas e seus respectivos intervalos de classe. As associações entre grupos foram calculadas pelos testes do Qui-quadrado, Exato de Fisher e Kruskal Wallys. Software:Epi-Info 7. Nível de confiança: p < 0,05. Resultados: 286 crianças, mediana de idade (min;max) foi 84 (72; 94) meses, 144 (50,3%) meninos e  97 (33,9%) com CI crônica. Das constipadas, 53 (54,6 %) eram meninas. As medianas (min;max) de idade, em meses, foi 83 (76; 90) para os constipados e  85 (72; 94) para os demais; Kruskal Wallys (p = 0,03). Conclusão: A frequência de constipação intestinal crônica foi elevada nas crianças deste estudo e concordante com outros estudos brasileiros. A mediana de idade dos constipados foi menor que a dos demais participantes.

Apresentação

ASPECTOS PEDIÁTRICOS REFERENTES A ESCOLARES MATRICULADOS NA PRIMEIRA SÉRIE DO ENSINO BÁSICO PÚBLICO: ESTADO NUTRICIONAL E ACESSO À DIETA PARA ESCOLARES COM NECESSIDADES ESPECIAIS

Autores: Ieda Regina Lopes Del Ciampo, Giovana Bussi, Luiz Antonio Del Ciampo, Julia Carolina Madeira Boffa, João Marques Batista Junior, Laisa Prandine Tofanelli

ID: 9093

Resumo

1.INTRODUÇÃO

A obesidade e a magreza podem não ser percebidas pelos pais como condições nutricionais que necessitam de cuidados, retardando seu tratamento e a prevenção de agravos, incluindo a adequação dietética em ambiente escolar.

2.OBJETIVOS

Identificar o estado nutricional, a disponibilização de dieta para necessidades alimentares especiais (NAE) e a presença de doenças crônicas em escolares da primeira série do ensino básico municipal.

3.METODOLOGIA

Estudo transversal, descritivo, quantitativo, incluiu escolares matriculados em sete das oito Escolas Municipais de Ensino Básico de São Carlos-SP. O tamanho amostral de 278 crianças, considerando-se 854 matriculados, 32,2% de obesidade, nível de confiança 95%, margem de erro 5%. Das 337 autorizações pelos responsáveis, 3 crianças não assentiram, 2 foram excluídas e 46 faltaram à coleta. Dados referentes à presença de doenças crônicas foram coletados através de questionários aos pais. Entrevistas com as crianças abordaram características sociodemográficas. Foram aferidos Peso, Estatura e Circunferências de Abdome, Punho e Pescoço. O estado nutricional foi calculado o Indice de Massa Corporal (IMC) [Peso (kg)/Altura2 (m)] e considerados os pontos de corte do escore z, sendo z<-2 Magreza; z≥-2 e z≤+2 Eutrofia; z>+2 Sobrepeso/obesidade. Os dados das características gerais da amostra estudada, foram apresentados em número absoluto e percentuais. Os dados contínuos foram apresentados em mediana e seus respectivos desvios padrões. Para avaliar a associação entre as categorias do estado nutricional com as médias das circunferências, foi aplicado o teste estatístico de Kruskal-Wallys. Os cálculos foram realizados pelos softwares Epi-Info 7 e AnthroPlus.

 

4.RESULTADOS

Das 286 crianças, 144 (50,3%) pertenciam ao sexo masculino. A mediana de idade foi 84,0 meses (72,0; 94,0). Dieta especial para NAE era fornecida a 3 (1%) delas.

Quanto ao estado nutricional, 194 (67,83%) eram eutróficas, 88 (30,77%) apresentavam sobrepeso e 4 (1,4%) magreza.

As médias gerais (DP) das circunferências (cm) de pescoço, abdome e punho foram 27,0 (2,5); 57,3 (7,9) e 13,4 (1,8); respectivamente. Os valores foram maiores para os grupos com sobrepeso/obesidade, nas faixas etárias de 6 e 7 anos e nos sexos masculino e feminino (p< 0,05).

Dos 236 questionários devolvidos pelos responsáveis, 235 responderam à questão “Sua criança tem alguma doença crônica, atualmente?", sendo 26 (11,1%) afirmativas. Das 32 citações doenças citadas, havia 12 (37,6%) asma, 8 (25%) rinite, 3 (9,5%) dermatite atópica, e 1 (3,1%) sinusite crônica, otite crônica, amigdalite de repetição, hipertrofia das adenoides, alergia não especificada, enxaqueca, intolerância à lactose, epilepsia e síndrome de Asperger, respectivamente.

5.CONCLUSÃO

Sobrepeso/obesidade foi frequente entre os escolares. Magreza foi pouco frequente.

As médias das circunferências se associaram ao estado nutricional segundo IMC/idade e sexo.

A frequência de disponibilização de dieta especial foi pouco expressiva.

O relato de doenças crônicas foi frequente entre os que responderam ao questionário.

Apresentação

AVALIAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DISTÚRBIOS METABÓLICOS CAUSADORES DE LITÍASE RENAL.

Autores: AMELIA TEIXEIRA TRINDADE, Meire Savino da Costa Bettoni Moreira, Gabriela Fernandes Del Vale, Ingrid Daine Silva, Mayara Schuindt Ferrari Veras

ID: 9032

Resumo

A urolitíase ou nefrolitíase é o processo de formação de cálculos no trato urinário. Apesar de ser mais frequente na população adulta estima-se 2 a 2,7% da população pediátrica tenham litíase renal com aumento crescendo nas últimas décadas. Os distúrbios metabólicos que  se destacam são o aumento da excreção urinária de cálcio (hipercalciuria), de  ácido úrico  (hiperuricosuria), de oxalato (hiperoxaluria), e a baixa excreção de citrato (ácido cítrico) conhecida como hipocitraturia. A apresentação clinica é caracterizada por hematúria, dor que pode ser abdominal difusa ou localizada em flancos, irritabilidade, disúria, perda urinária ou outras disfunções vesicais.  As principais medidas terapêuticas são corrigir e aumentar a ingestão de água, repor citrato, reduzir o consumo de cloreto de sódio, aumentar o consumo de potássio, corrigir as malformações caso existam e realizar atividade física regular. O principal objetivo foi identificar o perfil clínico e laboratorial dos pacientes pediátricos com distúrbios metabólicos /tubulares causadores de litíase renal. Além de determinar o perfil epidemiológico e criar panfleto de orientação aos familiares e pacientes. Os resultados encontrados foram: Foram analisados 30  prontuários dos quais  24 (80%) eram do sexo feminino e 06 (20%) do sexo masculino com idade média ao diagnóstico de 8,4 anos. Quanto a cor 22 (73,4%) eram brancos, 06 (20%) pardos, 01 (3,3%) negro e 01 (3,3) não foi informada. O principal achado clinico foi a hematuria 13 (  43,3%), seguida pela disúria 9 (30%) e dor abdominal 9 ( 30%). O diagnóstico mais frequente foi  a associação de hipercalciuria com hipocitraturia 6 (20% ), seguido pela hipercalciuria e hiperuricosuria 5 ( 16,6%). A maioria das crianças e adolescentes, 23 (76,7%)  apresentavam comorbidades tais como: ITU 10 (33,3%), hidronefrose  bilateral 3 (10%), obesidade 2 (6,7%). Em  16 (53,3%) pacientes tinham algum parente de 1º grau com história de litíase renal ou cólica renal. Foi prescrito o  uso do  citrato de potássio para 16 pacientes (53,3%). Concluímos que   a hipercalciuria idiopática foi o diagnóstico mais frequente  (53,3%) e a hematúria (43,3%) foi o achado clinico mais presente, e 53,3% tinham algum membro familiar com distúrbio formador de litíase, reforçando a necessidade aplicação do manual de orientação para  modificação dos hábitos alimentares de  todos os membros familiares.

Apresentação

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DA PRESENÇA E GRAVIDADE DA FADIGA CRÔNICA EM PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE C ANTES E APÓS O TRATAMENTO ANTIVIRAL COM NOVOS FÁRMACOS DE AÇÃO DIRETA

Autores: João Lucas Dourado do Val, Silvana Gama Florencio Chachá

ID: 8855

Resumo

Introdução: A fadiga crônica tem sido relatada por pacientes portadores da hepatite C crônica em diversos estudos porém é negligenciada na prática clínica.

Objetivos: Avaliar a gravidade da fadiga crônica, a qualidade de vida e a capacidade funcional de indivíduos cronicamente infectados pelo vírus da hepatite C (HCV) antes e após o tratamento antiviral para hepatite C.

Métodos: Este estudo foi programado para ser desenvolvido na forma transversal cross-over. Foi feita avaliação de: qualidade de vida (FS-36); fadiga crônica (Escala de Gravidade da Fadiga – FSS); depressão (Inventário de Depressão de Beck - IDB); capacidade funcional por meio dos testes Timed-up and Go; Teste de Sentar e Levantar; Teste de Caminhada de Seis Minutos. Foram feitas análises descritivas. Foi realizada análise de correlação por meio do coeficiente de Pearson, com significância estatística estabelecida em 5%.

Resultados: Entre agosto de 2019 e março de 2020, foram convocados 47 pacientes, sendo que 25 concordaram em participar. Dos 25 pacientes avaliados, quatro não realizaram testes físicos.

Quanto à avaliação da qualidade de vida (FS36) verificou-se que a dimensão “Aspectos Emocionais” foi a mais prejudicada (45,33 ± 40,69), sendo a “Capacidade Funcional”, a menos prejudicada (72 ± 27,23). Doze indivíduos (48%) apresentaram escore FSS compatível com a presença de fadiga crônica, sendo a média de pontuação 27,48 ± 15,94. A média do escore IDB foi 16,96 ± 11,17, dezesseis pacientes (64%) tiveram ao menos grau leve de depressão (>14 pontos) ou superior. Quanto aos testes funcionais: a média do Timed-up and Go foi de 11,52 ± 3,21, sendo que 11 pacientes (52%) fizeram o teste em menos de 10 segundos (sem deficiência de mobilidade), enquanto 10 (48%) estiveram na faixa entre 11 a 20 (déficit leve de mobilidade). No Teste de Sentar e Levantar a média ficou em 6,76 ± 2,58, e para a Caminhada de Seis Minutos a média foi de 420,3 metros ± 75,83, havendo redução da capacidade funcional em grau leve (esperado: 577,6 ± 25,88).

Houve forte correlação entre a presença de fadiga e pior desempenho no componente emocional do FS36 (r = -0,74387507 e p <0,001). A presença de depressão correlacionou-se a pior desempenho nos Aspectos Sociais do FS36 (r = -0,733830032 e p<0,001). O Timed-up and Go correlacionou-se fortemente ao componente Capacidade Funcional da análise do FS36, bem como com a prova de Sentar e Levantar.

Conclusão: Devido ao cenário da pandemia da COVID-19, não houve condições para a realização das análises pós-tratamento. Os dados apresentados referem-se apenas aos testes pré-tratamento. Foi possível concluir que, na amostra estudada, houve alta prevalência de fadiga crônica e de sintomas depressivos, com deterioração da qualidade de vida, particularmente nos aspectos sociais e emocionais. A capacidade funcional manteve-se preservada. Há que se destacar as limitações do trabalho: trata-se de amostra pequena, para a qual não foi realizada análise de fatores econômicos.

Apresentação

AVALIAÇÃO DO TIPO DE APRENDIZAGEM ADOTADO POR ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DA ÁREA BIOLÓGICA

Autores: Paloma Soares Novello Cruz, Sheyla Ribeiro Rocha, Debora Gusmão Melo, Lucimar Retto da Silva de Avó, Carla Maria Ramos Germano

ID: 9117

Resumo

Introdução: A qualidade do aprendizado do estudante está relacionada com a abordagem que o indivíduo usa para aprender, sendo influenciada por fatores individuais e também pelo ambiente em que se está inserido, resultando da interação entre características pessoais, o ambiente sociodemográfico e o contexto educacional. O aprendizado profundo pressupõe um entendimento abrangente sobre determinado tema e requer a utilização de mecanismos cognitivos complexos, snedo essencial que o aluno esteja interessado no assunto e seja responsável pelo seu estudo. Por sua vez, o aprendizado superficial está relacionado a um entendimento limitado de informações sobre o tema, com uso de estratégias de memorização de curto prazo e sem a compreensão de mecanismos e princípios.

Objetivo: O objetivo deste trabalho foi investigar o efeito da vivência em curso de graduação que adota metodologias tradicionais de ensino sobre o tipo de aprendizagem dos estudantes universitários da área biológica. Avaliou-se também quais as percepções dos estudantes acerca do ambiente educacional ao final da graduação e sua correlação com variáveis sociodemográficas.

Metodologia: O presente estudo foi aprovado pelo CEP institucional (Parecer n° 3.363.505). Estudo transversal quantitativo com dados coletados presencialmente por meio de três instrumentos: um questionário sociodemográfico e as versões finais em português dos questionários R-SPQ-2F e DREEM. A coleta ocorreu em 2019, com 131 alunos do último ano de graduação de 6 cursos da área biológica da Universidade Federal de São Carlos. Os cursos foram divididos em básicos e aplicados, considerando o envolvimento em cuidados à saúde. Os dados categóricos foram apresentados em frequência absoluta (porcentagem) e os dados quantitaivos em media±DP. Para comparação de médias dos escores entre os dois tipos de cursos, utilizou-se testes t de Student e de Mann-Whitney, dependendo da distribuição da variável. Foi utilizada regressão linear múltipla pelo método stepwise para verificar a influência das variáveis independentes nas diferentes abordagens de aprendizado. As análises estatísticas foram realizadas por meio do pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS24), com adoção de p < 0,05.

Resultados: Os estudantes dos cursos básicos e aplicados referiram utlizar, em média, mais abordagens profundas (29,8±6,3 e 30,2±6,0, respectivamente) do que superficiais (22,0±6,2 e 20,3±6,2, respectivamente), sem diferença significativa entre os grupos (p>0,05). A percepção geral do ambiente foi considerada “mais positiva do que negativa” (pontuações 104,3±26,2 e 120,5± 22,7, respectivamente), entretanto, alunos de cursos aplicados tiveram percepção mais positiva do ambiente do que aqueles dos cursos básicos (p<0,05). Verificou-se também associação positiva entre o uso de abordagens profundas e melhor percepção do ambiente educacional. Foram identificadas áreas que podem ser melhoradas, como a percepção acerca das relações sociais por estudantes de cursos aplicados.

Conclusões: Os estudantes da área biológica demonstraram favorecer mais abordagens profundas do que superficiais e possuir uma percepção positiva de seu contexto educacional. O presente estudo reafirmou a correlação positiva entre aprendizado profundo e um ambiente educacional considerado adequado. Sugere-se que políticas de permanência estudantil e apoio psicopedagógico sejam continuamente revistas e aprimoradas para manter, e até incrementar, os atuais resultados educacionais e superar as dificuldades referidas pelos estudantes.

Apresentação

COMPARAÇÃO DA FUNÇÃO CARDIOVASCULAR, CAPACIDADE FUNCIONAL E QUALIDADE DE VIDA DE PRÉ-DIABÉTICOS E INDIVÍDUOS NORMOGLICÊMICOS

Autores: Meliza Goi Roscani, Fernanda Yuri Yuamoto, Stella Maris Firmino

ID: 8974

Resumo

Introdução: Na literatura científica está bem estabelecido que indivíduos diabéticos podem evoluir com disfunção ventricular diastólica e desenvolver miocardiopatia diabética. Entretanto, ainda não há tantos estudos sobre o pré-diabetes, mas acredita-se que pacientes pré-diabéticos já possam apresentar marcadores precoces de disfunção cardíaca. Objetivo: avaliar a presença de alterações precoces em variáveis ecocardiográficas de morfologia e função ventricular sistólica e diastólica, prejuízo na capacidade funional e qualidade de vida em pré-diabéticos. Metodologia: Foi realizado estudo clínico transversal composto por dois grupos, sendo dividido em grupo pré-diabetes (n=15; PD) e controles normoglicêmicos (n=26; CN). Os pacientes foram submetidos à avaliação clínica e física, medidas antropométricas, ecocardiograma transtorácico, questionário de qualidade de vida. A comparação entre os grupos foi feita por teste de Qui-Quadrado para variáveis categóricas e teste T ou Man-Whitney para variáveis contínuas. Resultados: Os grupos foram homogêneos em relação às variáveis basais e clínicas. Foi observada maior associação com dislipidemia (p=0,03) e sedentarismo (p=0,05) no grupo PD. Quanto às variáveis ecocardiográficas, tivemos alterações significativas no diâmetro da raiz da aorta (p=0,01), E mitral (p=0,003), A’ mitral (p=0,03) e E/A tricúspide (p=0,01). Ao diferenciar um subgrupo de intolerantes a glicose, observamos maior prevalência de sedentarismo, obesidade e piora na qualidade de vida. Conclusão: Indivíduos PD, comparados a indivíduos saudáveis sem diferença entre idade e sexos, apresentam alteração na morfologia e função cardíaca com prejuízo inicial na função diastólica ventricular esquerda. E intolerantes à glicose tem maior associação com prejuízo na qualidade de vida.

Apresentação

COMPARAÇÃO DA RIGIDEZ ARTERIAL ENTRE PACIENTES PRÉ-DIABETICOS E SAUDÁVEIS UTILIZANDO VELOCIDADE DA ONDA DE PULSO CAROTÍDEO-FEMORAL

Autores: Meliza Goi Roscani, Lana Kummer, Stella Maris Firmino

ID: 8976

Resumo

INTRODUÇÃO. Rigidez Arterial é caracterizada pelo espessamento da íntima média, acompanhada pelo aumento do lúmen arterial central, disfunção endotelial, hiperplasia do musculo liso vascular e o aumento da degradação de colágeno e elastina. Ela se desenvolve de uma complexa interação entre mudanças estáveis e dinâmicas, envolvendo elementos estruturais da parede. Essas alterações são influenciadas por forças hemodinâmicas e fatores extrínsecos como hormônios, sódio e regulação da glicose. Pacientes diabéticos já apresentam sinais de rigidez arterial conhecida. Acredita-se que paciente pré-diabéticos possam apresentar já alterações incipientes de disfunção endotelial, sendo uma das primeiras manifestações a alteração da velocidade de onda de pulso.

OBJETIVO. Avaliar e comparar a rigidez arterial entre pacientes normoglicêmicos e aqueles considerados pré-diabéticos. E correlacionar se o aumento da rigidez arterial se associa a parâmetros desfavoráveis da função cardiovascular, como aumento da espessura médio-intimal carotídea e baixa capacidade funcional.

METODOLOGIA. O estudo foi realizado com 80 pacientes, os quais foram classificados como pré-diabéticos e normoglicêmicos, com base nos resultados de exames laboratoriais (glicemia de jejum, tolerância a glicose e hemoglobina glicada colesterol e frações, triglicérides). Foram também aplicados outros exames laboratoriais, anamnese, teste de caminhada, exame físico e avaliação de rigidez arterial. Os resultados seguiram os critérios da American Diabetes Association e American Heart Association.  Os grupos foram comparados considerando teste de Qui-Quadrado para variáveis categóricas e teste T ou Man-Whitney para variáveis contínuas.  Nível de significância p < 0,05.

RESULTADOS. Dos 80 pacientes avaliados, 43 foram classificados como pré-diabéticos e 37 como normoglicêmicos. Em relação às características basais e clínicas, o grupo pré-diabético apresentou maior prevalência de dislipidemia e maior velocidade de onda de pulso comparado ao grupo pré-diabético. Não houve diferença em relação à capacidade funcional avaliada pelo teste de caminhada.

CONCLUSÕES. Pacientes pré-diabéticos já apresentam marcadores incipientes de rigidez arterial quando comparados a indivíduos saudáveis de idade e sexo semelhante.

Apresentação

DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE E HIDROELETROLÍTICO EM PACIENTES ATENDIDOS NA UNIDADE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Autores: Carolina Augusta Romão de Brito, Carla Maria Ramos Germano, Roberto Augusto Silva Molina, Renata dos Santos Batista Reis Woloszynek, Débora Gusmão Melo, Lucimar Retto da Silva de Avó

ID: 9383

Resumo

Introdução: Os exames de gasometria são fundamentais para diagnóstico de alterações do equilíbrio ácido-base. Além de avaliar a concentração de gases, alguns equipamentos de gasometria avaliam também a concentração de íons no sangue. Entretanto, essa análise é idealmente realizada por analisadores bioquímicos específicos, que mensuram a quantidade desses íons no plasma. A avaliação adequada desses parâmetros é fundamental para a definição de condutas terapêuticas na Unidade de Emergência(UE). Objetivo: Traçar um perfil epidemiológico dos pacientes atendidos na UE de um Hospital Universitário(HU); avaliar a qualidade do preenchimento das requisições das gasometrias; correlacionar as hipóteses diagnósticas(HD) com os resultados das gasometrias e comparar as dosagens de eletrólitos no sangue total com as do plasma. Metodologia: Aprovação do projeto no CEP/UFSCar(nº 21257419.2.0000.5504). Levantamento das requisições e resultados de exames de gasometria (Radiometer®) e eletrólitos (Radiometer® e Beckman-AU680®), coletados simultaneamente, entre 09/2018 e 11/2019. Os dados categóricos foram resumidos em frequências absolutas e porcentagem, numéricos em média±DP. A comparação dos eletrólitos foi realizada pelo teste t pareado. Para análise de correlação, utilizou-se o coeficiente de Pearson. Análise estatística, programa SPSS24 (IBM). Adotado p-valor< 0,05.

Resultado: Avaliadas 857 gasometrias, 614(71,6%) arteriais e 243(28,4%) venosas, além de 513 bioquímicos no plasma (393 arteriais/118 venosos). Do total de gasometrias, 709(82,7%) foram solicitadas na Emergência adulto, e 148(17,3%) na pediátrica, 402(46,9%) pacientes eram do sexo feminino e 455 (53,1%) masculino. A média de idade dos pacientes foi 51±35 anos. A maioria dos pacientes não apresentou alterações na gasometria (565-65,9%). Não foram preenchidas as HD de 251 requisições e nesses casos a alteração mais frequente foi alcalose respiratória, 13,15%. Nos 298 casos com HD de patologias do sistema respiratório(263)/cardiovascular(35), a alteração mais frequente foi alcalose respiratória, 15,2% e 22,9%, respectivamente. Nos 158 casos com HD de distúrbio metabólico, a alteração mais frequente foi acidose metabólica (32,3%). Os valores de sódio e potássio foram significativamente diferentes (p<0.0001). Os valores de sódio foram superestimados e os valores de potássio subestimados em relação ao plasmático. Todos os valores obtidos pelo aparelho de gasometria apresentaram correlações fisiológicas esperadas: lactato e pH (r=-,311, p=0,0001), lactato e glicemia (r=,128,p=0,0001), lactato e bicarbonato (r=-,332,p=0,0001), sódio e glicemia (r=-,181,p=0,0001). Correlação entre Na+ e K+ no gasômetro e analisador bioquímico, respectivamente: r=-0,108, p=0,002; r=-0,136, p=0,002. Diagnósticos de hipo/hipernatremia ou hipo/hipercalemia que foram modificados pelo exame bioquímico: 39,25% e 42,41%, respectivamente (gasometria arterial) e 30,50% e 29,75%, respectivamente, (gasometria venosa). 82,42% dos pacientes apresentavam hiperglicemia, na gasometria 66,50% sem alterações; 5,4% acidose respiratória; 15,1% alcalose respiratória; 10,9% acidose metabólica e 2,2% alcalose metabólica.

Conclusões: Não houve equivalência na dosagem de eletrólitos entre os equipamentos, questionando-se o uso do equipamento de gasometria para esse fim. Ocorreu melhora significativa no preenchimento das requisições após 04/2019, provável reflexo da implantação de sistema informatizado que não permite seguir o preenchimento da requisição sem a HD. Quanto às HD, percebeu-se maior frequência daquelas relacionadas ao sistema respiratório e metabólico. A maior parte das gasometrias não apresentou alterações. A hiperglicemia representa uma indicação importante para a solicitação de gasometria.

Apresentação

DO SURGIMENTO À EXTINÇÃO: A TRAJETÓRIA DE UM SERVIÇO DE GENÉTICA MÉDICA DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL

Autores: Tatiane de Abreu, Érica Letícia Angelo Liberato, Heloisa Pastana Marsiglio, Thamires Rosa dos Santos, Natália Santander Ortensi, Calógeras Antônio de Albergaria Barbosa, Débora Gusmão Melo

ID: 8853

Resumo

Introdução: As doenças genéticas são numerosas e diversas. Estima-se que existam entre 6.000 a 7.000 patologias genéticas diferentes, que, conjuntamente, atingem cerca de 31,5 a 73 por 1.000 indivíduos da população geral. Geralmente são crônicas, graves, progressivas, elevando os gastos com saúde e diminuindo a produtividade, além de causarem impacto pessoal e familiar. No Brasil, o número de profissionais de saúde envolvidos na assistência especializada em genética é considerado insuficiente e supõe-se que a maior parte dos pacientes e famílias não recebe cuidado adequado. No município de São Carlos, em 2006 foi organizado um serviço ambulatorial de genética médica, como um projeto de extensão universitária, englobado na rede saúde-escola. Este serviço funcionou regularmente até dezembro de 2018, momento em que os atendimentos foram descontinuados.

Objetivos: Este estudo objetivou descrever a trajetória do Ambulatório de Genética Médica de São Carlos, São Paulo, Brasil, e analisar retrospectivamente o trabalho conduzido durante os 12 anos de funcionamento, caracterizando a população atendida, com o intuito de ressaltar a importância de organizar a rede de atenção em genética médica no país.

Metodologia: Este é um estudo retrospectivo de corte transversal e abordagem quantitativa, desenvolvido após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSCar. Para análise da casuística, foram revisados os mapas de atendimento de todos os 792 pacientes avaliados no Ambulatório entre junho de 2006 e dezembro de 2018 e extraídas informações sobre: ano do atendimento; idade e sexo do paciente; motivo do encaminhamento; e diagnóstico genético, quando definido.

Resultados: Dentre os 792 pacientes, 48 (6%) eram aparentados. Com relação ao sexo, 397 (50,1%) eram do sexo feminino, 385 (48,6%) do sexo masculino e em 10 situações (1,3%) o sexo não foi possível ser determinado por incompletude de informação. A idade variou entre 5 dias de vida e 79 anos, com predominância de população jovem, até 20 anos (566 pacientes/71,5%). O principal motivo de encaminhamento foi “deficiência intelectual isolada ou com pequenas dismorfias faciais” (207 pacientes/26,1%), seguido de “malformações múltiplas, incluindo ou não deficiência intelectual” (144 pacientes/18,2%). Os resultados evidenciaram a grande diversidade de doenças genéticas, que acometem pessoas em faixas etárias distintas e atingem diferentes órgãos e sistemas. Com relação a resolubilidade do Ambulatório, diagnóstico genético foi definido em 290 pacientes (36,6%), doença genética foi afastada em 153 pacientes (19,3%), 23 pacientes (2,9%) receberam aconselhamento genético para futura descendência e em 326 pacientes (41,2%) um diagnóstico genético não foi definido nem afastado.

Conclusões: A frequência de casos não resolvidos explicita dificuldades inerentes ao diagnóstico clínico genético e barreiras para acesso aos testes genéticos moleculares. A disponibilidade de recursos humanos e material para atendimento em genética é muito desigual nas várias regiões do Brasil. Experiências como a do Ambulatório de Genética Médica de São Carlos mostram os obstáculos de se prestar um serviço de saúde adequado à população, reforçando a necessidade de organizar a rede de atenção em genética no Sistema Único de Saúde, com base na Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras.

Apresentação

FALHA VIROLÓGICA EM PACIENTES VIRGENS DE TRATAMENTO COM INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA TIPO-1

Autores: Henrique Pott Junior, Paulo Augusto da Silva

ID: 9400

Resumo

A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) é um problema de saúde pública mundial e seu maior fardo advém das sequelas sobre o sistema imune. Por conseguinte, objetivo do tratamento antirretroviral é interromper o aumento de carga viral no organismo, procurando preservar a função imunológica de cada indivíduo. Contudo, o tratamento pode ter sua eficácia comprometida devido ao surgimento de variantes virais resistentes aos medicamentos antirretrovirais. Desta forma, esta pesquisa teve como objetivo determinar a prevalência de falha de tratamento em pessoas vivendo com HIV-1, virgens de tratamento, e que iniciaram tratamento antirretroviral no município de São Carlos no último ano. Trata-se de um estudo observacional, tipo transversal, nacional, unicêntrico, utilizando como fonte de informação os prontuários médicos da população adscrita ao Centro De Atendimento De Infecções Crônicas, com diagnóstico de infecção pelo HIV-1, virgens de tratamento, que iniciaram regime de terapia antirretroviral baseado em dolutegravir entre 2018 e 2019, e que possuem documentado dois exames de carga viral quantitativa para RNA HIV-1 (pré-tratamento e 24 ou 48 semanas pós-tratamento). Nos resultados apresentados, não houve nenhum caso de falha virológica (carga viral superior à 1000 cópias/mL, segundo as recomendações da OMS). Entretanto, podemos identificar que 10 (12.5%) sujeitos não possuiam exame para quantificação de carga viral de HIV-RNA dentro deste intervalo de tempo, e que, portanto, não foi possível avaliar a ocorrência de falha virológica nestes indivíduos. Desta forma, o regime de terapia antirretroviral baseado em dolutegravir demonstrou ser efetivo para o tratamento de indivíduos com infecção pelo HIV-1 e virgens de tratamento, a despeito da carga viral HIV-RNA e contagem de células T CD4+. Trata-se de tratamento com evidência científica reconhecida capaz de promover melhor controle da progressão da doença, e consequentemente, melhorar a qualidade de vida e reduzir a taxa de transmissão viral. Apesar da reconhecida efetividade e alta barreira genética de dolutegravir, ressaltamos a necessidade de acompanhamento e monitoramento viral ao longo do tratamento, pois fatores não relacionados à potência do regime de terapia antirretroviral podem levar ao comprometimento do sucesso terapêutico. Para tanto, urge a necessidade de seguir as recomendações preconizadas pela OMS.

Apresentação

IMC, ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA DE SERVIDORES FEDERAIS

Autores: Claudia Aparecida Stefane, João Pedro Pereira Brito

ID: 8980

Resumo

Introdução: A prática de atividade física (AF), o índice de Quetelet (IMC) e a qualidade de vida (QV) são importantes aspectos a serem considerados na avaliação e promoção de saúde dos trabalhadores.

Objetivo: Identificar e avaliar as condições de saúde (AF, IMC, QV) de servidores de uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) considerando o sexo.

Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, descritivo e exploratório aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE: 55495016.7.0000.5504). Dentre os servidores, foram excluídas as grávidas e os com carga horária menor que 20 horas semanais. Os participantes responderam um formulário on-line composto por questionário de Atividade Física Habitual de Baecke (avalia AF geral- AFG, ocupacional- AFO, de lazer e esporte-EFL e de lazer e locomoção- ALL), sociodemográfico com autorrelato de peso e área corporal e WHOQOL-Bref (domínio geral, físico, psicológico, social e meio ambiente). Os dados foram processados e analisados no software SPSS (versão 22.0) e o nível de significância estabelecido em 5%.

Resultados: Participaram 116 servidores (43 homens e 73 mulheres), com idade média de 41.3 anos, maioria (56.9%) casada e 89.6% autodeclarados brancos. Quanto a AFG, 56.9% eram ativos (74.4% dos homens e 46.6% das mulheres); 47.4% ativos em AFO (51.2% dos homens e 45.2% das mulheres); 45.7% ativos em EFE (55.8% dos homens e 39.7% das mulheres) e 40.5% ativos em ALL (53.5% dos homens e 32.9% das mulheres). Quanto ao IMC, 44.8% eram eutróficos (39.5% dos homens e 47.9% das mulheres), 28.4% tinham sobrepeso (23.3% dos homens e 31.5% das mulheres) e 26.7% eram obesos (37.2% dos homens e 20.5% das mulheres). Em relação a qualidade de vida, a média no domínio geral foi de 63.4% (63.5% entre os homens e 63.4% entre as mulheres), no físico de 64.0% (65.8% entre os homens e 63.0% entre as mulheres), no psicológico de 62.5% (63% entre os homens e 62.3% entre as mulheres), no social de 63.7% (62.2% entre os homens e 64.6% entre as mulheres) e meio ambiente de 63.5% (63.2% entre os homens e 63.8% entre as mulheres). Houve associação significativa entre inatividade física global e sexo feminino.

Conclusões: Considerando que o sedentarismo, o sobrepeso, a obesidade e a baixa qualidade de vida aumentam as chances do desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer, é de fundamental importância que a IFES proponha intervenções no ambiente e na dinâmica do trabalho, assim como, que os trabalhadores reconheçam e adotem medidas para incrementar a AF e a QV e manter o IMC dentro dos padrões recomendados pela OMS. Outros estudos precisam ser realizados de modo a verificar a influência de outras variáveis, tais como idade, estado civil, tempo sentado e tempo diante de telas.

Apresentação

MIRAÇÃO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA HOLÍSTICA

Autores: Abraao Golfet de Souza, Aline Augusto Carvalho, Claudinei Biazoli, JAIR BORGES BARBOSA NETO

ID: 8857

Resumo

O fenômeno religioso é muito plural e diverso, principalmente no Brasil, em que há um campo muito fértil e profícuo. As religiões que utilizam a ayahuasca, um chá psicoativo, principalmente o Santo Daime, são de especial interesse, pois a substância tem sido exponencialmente estudada para tratamento de transtornos psiquiátricos., sendo que a miração é a mais notável de todas as mudanças perceptuais induzidas pela Ayahuasca e pouco explorada do ponto de vista neurocientífico e da descrição psicopatológica. Neste estudo foi realizada uma revisão bibliográfica que analisou artigos, teses, livros e dissertações produzidos sobre o tema da neurociência e psicopatologia das mirações no contexto religioso do Santo Daime. A neurociência das mirações precisa ser melhor estudada, porém, com esta revisão,  compreendemos que o efeito das visões ocasionadas pela ayahuasca pode estar relacionado à integração de circuitos mnemônicos, integrando visão, memória e intenção, também, durante o efeito da ayahuasca, acontece uma diminuição da ativação da Rede de Modo Padrão, sugerindo que há uma modificação das ativações neurais durante o estado de repouso, estes achados, em conjunto com as descrições dos estudos que relatam o fenômeno da miração, sugerem que existe um espectro de experiências sensoriais durante o curso de uma miração, desde alucinações e pseudoalucinações culturalmente sancionadas, até pseudoalucinações e alucinações verdadeiras.

 

Apresentação

O TRABALHO NO PROCESSO DE TRIAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS – APLICAÇÃO DO ERGONOMICS CHECKPOINTS EM UMA COOPERATIVA EM SÃO CARLOS - SP

Autores: Gabriel Juvenal Reinert, Luiz Antonio Tonin, Rosalina Ogido

ID: 8799

Resumo

Introdução: A ergonomia é o entendimento das interações dos trabalhadores com os equipamentos de trabalho e com a realização de uma função no espaço de trabalho, observando as capacidades e limitações psicológicas, comportamentais e fisiológicas. Ademais, a ergonomia engloba a aplicação da teoria na melhoria continuada das tarefas, visando a otimização do bem-estar humano e da performance do sistema. Este estudo visou relacionar os aspectos ergonômicos, as condições de trabalho e os impactos de saúde em uma cooperativa de coleta de resíduos sólidos. Aspectos de Saúde: Em países em desenvolvimento, as atividades de coleta, triagem e reciclagem de materiais são manuais, com equipamentos obsoletos e/ou sem qualquer proteção, com os trabalhadores expostos a riscos, considerados por eles normais, sendo, entretanto, acidentes de trabalho. Na triagem, a maioria das atividades envolvem levantamento de peso, movimentos repetitivos e transporte de materiais sem os equipamentos necessários. Métodos: Realizou-se o estudo em uma cooperativa de catadores de resíduos sólidos da cidade de São Carlos-SP. Para a pesquisa, utilizou-se o Ergonomics Checkpoints (ECP), desenvolvido para oferecer soluções ergonômicas baratas e práticas. Resultados: Na análise, excluiu-se os itens de Segurança do Maquinário, por não se aplicarem ao contexto da análise. Neste sentido, os pontos da análise com detecção de possíveis melhorias foram: a Manipulação e armazenagem de materiais; Ferramentas Manuais; Melhoria do design do posto de trabalho; Instalações; Riscos ambientais; Comodidade e bem-estar; Equipamentos de proteção pessoal; e Organização do trabalho. No tópico de Iluminação, não se detectou melhorias necessárias, estando adequado com as normas do ECP. Considerou-se como prioritário o tópico de Equipamentos de proteção pessoal. Discussão e Considerações finais: Há ausência de garantia mínimas de segurança contra acidentes físicos (e.g. cortes), químicos (e.g. solventes voláteis) e biológicos (e.g. fungos, bactérias), e contra problemas de saúde física, sem uso regular de EPI e sem locais de descanso nem treinamentos regulares. Com isso, identificou-se a necessidade de intervenções para garantir a segurança dos trabalhadores, com treinamentos sobre o uso de EPI, sobre evitar acidentes bio-físico-químicos, sobre a alternância de posição e o descanso adequado, garantindo saúde e produtividade para os trabalhadores. Também identificou-se a necessidade de reorganização do posto de trabalho (e.g. sinalização das vias de transporte,  equipamentos com rodas para transporte), diminuindo os riscos de acidente de trabalho e de doenças músculo-esqueléticas. Outro ponto é a melhoria das condições térmicas, evitando variação ao longo do ano. Assim, identificou-se os pontos de melhoria e propostas de intervenção no processo de triagem dos catadores de resíduos sólidos, entretanto, em função da pandemia pelo Sars-CoV-2, não foi possível realizar a próxima etapa do ECP, isto é, a formalização das propostas e realização das intervenções no posto de trabalho.

Apresentação

PRESENÇA DE INDÍGENAS NOS CURSOS FEDERAIS DE MEDICINA

Autores: Karla Caroline Teixeira, Giovana Kharfan de Lima, Willian Fernandes Luna, Eliana Goldfarb Cyrino

ID: 9582

Resumo

Introdução: Com a Constituição de 1988, e ao longo das últimas duas décadas o ensino superior passou a estar bastante presente nas reivindicações do movimento indígena, ocupando lugar de destaque em encontros e assembleias. Dessa forma, algumas estratégias foram sendo criadas, localmente – com propostas específicas de universidades que implementaram Políticas de Inclusão ou de Ações Afirmativas (PAA) para acesso de indígenas – e, nacionalmente, por meio da Lei nº12.711/2012 (lei de cotas), destinada às pessoas pretas, pardas e indígenas (PPI); ambas com o objetivo de garantir o direito de ingresso ao ensino superior e implicando o trabalho pela desconstrução de assimetrias historicamente construídas no ambiente universitário, como no caso do curso de Medicina. Objetivos: Mapear a presença e o perfil de estudantes indígenas nos cursos de Medicina nas universidades federais no ano de 2019. Metodologia: Pesquisa exploratória descritiva de abordagem quantitativa. Utilizou-se duas estratégias: técnica da Bola de Neve, em uma cadeia de informantes-chave e participantes da pesquisa, e buscas em materiais e documentos institucionais relativos aos indígenas estudantes de Medicina nas universidades federais. Resultados: Foram identificados 80 cursos de graduação em Medicina nas 69 universidades federais do país. Desses, somente 43 possuíam indígenas estudantes no curso, ou seja 53,75%. Por meio desse mapeamento foi observado que a entrada desses estudantes não se dava pela ampla concorrência, mas por meio de reserva de vagas ou pela lei de cotas. Estas universidades estão localizadas nas 5 regiões geográficas brasileiras, com destaque para os estados do Rio Grande do Sul e Pará, que possuíam o maior número de estudantes. Amazonas, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro não tinham indígenas em seus cursos, consequência da ausência de PAA com vagas específicas para indígenas nas respectivas universidades. Dos 43 cursos com presença de indígenas, 36 (83,7%) possuíam PAA para ingresso de indígenas por reserva de vagas. Quanto ao perfil dos estudantes, eles somaram 192, sendo oriundos de diversos povos e regiões brasileiras, com destaque para indígenas de origem dos estados do Rio Grande do Sul e Pernambuco. Quanto ao perfil dos estudantes foi possível observar que havia uma ligeira predominância do gênero masculino (53,6%), sendo a faixa etária de maior frequência entre 20 a 25 anos (46,35%), que somava quase a metade dos estudantes. Conclusões: A principal forma de ingresso dos indígenas nos cursos de Medicina foi por meio de PAA. Alguns ingressaram por meio da lei de cotas, porém tem havido pouca aprovação frente aos demais grupos PPI concorrentes. Além disso, evidencia-se que em 2019 existiam estados federativos com grandes populações indígenas em que os cursos de Medicina de suas respectivas universidades não possuíam pessoas desses grupos, resultado principalmente da falta de PAA. Portanto, não havia uma correspondência entre a distribuição da população indígena pelo território nacional e as iniciativas de PAA para acesso no ensino superior, sendo necessários avanços em muitas universidades e estados para que seja garantido o direito de acesso dos indígenas aos cursos de Medicina.

Apresentação

SIGNIFICAÇÕES DADAS POR TORCEDORES ÀS SUAS HISTÓRIAS DE IDENTIFICAÇÃO COM UM TIME ESPORTIVO E A SEUS COMPORTAMENTOS ENQUANTO TORCEM – QUESTÕES RELEVANTES PARA A ÁREA DA SAÚDE. SUBPROJETO: TORCEDORAS DO SEXO FEMININO E O CONSUMO DE ÁLCOOL E/OU OUTRAS..

Autores: Bruno José Barcellos Fontanella, Vinicius Miranda Pereira

ID: 9531

Resumo

INTRODUÇÃO: O uso do álcool e de outras substâncias psicoativas por torcedores de times esportivos é tema relativamente pouco investigado no Brasil e internacionalmente1,2,3,4,5. A questão de pesquisa explorada a priori neste subprojeto, contida no conjunto de questões formuladas no projeto de pesquisa original, foi a seguinte: como torcedoras usuárias de álcool e outras substâncias, do sexo feminino (autodeclarado), interpretam seus próprios consumos, enquanto assistem aos jogos? OBJETIVO: O objetivo específico (para o presente subprojeto) foi, a priori, analisar, compreender, e fazer inferências teoricamente fundamentadas sobre a perspectiva de torcedoras do sexo autodeclarado feminino, porém, tendo em vista a impossibilidade prática, que se constatou, de entrevistar participantes do sexo feminino autodeclarado até o momento, optou-se pela análise de torcedores do sexo autodeclarado masculino sobre: a) a relação que percebiam entre o consumo de álcool e o torcer durante jogos assistidos; b) as práticas individuais e grupais de consumo de álcool e c) os fatores que consideraram influenciar esses comportamentos. METODOLOGIA: Foi utilizado um método qualitativo de pesquisa considerado adequado a problemas de pesquisa relacionados à área clínica e de cuidado à saúde: amostragem intencional (procurando interrompê-la pela técnica de saturação teórica), entrevistas individuais semiestruturadas6,7,8, análises de conteúdo, nas modalidades temática e de enunciados9. As entrevistas foram analisadas independentemente por três pesquisadores, tendo sido elaborada progressivamente uma categorização dos temas e enunciados identificados. RESULTADOS: Ao todo, 16 entrevistas estiveram disponíveis para análise. Foram identificados 60 temas e tipos de enunciados. A partir deles, foram formuladas quatro categorias de resultados: (1) Torcer e consumir álcool em grupo; (2) Torcer e consumir álcool: questões individuais; (3) Moduladores do consumo de álcool relacionados ao torcer; (4) Etnografia espontânea quanto ao torcer e beber. Nesse subprojeto, em relação a categoria (1), foram abordados os seguintes temas: Interação social (grupal) e torcer; Brincar de brigar ou brigar efetivamente; Antes, durante e após o jogo, Torcer e beber e os jogos especiais, Torcer e beber em bares (com 5 subtemas), Torcer e beber quando assiste em estádios (com 2 subtemas); Na categoria (2): Cerveja como bebida preferencial, Marcas específicas, Aumenta consumo de alimentos, Consumo motivado pelos lances, Associações 'flou' que se relacionam com o consumo, Torcer é o que motiva consumo, Não percebe efeito do álcool sobre o torcer, Torcer = redutor de danos em relação ao álcool, Equilíbrio procurado entre o efeito do álcool e o torcer, Atenção (com 4 subtemas), Psicomotricidade. Na categoria (3): Contexto, circunstâncias, Beber assistindo X beber em festas; Por último, na categoria (4): Tipologia de outros torcedores quanto a beber e torcer, Consomem sem interrupção, Mais abalados. CONCLUSÕES: Análises adicionais serão feitas sobre as entrevistas já realizadas e sobre o material que ainda será coletado, até se constatar a chamada saturação teórica. Os resultados parciais indicam uma complexa interação entre torcer e beber. A hipótese, neste momento, é que os vários fatores biopsicossociais e culturais levantados colocam alguns torcedores, pelo menos em alguns momentos de suas vidas, enquanto torcem, sob um forte risco de um consumo de álcool nocivo à saúde.

Apresentação

SIGNIFICAÇÕES DADAS POR TORCEDORES ÀS SUAS HISTÓRIAS DE IDENTIFICAÇÃO COM UM TIME ESPORTIVO E A SEUS COMPORTAMENTOS ENQUANTO TORCEM – QUESTÕES RELEVANTES PARA A ÁREA DA SAÚDE. SUBPROJETO: TORCEDORES DO SEXO MASCULINO E O CONSUMO DE ÁLCOOL E/OU OUTRAS..

Autores: Bruno José Barcellos Fontanella, Maria Paz Lozano Chiquillo

ID: 9530

Resumo

INTRODUÇÃO: O uso do álcool e de outras substâncias psicoativas por torcedores de times esportivos é tema relativamente pouco investigado no Brasil e internacionalmente (1), (2), (3), (4), (5). A questão de pesquisa explorada neste subprojeto, foi a seguinte: como torcedores usuários de álcool e outras substâncias, do sexo masculino (autodeclarado), interpretam seus próprios consumos, enquanto assistem aos jogos? OBJETIVO: O objetivo específico foi estudar a perspectiva de torcedores do sexo masculino sobre: a) a relação que percebiam entre o consumo de álcool e o torcer durante jogos assistidos; b) as práticas individuais e grupais de consumo de álcool e c) os fatores que consideraram influenciar esses comportamentos. METODOLOGIA: Foi utilizado um método qualitativo de pesquisa considerado adequado a problemas de pesquisa relacionados à área clínica e de cuidado à saúde: amostragem intencional (procurando interrompê-la pela técnica de saturação teórica), entrevistas individuais semiestruturadas  e análises de conteúdo, nas modalidades temática e de enunciados) (6), (7), (8) (9) . As entrevistas foram analisadas independentemente por três pesquisadores, tendo sido elaborada progressivamente uma categorização dos temas e enunciados identificados. RESULTADOS: Ao todo, 16 entrevistas estiveram disponíveis para análise.  Foram identificados 60 temas e tipos de enunciados dos quais, 29 foram analisados pela estudante. A partir deles, foram formuladas quatro categorias de resultados: 1) torcer e consumir álcool em grupo; 2) torcer e consumir álcool: questões individuais; 3). Moduladores do consumo de álcool relacionado ao torcer e 4) etnografia espontânea quanto ao torcer e beber.De um modo geral, os entrevistados interpretaram seus próprios consumos de álcool enquanto torcem como inócuos para suas saúdes. Foi recorrentemente feita uma valoração positiva do consumir bebidas alcoólicas nos momentos de torcer: favoreceria interações sociais, colaboraria para a cultura do torcer, teria propriedades farmacológicas euforizantes e de desinibição, o que potencializaria – em suas visões – suas experiências cognitivas e emocionais relacionadas à prática de torcer.Relataram possíveis fatores que influenciariam a quantidade ingerida de álcool durante o torcer: estar ou não em grupo; estar ou não em ambientes mais íntimos (suas casas) ou públicos (arredores dos estádios ou em bares).Perceberam alterações de consumo de acordo com o envolvimento com um jogo específico. Ocorreu frequentemente a tentativa de modular o consumo, procurando chegar a um “ótimo” que não comprometesse as habilidades cognitivas de julgamento técnico e, ao mesmo tempo, sem renúncia aos efeitos sobre a afetividade tidos como positivos.Relataram mudanças no consumo de acordo também com a expectativa de resultado e mudanças ainda mais significativas com o resultado da partida: a vitória como um incentivo positivo para comemoração e maior consumo, por exemplo. CONCLUSÕES: Análises adicionais serão feitas sobre as entrevistas já realizadas e sobre o material que ainda será coletado, até se constatar a chamada saturação teórica. Os resultados parciais indicam uma complexa interação entre torcer e beber. A hipótese, neste momento, é que os vários fatores biopsicossociais e culturais levantados colocam alguns torcedores, pelo menos em alguns momentos de suas vidas, enquanto torcem, sob um forte risco de um consumo de álcool nocivo à saúde.

Apresentação